Tomei conhecimento pela primeira vez sobre a ilha de Marthas Vineyard quando li o livro "Vendo Vozes" de Oliver Sacks. O autor conta que
foi até a ilha e ficou observando os moradores da ilha, e percebeu as marcas da forte comunidade surda que havia no local. Os nativos ouvintes mais velhos
ainda sinalizam, quando querem contar algum segredo ou alguma piada só entre eles.
A partir de então fiquei muito curiosa sobre a ilha, mas há pouca coisa em português sobre ela. Encontrei então um artigo em espanhol,
traduzido de um artigo em inglês e me aventurei a passá-lo para o português.
Hoje, a ilha é conhecida por sua beleza e muito visitada por turistas.
(no mapa, a ilha de Martha está na cor lilás)
Foto da ilha:
A Ilha Martha Vineyard (ou A Ilha dos vinhedos de Marta)
Texto traduzido do espanhol para português por Vanessa Dagostim.
Texto Traduzido ao espanhol da fonte: http://deafness.about.com/cs/featurearticles/a/marthasvineyard.htmArtigo com direitos reservados , solicitamos contatar Jamie Berke para seu uso.
Onde a utopia surda existiu
A ilha de Martha Vineyard se encontra diante a costa de Massachusetts.Os primeiros colonizadores desta ilha levaram consigo o gene da surdez para lá (o primeiro surdo da ilha foi Jonatán Lambert, 1694). Resultados dos casamentos entre os colonizadores e ilheiros, começaram a nascer gerações e gerações de pessoas com surdez. Isto chegou a tal ponto, que a cada quatro crianças nascidas, uma era surda! Foi assim que havia tantas pessoas surdas no povoado de Martha Vineyard, mas a maioria vivia no povoado de Chilmark; os moradores deste lugar desenvolveram a língua de sinais MVSL, a língua de sinais de Martha Vineyard. Assim foi como a MVSL passou a formar, enriquecer e misturar-se com a língua de sinais americana - ASL.
Um lugar onde existiu a maior população surda
Os censos realizados durante o século 19 mostraram o grau de surdez existente na ilha. Por exemplo, em 1817, duas famílias tinham membros surdos, com um total de 7 surdos. Alguns anos depois, antes de 1827, já havia 11 surdos na mesma família. O censo de 1850 de Chilmark identificou 17 surdos entre 141 casas entrevistadas, nos povoados de Hammett, de Lambert, de Luce, de Mayhew, de Tilton, e as famílias do oeste. Em 1855, eram 21 com o povoado de Tisbury, próximo à ilha. O censo de 1880 de Chilmark apontava 19 surdos em 159 casas. As novas famílias surdas no censo de 1880 incluíram os nobres da ilha e o povoado de Smiths. Para pôr estes dados na perspectiva, comparada com o continente (ESTADOS UNIDOS) onde existia uma proporção de 1 pessoa surda para cada 6000 casas, no povoado de Martha Vineyard era muito alta a proporção, com uma média de uma pessoa surda para casa 155 casas (1 em 25 em Chilmark, e 1 em 4 na cidade de Chilmark de Squibnocket).
Alta aceitação da língua de sinais
A língua de sinais era tão aceita na ilha de Martha Vineyard, que um jornal se espantou em 1895 da forma em que o idioma era falado e sinalizado ao mesmo tempo e foi tão espontâneo, livremente usado e facilmente aceito pelos moradores surdos e ouvintes. As pessoas que se mudavam para Chilmark tinham que aprender língua de sinais para viver na comunidade. A surdez era tão comum que alguns moradores ouvintes pensavam realmente que era uma doença contagiosa. Porém, a surdez nunca foi considerada uma desvantagem dentro dessa comunidade.
Declinação gradual da população surda
Os casamentos na ilha continuaram e a população surda de Chilmark e do resto da ilha continuou crescendo. Isto se interrompeu quando as crianças surdas cresceram e começaram a receber educação no continente. E foi assim como aos poucos as crianças começaram a freqüentar escolas fora da ilha, e começou a decrescer a população surda, já que voltavam à ilha com seus novos companheiros que haviam conhecido no continente, e outra parte da população surda da ilha ficava no continente. Assim foi como nos anos 1950 faleceram as ultimas pessoas surdas da ilha.
Livros e outros recursos sobre a Ilha
A história da sociedade surda na ilha de Martha Vineyard fascinou a eruditos e deu lugar à publicação do livro: “Onde todos falavam língua de sinais: Surdez hereditária em Martha Vineyard”. Este livro remonta a origem da surdez na ilha a uma área do condado de Kent de Gran Bretanha chamado o Weald. Além disso, outros artigos estão disponíveis (em inglês). Apareceu na metade dos anos 90 um documento de pesquisa sem data de 15 páginas de Roberto Mather e Linda McIntosh na Universidad de Tufts, "Os Surdos de Martha Vineyard." A bibliografía cita dois artigos de 1981 do Duke's County Intoligencer, respectivamente intitulado "A surdez hereditária das ilhas: uma lição para a compreensão humana ", e "Crianças surdas: cidadãos valiosos." Também foi incluída na bibliografia um artigo de Boston de 1895, publicado num Domingo: "A trilha dos meninos surdos e mudos da aldeia de Squibnocket." Um artigo da Primavera de 2001 de seis páginas, "Uma cultura silenciosa com uma voz forte," na revista Bostonia, dos alunos da universidade de Boston. O artigo menciona brevemente os esforços de um aluno (Joan Poole Nash, agora professor de educação para surdos) para registrar em uma fita de vídeo o uso da MVSL (Língua de sinais de Marta Vineyard) por seus tataravôs. Em Março de 1999, a revista Yankee publicou o artigo, "A Ilha que falava com as mãos".
© Direitos reservados de tradução Espanhol – Português – Vanessa de Oliveira Dagostim – Janeiro de 2008.
© Direitos reservados de tradução Espanhol Blanca Camucet Ortiz 2000-2007.© Direitos reservados de artigo original em inglês 1997-2007 Autor Jamie Berke.
Em inglês (original) : http://deafness.about.com/cs/featurearticles/a/marthasvineyard.htm
Em espanhol: http://www.camucet.cl/DOCS/ARTICULOS/utopiasorda.html
Em português: http://blogvendovozes.blogspot.com
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