Como professora de língua portuguesa e literatura com alunos com deficiência intelectual no ensino médio e profissional, um dos grandes desafios, em minha prática docente, é encontrar textos que sejam acessíveis a estes alunos. Durante muito tempo, eu acabava oferecendo livros infantis ou infanto-juvenis nos momentos de leitura extensiva, por exemplo, e, apesar de haver ótimos livros deste tipo, eu sabia que não era o ideal pra eles. Primeiramente, porque entendo que, na educação inclusiva, todos devem participar dos temas, conteúdos, aulas. Mesmo com adaptações, mas, como uma turma inteira pode estar discutindo a leitura de uma obra inacessível para estes alunos? Eu também sabia que não era adequado porque essas obras não refletiam a vida e experiência dessas pessoas, enquanto jovens e adultas.
Atualmente, contamos com várias tecnologias e serviços para tornar textos e materiais acessíveis para pessoas com outras deficiências, como interpretação em língua de sinais, legenda, braile, leitor de tela, audiodescrição, mas como tornar um texto acessível àqueles que possuem dificuldade de compreensão leitora?
No final de 2018, eu e a estagiária Jéssica, estudante de Educação Especial e estagiária na Sala de Recursos Multifuncionais do campus onde atuo, resolvemos adaptar alguns capítulos do livro "O continente I" para fins pedagógicos, para a utilização nas aulas e atendimentos de alunos com deficiência intelectual estudantes do segundo semestre do curso Técnico em Administração (PROEJA). Na época, não encontramos nenhuma bibliografia no Brasil sobre metodologias ou técnicas próprias para este fim, então decidimos adaptar conforme nosso conhecimento empírico da deficiência intelectual e de nossas experiências com alunos com dificuldade de aprendizagem e compreensão de leitura.
A experiência com esta adaptação está registrada no artigo "ADAPTAÇÃO DE TEXTOS LITERÁRIOS PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL", de minha autoria junto com a Jéssica Cardozo, e publicado nos Anais do INOVTEC 2019 (acesso aqui).Abraço,