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11 de mar. de 2013

Conhecendo o curso Pro-LGP

Olá queridos, como estão?

Não estou tendo muito tempo para fazer postagens mais completas aqui no blog, mas procuro atualizar sempre que possível a página do facebook, com links, eventos, e algumas sugestões mais rápidas, por isso convido vocês a conhecerem, em https://www.facebook.com/vendovozes.

Hoje quero aproveitar para falar um pouco sobre o curso, aqui de Portugal, onde vim pesquisar, o Pro-LGP, da Universidade Católica PortuguesaO curso é uma licenciatura em Língua Gestual Portuguesa (LGP), semipresencial, ou seja, funciona através de educação a distância e encontros presenciais, cujo objetivo é formar profissionais no ensino de LGP e, por isso, é voltado para surdos que se comunicam através desta língua. As unidades curriculares são apresentadas nos encontros presenciais, pelo professor responsável, com o suporte de intérpretes de LGP, que também são tutores. Durante a semana, os alunos aprofundam seus conhecimentos através de estudos e atividades que constam nos materiais (livros da disciplina e plataforma virtual), discutem e tiram as dúvidas com os tutores através desta plataforma, com uma carga horária de atividades de aproximadamente 20 horas por semana.

Prédio do campus da Universidade Católica Portuguesa em Lisboa

A princípio, o curso me parecia ser muito parecido com o Letras-Libras, que temos no Brasil, mas são cursos bem diferentes. O Pro-LGP tem somente alunos surdos, o que cria uma atmosfera diferente, já que os conteúdos são ensinados totalmente em língua de sinais. Além disso, ele forma apenas para ensinar, proporcionando uma carga horária maior de disciplinas que estudam aquisição de linguagem, ensino de línguas e didática.

Layout do site do curso Pro-LGP, disponível em http://www.pro-lgp.com/home/home.html

O curso Pro-LGP é organizado através de três grandes áreas de estudos, em um total de 27 disciplinas, chamadas de “planos de estudos”, enumeradas abaixo. As áreas são Ciências da linguagem (de 1 a 12), Neurociências (13 a 19) e Ciências da educação (20 a 27), que procuram formar um profissional com conhecimento linguístico não apenas cultural, mas também biológico e capacitado para o ensino da língua de sinais.

  1. Português como L2 I, II e III
  2. Literatura das Línguas Gestuais
  3. Introdução aos Estudos Linguísticos
  4. Linguística I (Fonética e Fonologia)
  5. Linguística II (Morfologia)
  6. Linguística III (Sintaxe)
  7. Linguística IV (Semântica)
  8. Linguística V (Sociolinguística e Pragmática)
  9. Investigação em Linguística das Línguas Gestuais
  10. Lexicologia e Lexicografia nas Línguas Gestuais
  11. Escrita das Línguas Gestuais I
  12. Escrita das Línguas Gestuais II.
  1. Introdução à Surdez
  2. Introdução às Neurociências
  3. Bases Biológicas da Linguagem e Aquisição da Linguagem
  4. Neurociências e CogniçãoIntrodução à Surdez
  5. Introdução às Neurociências
  6. Bases Biológicas da Linguagem e Aquisição da Linguagem
  7. Neurociências e Cognição
  1. História da Educação de Surdos I
  2. História da Educação de Surdos II
  3. Estudos Surdos I
  4. Estudos Surdos II
  5. Ensino a Distância para Surdos
  6. Introdução às Ciências da Educação
  7. Métodos de Ensino e de Aprendizagem
  8. Ensino e Aprendizagem da LGP como L2

Os planos de estudos listados acima são ministrados através dos encontros presenciais, do ambiente virtual e das publicações impressas do curso. Cada publicação, em língua portuguesa, acompanha um DVD com o mesmo conteúdo traduzido para a LGP. São, no total, 22 volumes, com os seguintes títulos:
  1. Ensino a Distância em e-Learning: conceitos e práticas
  2. História da Educação de Surdos I
  3. Introdução aos Estudos Linguísticos
  4. Introdução à Fonética e Fonologia na LGP e na Língua Portuguesa
  5. Introdução à Neurociências
  6. Português como Língua Segunda para Surdos I
  7. Introdução à Surdez
  8. Bases biológicas e Aquisição de Linguagem
  9. Introdução às Ciências da Educação – Temas e problemas da educação inclusiva
  10. História da Educação de Surdos II
  11. Literatura das Línguas Gestuais
  12. Estudos Surdos I – Obras de referência
  13. Português como Língua Segunda para Surdos II
  14. Escrita das Línguas Gestuais
  15. Um olhar sobre a morfologia dos Gestos
  16. Questões sobre Ensino e Aprendizagem
  17. Sintaxe das Línguas Gestuais
  18. Introdução à Semântica Cognitiva
  19. Pragmática e Sociolinguística
  20. Neurociências e cognição
  21. Os Dicionários e os Avatares Gestuais
  22. Estudos Surdos II
Outra coisa legal é que os livros produzidos pelo curso são vendidos comercialmente, ou seja, qualquer pessoa pode adquiri-los nas livrarias de Portugal, o que amplia e muito a possibilidade de outros grupos se qualificarem e produzirem discussões e pesquisas nestas áreas. É possível encontrar a coleção completa, com os respectivos autores, índices e maiores informações no site da editora da universidade, aqui, que comercializa a coleção (os preços estão em euros). Algumas pesquisadoras brasileiras contribuem com as obras, como Ronice Müller de Quadros, Sandra Patrícia de Faria do Nascimento e Marianne Stumpf.

Exemplos de alguns livros da coleção Pro-LGP.

Devido a demanda de um vocabulário em Língua Gestual Portuguesa para os termos referentes às ciências da linguagem, o curso conta com um projeto para a criação, sistematização de divulgação desses sinais. É possível consultar um dicionário terminológico no próprio site do curso, no link http://pro-lgp.com/dicionario/index.html.
Para saber mais, visite o site do curso AQUI.

Pelo pouco que pude acompanhar, o curso me parece muito interessante, com uma equipe bastante empenhada e produzindo pesquisas inéditas e relevantes. Aproveito para agradecer o apoio e a gentileza com que a equipe formadora e os alunos têm me recebido. Obrigada!


23 de set. de 2008

As dificuldades da Inclusão de surdos no Ensino Superior

Repassando notícia...
Fonte: http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=774236&tit=Alunos-surdos-sofrem-em-sala

Alunos surdos sofrem em sala
Mesmo sendo obrigatório, instituições de ensino superior ainda desrespeitam a lei que obriga a manter intérprete de sinais durante as aulas
Publicado em 09/06/2008 Pollianna Milan - Colaborou Mariana Scoz

O estudante do terceiro ano de Engenharia de Produção Civil, Caio Lúcio Ferreira Cascaes, 27 anos, usa a Língua Brasileira de Sinais (Libras) para se comunicar porque é surdo. Passou no vestibular da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) em 2006 e, desde então, tem encontrado muitas dificuldades para conseguir compreender o que é ensinado em sala de aula. Graças aos livros comprados pelo pai, João Carlos Cascaes, ele estudou o conteúdo das disciplinas e foi aprovado em parte das matérias. A habilidade na leitura de lábios, que adquiriu em um curso de oralidade, também garantiu a permanência dele no curso. Mas, para seguir adiante, depois de inúmeros pedidos não atendidos, ele teve de recorrer à Justiça. Isso porque Caio foi privado de um direito que é de todos, o de acesso à informação e à educação: ele precisa de um tradutor e intérprete de sinais durante as aulas, o que até agora não lhe foi concedido.A dificuldade de Caio é a mesma de outros 4 mil surdos paranaenses escolarizados. Muitos entendem o que é dito por meio da oralidade, porém deixam de se comunicar quando os professores se viram para o quadro-negro. É a dura realidade da educação no Brasil: grande parte dos professores não está preparada para atender esse público, e as instituições de ensino nem sempre dão suporte aos alunos surdos, contratando intérpretes de sinais, o que é previsto em lei.
Curso de graduação em Libras é a esperança para aumentar oferta de tradutores
Desde a aprovação do Decreto nº 5626, em 2005, os cursos de formação de professores para o exercício do magistério deverão ter, obrigatoriamente, a disciplina curricular de Língua Brasileira de Sinais (Libras), a segunda língua oficial do Brasil, depois do português.
No caso de Caio, a Universidade Tecnológica vai cumprir a legislação. No próximo semestre, um tradutor e intérprete de Libras vai começar a acompanhar o graduando durante as disciplinas. Um direito que poderia ter sido garantido desde sua matrícula, em 2006. A demora, segundo o gerente de ensino e pesquisa do campus Curitiba da UTFPR, Marcos Flávio de Oliveira Shiefler, é porque a instituição pública tem dificuldade legal de contratação. “Temos que cumprir as regras das universidades federais. Só poderíamos contratar após o Ministério da Educação (MEC) liberar vagas para novos professores definitivos e, assim, fazermos o concurso público. Não poderíamos contratar pela fundação, porque caracterizaria vínculo empregatício, o que não é legal. Chegamos a ter, pela fundação, um intérprete temporário durante alguns eventos somente para atender o aluno Caio”, explica. Como o MEC liberou, neste ano, 13 vagas para a UTFPR fazer novo concurso para professores, uma delas será para a contratação de um intérprete de sinais. Shiefler lembra ainda que a Pró-Reitoria solicitou ao MEC, desde a efetivação da matrícula do aluno, a abertura de vaga de um intérprete, mas, por causa da burocracia, acabou demorando. O graduando é um exemplo de que a legislação brasileira nem sempre funciona. Desde a aprovação do decreto-lei, em 2005, e a sua regulamentação, em 2006, já se passaram quase três anos: faz um ano e meio que a lei está em vigor. Durante essa época de transição, em que as universidades deveriam se adequar, Caio ficou sem tradutor de sinais. O Decreto nº 5626 de 2005, que regulamenta a Lei Federal nº 10.436 de 2002, diz que a Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores (veja matéria no alto) e que todas as instituições de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdas o acesso (leia-se intérprete) a todas as modalidades de educação, desde o ensino infantil até o superior. “Infelizmente, até 2005, a profissão de tradutor de sinais não era regulamentada e não tinha uma categoria de classe”, enfatiza a tradutora e intérprete de sinais e mestre em educação, Marta Proença Siliepaz.O MEC confirma que ainda há amarras sobre a contratação de tradutores de libras, principalmente nas instituições públicas. “Ainda não existe, na carreira das universidades federais, por exemplo, o cargo tradutor e intérprete de libras, o que dificulta a contratação deste profissional”, explica a assessora técnica da Secretaria de Educação Especial do MEC, Marlene Gotti. O próprio MEC já solicitou ao Ministério do Planejamento para que sejam feitas retificações na legislação existente para, assim, o cargo passar a fazer parte do plano de carreiras das universidades. “Por enquanto sugerimos a contratação temporária, o que nem sempre é fácil de fazer. As instituições de ensino público devem prever, com um ano de antecedência, o planejamento orçamentário. E nem sempre sabem se vão ter um aluno surdo naquele próximo ano”, afirma Marlene. Em seis instituições privadas consultadas pela reportagem, a presença dos surdos é bem maior do que nas instituições públicas. Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), por exemplo, ainda não há alunos surdos, e a contratação de um tradutor de sinais aconteceu apenas no início deste ano. Na Universidade Tuiuti do Paraná são 18 surdos e 15 intérpretes. Na Pontifícia Universidade Católica (PUCPR) existem seis deficientes auditivos e dois intérpretes, porque a surdez dos graduandos varia de parcial a total, por isso muitos alunos não precisam do profissional. Houve uma instituição privada de ensino, que oferta o curso pré-vestibular, que afirmou não ter alunos surdos e que nunca contrataria um intérprete porque o valor da mensalidade paga pelo aluno não arcaria com os custos do profissional. O MEC afirma que, se o aluno for prejudicado e não conseguir o intérprete após o pedido formal, ele deve procurar o Ministério Público e o próprio MEC. “As universidades não podem pensar desta maneira. O valor do profissional se dilui com as outras mensalidades. Além disso, um aluno surdo aceito atrai outros estudantes, aí o tradutor terá custo quase zero”, diz Marlene, do MEC. Outra medida que deve mudar essa realidade são os 5% das vagas das universidades públicas, que deverão ser destinadas aos deficientes físicos.

Marcelo Elias

13 de dez. de 2007

Ensino Superior para Surdos

Conforme solicitação, publico aqui um artigo de Adriana Thoma (Doutora e Mestre em Educação pela UFRGS. Especialista e Graduada em Educação Especial –Habilitação Audiocomunicação pela UFSM) sobre a inclusão de alunos surdos no Ensino Superior.

Leia um trecho do artigo:

"Esse trabalho, assim, apresenta uma pesquisa sobre a inclusão de alunos com
distintas demandas (necessidades especiais) de acessibilidade no ensino superior,
realizada em 2004 e 2005 nas universidades do COMUNG (Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas): UNISC, UCS, URI, UPF, UNIJUI, UCPel, URCAMP, FEEVALLE, UNIVATES, UNICRUZ.
O objetivo de tal pesquisa foi mapear os acadêmicos em situação de inclusão,
bem como analisar e problematizar as representações e discursos sobre os sujeitos
incluídos, seus direitos, suas demandas e sua presença nessas instituições. Trata-se,
portanto, de um estudo qualitativo, mas que também faz uso de estratégias quantitativas,
a fim de oferecer um panorama da situação dessas IESs quanto ao número de
acadêmicos com necessidades especiais ingressantes, as estratégias utilizadas para
garantir sua efetiva participação e acesso ao ensino superior – do processo seletivo à
permanência e conclusão acadêmica.
A perspectiva de análise do estudo se encontra nos Estudos Culturais e em
Michel Foucault. Dos Estudos Culturais tomo emprestados os entendimentos de cultura
e representação e do pensamento de Michel Foucault as noções de discurso, poder e
resistência. Com isso, as análises foram feitas operando nos materiais com o
entendimento de que os sujeitos são produzidos pelo discurso e tomando a cultura como
central à constituição de nossas representações sobre os outros e sobre nós mesmos."
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Abraço!