25 de jan. de 2008

Entrevista exclusiva: Shirley Vilhalva


É com grande prazer que publico uma entrevista excluiva do Blog Vendo Vozes à Shirley Vilhalva. Ela é surda, formada em Pedagogia, com Pós graduação em Metodologia de Ensino e cursa Mestrado em Lingüística na UFSC onde tem o projeto Índio Surdo. Foi diretora de Escola Estadual de Surdos - CEADA, segunda vice presidente da FENEIS e Conselheira do CONADE. Atualmente, atua como Professora Tutora do Pólo UFSC.

Pergunta: Onde você nasceu e como foi sua infância?

Shirley: Eu nasci em Campo Grande – Mato Grosso do Sul, no meu olhar hoje, digo que, minha infância foi cheia de descobertas e desafios cotidianos, mais uma aventura lingüística do que social. Como criança convivendo com três línguas em casa sem saber quais línguas era me fez apenas ver a diferença através da articulação de quem falava. Posso dizer que tive uma infância disciplinada e com muita dedicação familiar para que pudesse atravessar a trajetória da vida com mais motivação ao encontro com os outros num mundo desconhecido.

Pergunta: O que motivou a sua surdez?

Shirley: Minha surdez é hereditária. Em grau de surdez poderia dizer que minha surdez é neurossensorial, bilateral, severa e profunda. Tenho nove familiares surdos entre primos.

Pergunta: Como foi sua educação? Em que tipo de escola estudou?

Shirley: Minha educação iniciou com professor particular e seguiu por muito tempo numa sistemática de aprendizagem da língua escrita, a minha professora deu ênfase mais na escrita sem cobrança da fala, alguns relatos comentei em meu livro que demorava entender o conceito das coisas. Estudei em escola regular e sempre tive apoio de minha irmã Ângela (hoje ela é mãe de surdo) na sala de aula como se fosse minha intérprete, só que era em leitura de palavras faladas, a conhecida leitura labial. Ela me colocava a par de tudo que estava acontecendo na sala. Hoje comparo com o trabalho do intérprete da Libras.
Relato que mesmo estudando em escola regular, meu sonho sempre foi estudar em escola de surdo, onde eu não seria surda porque estaria com meus pares, os surdos iguais a mim.
Só consegui ir para uma escola de surdo quando fui aceita como estagiária do magistério. Foi uma realização, nasci neste momento e comecei nova vida.

Pergunta: Como foi sua descoberta sobre a surdez e o primeiro contato com a Língua de Sinais?

Shirley: A suspeita de minha surdez foi indicada pela minha tia Carmem que é professora e hoje tem um neto surdo. A descoberta não posso te falar muito, pois estava no “chiqueirinho” e não recordo da situação de como foi o impacto. A busca eterna da cura posso dizer que é desgastante, pois a família sofre em buscando nas igrejas, nas curandeiras, nas benzedeiras, nas promessas, nos médicos, nas vizinhanças e ainda por cima uma choradeira que não acaba mais, quando chegava visita e tinha que explicar que eu não falava e nem ouvia...um tal de coitadinha daqui e dali, coisas que hoje vejo que continuam ainda em outros lares.

Pergunta: Como surgiu a idéia de publicar o livro “Despertar do Silêncio”, e como foi a criação dele?

Shirley: A idéia de publicar o livro foi realmente deixar registrado uma fase de minha vida que estava encerrando. Busquei em meu diário o que gostaria que as pessoas soubessem e mostrei também que já tinha novas metas para seguir. Escrevi o livro quando deixei a direção da escola de surdos em Campo Grande e fui trabalhar como Técnica Pedagógica na Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul. Terminando uma trajetória como diretora de escola de surdos e segui para o Projeto índio Surdo o qual estou buscando contato desde 1991 visitando aldeias indígenas como você conferiu na página 44 do livro no site da editora Arara Azul (http://www.editora-arara-azul.com.br/pdf/livro1.pdf)

Pergunta: Como decidiu se tornar professora?

Shirley: Vem de longa data, pois sempre tive um sonho de ser professora de surdos, sempre quis ser palestrante e também almejava que um dia pudesse ser escritora e pesquisadora, sucessivamente. Digo aos meus alunos e alunas que sou A PROFESSORA, com muito orgulho, pois acredito que o professor e professora são considerado(a)s como um nobre guerreiro que tem mais influência que um político na vida das pessoas que passam pelo menos 200 dias letivos em contato direto. Eu tive excelentes professores que hoje são meus colegas de trabalho e tenho honra de dizer o que cada um me motivou, sim tem as dificuldades, mas são menores quando temos um nobre professor ou professora fazendo o alicerce em nossa vida.

Pergunta: Como foi o ingresso na Universidade? Quais as principais dificuldades que encontrou nesse período?

Shirley: Fiz vários vestibulares, pois não tinha intérpretes na época e nem Letras Libras como temos hoje. Dei muito trabalho para os professores e tivemos que negociar com o grupo de colegas que não era possível muita troca porque dificultava a minha compreensão, tive um único grupo e por incrível que pareça éramos apoio um para o outro. Eu sempre fui copista e na faculdade era assim também, pois não dava tempo de ler a boca do professor e escrever o que ele ditava. Então enquanto a colega ouvia e escrevia eu copiava simultaneamente e somente depois procurava ler para entender o que se referia o assunto em parte. Foi nesta época que iniciei os Cursos de Libras dentro da Faculdade que hoje é a UCBD.

Pergunta: Em sua opinião como professora, qual a importância dos professores surdos nas escolas especiais para surdos?

Shirley: É muito importante, como eu não tinha professor surdo e era a professora dos alunos surdos sentia muita falta, adquiri isso quando fui participar na CBDS e na FENEIS encontrei apoio e incentivo de surdos líderes como Antonio Campos, como falo a língua portuguesa isso às vezes era um entrave na comunicação e aceitação em 1986. Hoje os surdos mais politizados têm aceitado melhor os surdos falantes da língua portuguesa oral.

Pergunta: Sendo do MS, como você decidiu ir para a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina)?

Shirley: Eu tentei mestrado na UFMS e não fui aprovada, escrevi ao MEC quais eram meus direitos por ser a única pessoa surda da seleção e recorrer, o MEC respondeu não tem amparo legal, faça as provas na UFSC que está mais habilitada em atender os mestrando e doutorandos surdos neste momento. Dando esperança que outras universidades abrissem as portas também, como aconteceu na UFBA. Não somente essas universidades abriram as portas, mas estou referindo de minha trajetória.

Pergunta: Como é seu projeto de mestrado em Lingüística Aplicada na UFSC, já existem alguns resultados de sua pesquisa que possam ser compartilhados conosco?

Shirley: Estou trabalhando com direcionamento para o mapeamento das línguas de sinais emergentes das comunidades/reservas indígenas do Mato Grosso do Sul, não é um assunto muito fácil, pois estou conquistando espaço e lideranças para poder ter mais acesso nas escolas indígenas e nas comunidades. O que posso dizer que inicialmente eu tinha uma idéia que você poderá acompanhar através do anexo da revista RVCSD (http://www.editora-arara-azul.com.br/revista/01/compar5.php). Ainda não tenho resultado como gostaria. Tenho vários caminhos a percorrer.

Pergunta: Como surgiu seu interesse pelos surdos indígenas (ou indígenas surdos)?

Shirley: Posso dizer que em 1987 via o Antonio Campos hoje Professor formado em História fazer palestra em Libras e aparecia nas transparências: Onde estão os Índios Surdos?
Nessa época eu não levava a sério, em 1991 veio a oportunidade de conhecer os Xavantes em Mato Grosso junto com outra militante surda e escritora, a Ronise Conceição de Oliveira e em 2002 em uma reunião da Feneis em Belo Horizonte que estávamos tratando sobre implantação o CAS, Antonio Campos apontou e disse: Chegou a sua hora, você está na Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul coloque em prática o Projeto Índio Surdos sem demora. Assim voltei e comecei ir para o interior conquistar as secretarias municipais, já que estas que têm acesso nas comunidades indígenas onde ficam as escolas indígenas e tem carro para nos levar já que às vezes é de difícil acesso. Tudo foi uma negociação. Ir para aldeia de dia e à noite dar palestra para professores sobre Educação de Surdos, Libras, Orientações Familiares em contrapartida, na verdade eu fazia qualquer negócio no sentido de poder ir para as aldeias. No Acre tive apoio da Helena Sperotto do CAS/AC e sua equipe buscando apoio com a Secretaria Estadual de Educação do Acre quanto ao táxi aéreo, carro e barco. Sobre como vamos denominar os índios surdos ou os surdos indígenas ou indígenas surdos, isso só vamos saber depois da Roda de Conversa que teremos como um primeiro encontro de índios surdos em Dourados previsto para este ano. Na verdade Índios têm uma etnia, agora pensando em uma posição de ser surdos, tem alguns colegas que dizem, por exemplo, Surdo + a etnia por exemplo: Surdo Guarani, Surdo Terena, Surdo Kadwéu, Surdo Kaxinawá e outros dizem como você disse acima, como eu disse apenas alguns exemplos. Esse é um comentário que vamos colocar em discusão com as autoridades que são os próprios índios surdos em encontro previsto em Dourados – MS.

Pergunta: Para aqueles que querem desenvolver estudos na área de Estudos Surdos, Línguas de Sinais, Educação de surdos, quais conselhos você daria? Quais áreas são promissoras para a pesquisa atualmente?

Shirley: Minha mensagem é: Todas as áreas são promissoras, desde que veja no ponto de necessidade de quem espera. Digo que os surdos esperam, os ouvintes esperam, os índios esperam, os surdocegos esperam e os demais deficientes esperam, esperam o que? Esperam a educação de qualidade, bom atendimento na saúde, abrangência no mercado de trabalho e de modo geral que haja acessibilidade em todas as áreas. O surdo é um novo surdo depois da Lei 10.436/2002, mais pensante no sentido de estar mais atuante depois do Decreto 5.626/2005, não continue pensando que os surdos continuarão os mesmos que a geração passada, que passaram pelos profissionais ouvintes fora da tecnologia. Começando por aí podemos pensar que o campo promissor hoje é a área da educação de surdos, da tecnologia, a educação a distancia, a lingüística que vem com futuros profissionais que sairão formados pelo Letras Libras. Os profissionais surdos e ouvintes agora poderão dizer, estaremos falando na mesma língua. Isso é se forem professores de Libras, mesmo que a prioridade seja para os profissionais surdos, pois se trata de ensino de uma língua e não de quem ouve mais ou ouve menos, a Libras é visual, não importa os ouvidos. Na minha percepção, aponta para muitos ganhos tanto para os surdos como para os ouvintes, o que será necessário é ter uma boa articulação e interação de ambas as partes. O mesmo que acontece na área indígena, se não houver uma boa negociação política os dois perdem, perdem tempo, perdem vida e fazem muitos esperarem.

Pergunta: Que bibliografia básica você indica para quem se interessa pelo tema?

Shirley: Eu indico para inicío de conversa os links:
Para quem atua com surdos:
Dificuldade de Comunicação e Sinalização – Surdez
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/surdez.pdf

Livros da Editora Arara Azul que são gratuitos e disponíveis na internet:

http://www.editora-arara-azul.com.br/EstudosSurdos.php
http://www.editora-arara-azul.com.br/Livros.php

E ainda para quem quer comparar o desempenho do educador que atuou antes da Lei 10.436/2002 e o Decreto 5626/2005 os livros do INES é uma boa pedida para rir do que já fizemos, não digo que tudo será descartado tem muitas coisas que ainda estão no processo, veja em:
www.ines.org.br – livros digitalizados e para quem atua com surdocegos
Dificuldade de Comunicação e Sinalização – Surdocegueira/Múltipla Deficiência Sensorial
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/surdosegueira.pdf

Obs: caso não consiga pelo link direto coloque na barra.

Pergunta: Quais seus planos pra 2008?

Shirley: Meus planos são visitar mais aldeias e conversar com as lideranças indígenas para autorizarem a atuação do Projeto Índio Surdo em sua escola indígena com objetivo de mapeamento das línguas de sinais emergentes das comunidades/reservas indígenas. Lembrando que temos um trabalho brilhante de Marisa Giroletti com os surdos Kaingang de Xanxerê aqui em Santa Catarina. Boa dica para os novos pesquisadores.

Pergunta: Como os interessados podem entrar em contato com você e com seus trabalhos publicados?

Shirley: Poderão entrar em contato pelos meus e-mails:
Shivi323@hotmail.com e svilhalva@yahoo.com.br

Segue meu último artigo: “Quais são as produções acadêmicas sobre índios surdos no Brasil?
http://www.cfh.ufsc.br/abho4sul/pdf/Shirley%20Vilhalva.pdf 24/01/2008

Pergunta: Por favor, deixe uma mensagem para os leitores do Blog Vendo Vozes.

Shirley: Deixo aqui que retirei de meu livreto de mensagens que me ajudaram no meu dia a dia que ainda não foi publicado estas singelas palavras para o Blog Vendo Vozes:
“Mesmo que você não queira liderar algo, saiba ensinar aquele que deseja. Não tema a concorrência, olhe para o céu e veja se tem um lugarzinho ainda para você no meio das estrelas. Viu quanto espaço você tem? Sucessos!”(Shirley Vilhalva)


Links relacionados:
Currículo Lattes de Shirley Vilhalva
Editora Arara Azul
Para baixar a entrevista em arquivo PDF clique aqui!!!

O que você achou da entrevista? Quem você gostaria que fosse entrevistado por esse blog? Comente no link "comentários" logo abaixo.
Abraços,
Vanessa.

22 de jan. de 2008

Um a cada cinco jovens não escuta bem


Lúcia JardimDireto de Paris

Vídeo-games com volume nas alturas, festas barulhentas toda a semana e, especialmente, iPods que não saem mais dos ouvidos são alguns dos fatores que provocam a surdez precoce e progressiva de um a cada cinco adolescentes ou jovens adultos. O alerta é do engenheiro acústico francês Christian Hugonnet, presidente da Semana do Som, encerrada em Paris na última sexta-feira.
"Não temos pesquisas conclusivas quanto a um número, mas o que é certo é que de 10 a 20% dos jovens já não escutam como deveriam para a sua idade", disse Hugonnet. "É preciso parar imediatamente com o hábito de escutar música alta nos fones de ouvido. Eles ficam próximos demais dos tímpanos, e provocam uma agressão forte e irreversível ao ouvido, que vai ficando cada vez mais preguiçoso, até que pára de trabalhar", explicou.
O especialista chama atenção para o perigo de uma ferramenta que começou na publicidade e se propagou por tudo o que diz respeito à acústica: a compressão do som, feita para que o menor dos ruídos em um comercial ou em uma música seja superior aos barulhos cotidianos, como os de trânsito. A intenção por trás do artifício sonoro é de que a voz que vende o produto, no filme publicitário, seja entendida mesmo quando disputada com os barulhos do dia-a-dia.
O problema é que a técnica se dissipou para outros ramos, inclusive para a música, e por conta disso o ser humano está cada vez menos capaz de perceber as nuances dos sons. A exposição contínua a essa deformação do som original danifica progressivamente o aparelho auditivo, causando a surdez precoce. Hugonnet se preocupa também com o futuro da música ao vivo - cada vez mais em baixa na França, onde hoje apenas 5% da população sabe tocar algum instrumento.
"É incomparavelmente mais saudável para os ouvidos escutar a música real do que as compressões em MP3 no iPod", afirma o engenheiro. "Vocês do Brasil estão muito melhor preparados neste sentido, mesmo que inconscientemente, já que lá tem música ao vivo até na rua", lembrou o francês, acenando para a intenção de promover uma Semana do Som no Brasil, "provavelmente no Rio de Janeiro".
Sons acima de 80 decibéis - equivalente a uma pessoa falando alto ou gritando - já devem causar preocupação, adverte Hugonnet. O tempo de exposição a altos volumes também precisa ser considerado na hora de prevenir problemas de ouvido. Escutar música em fones de ouvido por duas horas a 80 decibéis pode ser tão traumático para o aparelho auditivo quanto ouvir uma hora a 100 decibéis.iPod nos ouvidos
Nem que quisesse, o estudante Quentin (a lei francesa proíbe de publicar o nome completo de adolescentes), 13 anos, não poderia ouvir suas bandas preferidas neste volume em seu iPod. Para protegê-lo, sua mãe programou o aparelho para que a música não seja mais alta que os barulhos da rua.
"Para mim, está bom assim. Acho melhor me cuidar agora para não ter problemas desnecessários depois", explica o adolescente. A amiga dele, Clara, 13 anos, pensa diferente. Sem nenhuma preocupação com a surdez futura, a jovem escuta música altíssima, debocha dos jovens que ouvem som baixo e diz que não pensa em mudar de hábito.
"Provavelmente quando eu tiver uns 30 anos não vou mais querer ouvir iPod, então vou aproveitar bastante agora", argumenta.
O engenheiro Hugonnete, surpreso com o raciocínio da adolescente, alerta para a inutilidade de alguém passar a se preocupar com os níveis de som apenas a partir dos 30 anos de idade. "Será tarde demais. Os danos ao ouvido são irreversíveis. Hoje o jovem fala muito mais alto, às vezes na mesma altura que velhinhas surdas. A explicação para isso é simples: ele já não está mais escutando os sons baixos, e por isso passa a falar alto também."
As previsões para o futuro não são animadoras, conforme o especialista. "Daqui a 30 anos, todo o mundo que mora nas grandes cidades vai falar incrivelmente alto, para os padrões atuais - que já são mais altos que há 10 anos −, e o nosso ouvido não vai mais perceber nuances dos sons. Muita gente não vai nem saber diferenciar o som do piano em relação ao violino."


Redação Terra

17 de jan. de 2008

Textos em escrita de sinais

A página http://rocha.ucpel.tche.br/signwriting/ traz vários textos em escrita de sinais, como livros de literatura infantil, textos sobre ecologia, paz, Hino Nacional, tudo em Signwriting.

Sign Writing é um sistema de escrita visual direta de sinais, desenvolvido pela norte-americana Sutton, que passou a utilizar, em 1970, um sistema que havia criado de notação de coreografias de dança, o Dance Writing, para registrar a LS, a “mais fascinante e refinada das coreografias” (Capovilla & Capovilla, 2004, p. 43). Esse sistema expressa todas as características das línguas de sinais: configuração das mãos, expressões faciais associadas aos sinais, orientação das mãos e do olhar, movimentos, direções, bem como relações gramaticais que são impossíveis de serem captadas através da escrita alfabética (Quadros, 1997).

Também gostaria de agradecer a todos pela marca de 1.000 visitas que o blog atingiu! Uhúuuuu! Obrigada, pessoal!

Maiores informações:
CAPOVILLA, F.G; CAPOVILLA, A.G.S. O desafio da descontinuidade entre a língua de sinais e a escrita alfabética na educação bilíngüe do surdo congênito. In: RODRIGUES, C; TOMICH, L.M. et al. Linguagem e cérebro humano: contribuições multidisciplinares. Porto Alegre: Artes Médicas, 2004. p. 19-51.

15 de jan. de 2008

Entrevista: Lodenir Karnopp

A REVEL- Revista Virtual de Estudos da Linguagem disponibiliza uma entrevista com a Dra. Lodenir Karnopp sobre aquisição de língua de sinais. Lodenir é autora de diversos livros de literatura adaptados para a comunidade surda, como Cinderela Surda, Rapunzel Surda, O Patinho Surdo, entre outros, pela Editora da Ulbra. Também é co-autora do livro Língua de sinais brasileira: estudos lingüísticos, juntamente com a Dra. Ronice Quadros.
Na entrevista, Lodenir fala sobre vários aspectos da aquisição de LS e dá uma lista de bibliografia especializada sobre o assunto.
Imperdível!!!

Para acessar a entrevista, clique aqui!!!

A idéia do blog é realizar e disponibilizar outras entrevistas com estudiosos da área. Quem você gostaria que fosse entrevistado?
Entre em contato conosco e dê sua dica: vanessadagostim@gmail.com
Abraços a todos!

9 de jan. de 2008

Matéria: O fim do isolamento dos índios surdos

É com grande alegria que parabenizo a Revista Nova Escola e aos entrevistados da reportagem: "O fim do isolamento dos índios surdos", da Edição de dezembro de 2007 da Revista Nova Escola (editora Abril). Pela primeira vez uma revista tão conceituada de Educação faz uma matéria tão completa e de qualidade sobre um assunto tão raramente abordado e sempre escanteado pelos nossos governantes como esse, a minoria da minoria: os índios surdos brasileiros.
Parabenizo também a Shirley Vilhalva, já citada em outras postagens, por realizar esse trabalho tão difícil e ao mesmo tempo tão necessário.

Por isso não deixem de ler a revista ou acessem a matéria pelo site: http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0208/aberto/mt_261418.shtml

Para baixar diretamente a matéria em PDF em seu computador: http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/pdf/0208/inclusao.pdf


Mais uma vez parabéns! Espero a próxima edição da revista para ler os comentários!

Lançado primeiro dicionário digital cristão católico de LIBRAS



Já está na internet o primeiro dicionário digital de língua de sinais do Brasil. Desenvolvido por Rogério Gonçalves dos Santos, coordenador da pastoral dos surdos da Paróquia São José Operário, na Vila Paiva, em São José dos Campos, São Paulo, o projeto conta com imagens em vídeo da liturgia católica. Para Rogério, a proposta é criar uma ferramenta eletrônica de consulta informatizada dos sinais em Libras voltada para o contexto cristão. "Queremos disponibilizar em meio digital um conjunto de palavras, nomes, expressões e orações relacionando-os com seus correspondentes em Libras para ser utilizado como referência tanto para intérpretes quanto para leigos ou religiosos ouvintes ou surdos", afirma. "É uma ferramenta inovadora no Brasil e talvez no mundo, onde a Pastoral do Surdo poderá avançar ainda mais em direção ao seu objetivo principal, a inclusão total dos deficientes auditivos na caminhada libertadora da Igreja Católica", completa o coordenador.O lançamento oficial será apenas no dia 02 de fevereiro de 2008, na Câmara Municipal de São José dos Campos, mas o dicionário já pode ser acessado pelo site http://www.surdosonline.com.br/.

Vários tipos de busca podem ser feitos no dicionário, mas vale lembrar que a LIBRAS possui variações ao longo de todo território nacional, e o dicionário foi feito a partir das variações utilizadas em São Paulo.

8 de jan. de 2008

Vaga para professor surdo

ATENÇÃO

A UFRGS está selecionando professores substitutos em diversas áreas. Uma delas é para professor preferencialmente surdo, confira os requisitos:

Educação Especial/ Educação Bilíngüe para Surdos (40h) - Graduação ou Pós-Graduação e experiência como professor preferencialmente surdo, usuário da LIBRAS, com certificado do Exame Nacional de Proficiência em Libras e Experiência na Área de Ensino de LIBRAS
Entrevista, Análise de Currículo, Prova Escrita e Prova Didática.

A vaga é para o departamento de estudos especializados da faculdade de Educação.
Av. Paulo Gama, 110 prédio 12201 sala 906 – Fone: 3308-3099, em Porto Alegre.
As inscrições vão de 07 a 09 de janeiro de 2008. O edital está no site: http://www.prograd.ufrgs.br/index.p4?substituto

Boa sorte!

7 de jan. de 2008

A Ilha de Matha´s Vineyard


Tomei conhecimento pela primeira vez sobre a ilha de Marthas Vineyard quando li o livro "Vendo Vozes" de Oliver Sacks. O autor conta que
foi até a ilha e ficou observando os moradores da ilha, e percebeu as marcas da forte comunidade surda que havia no local. Os nativos ouvintes mais velhos
ainda sinalizam, quando querem contar algum segredo ou alguma piada só entre eles.
A partir de então fiquei muito curiosa sobre a ilha, mas há pouca coisa em português sobre ela. Encontrei então um artigo em espanhol,
traduzido de um artigo em inglês e me aventurei a passá-lo para o português.
Hoje, a ilha é conhecida por sua beleza e muito visitada por turistas.

(no mapa, a ilha de Martha está na cor lilás)

Foto da ilha:


A Ilha Martha Vineyard (ou A Ilha dos vinhedos de Marta)

Texto traduzido do espanhol para português por Vanessa Dagostim.
Texto Traduzido ao espanhol da fonte:
http://deafness.about.com/cs/featurearticles/a/marthasvineyard.htmArtigo com direitos reservados , solicitamos contatar Jamie Berke para seu uso.

Onde a utopia surda existiu
A ilha de Martha Vineyard se encontra diante a costa de Massachusetts.Os primeiros colonizadores desta ilha levaram consigo o gene da surdez para lá (o primeiro surdo da ilha foi Jonatán Lambert, 1694). Resultados dos casamentos entre os colonizadores e ilheiros, começaram a nascer gerações e gerações de pessoas com surdez. Isto chegou a tal ponto, que a cada quatro crianças nascidas, uma era surda! Foi assim que havia tantas pessoas surdas no povoado de Martha Vineyard, mas a maioria vivia no povoado de Chilmark; os moradores deste lugar desenvolveram a língua de sinais MVSL, a língua de sinais de Martha Vineyard. Assim foi como a MVSL passou a formar, enriquecer e misturar-se com a língua de sinais americana - ASL.

Um lugar onde existiu a maior população surda

Os censos realizados durante o século 19 mostraram o grau de surdez existente na ilha. Por exemplo, em 1817, duas famílias tinham membros surdos, com um total de 7 surdos. Alguns anos depois, antes de 1827, já havia 11 surdos na mesma família. O censo de 1850 de Chilmark identificou 17 surdos entre 141 casas entrevistadas, nos povoados de Hammett, de Lambert, de Luce, de Mayhew, de Tilton, e as famílias do oeste. Em 1855, eram 21 com o povoado de Tisbury, próximo à ilha. O censo de 1880 de Chilmark apontava 19 surdos em 159 casas. As novas famílias surdas no censo de 1880 incluíram os nobres da ilha e o povoado de Smiths. Para pôr estes dados na perspectiva, comparada com o continente (ESTADOS UNIDOS) onde existia uma proporção de 1 pessoa surda para cada 6000 casas, no povoado de Martha Vineyard era muito alta a proporção, com uma média de uma pessoa surda para casa 155 casas (1 em 25 em Chilmark, e 1 em 4 na cidade de Chilmark de Squibnocket).

Alta aceitação da língua de sinais
A língua de sinais era tão aceita na ilha de Martha Vineyard, que um jornal se espantou em 1895 da forma em que o idioma era falado e sinalizado ao mesmo tempo e foi tão espontâneo, livremente usado e facilmente aceito pelos moradores surdos e ouvintes. As pessoas que se mudavam para Chilmark tinham que aprender língua de sinais para viver na comunidade. A surdez era tão comum que alguns moradores ouvintes pensavam realmente que era uma doença contagiosa. Porém, a surdez nunca foi considerada uma desvantagem dentro dessa comunidade.

Declinação gradual da população surda

Os casamentos na ilha continuaram e a população surda de Chilmark e do resto da ilha continuou crescendo. Isto se interrompeu quando as crianças surdas cresceram e começaram a receber educação no continente. E foi assim como aos poucos as crianças começaram a freqüentar escolas fora da ilha, e começou a decrescer a população surda, já que voltavam à ilha com seus novos companheiros que haviam conhecido no continente, e outra parte da população surda da ilha ficava no continente. Assim foi como nos anos 1950 faleceram as ultimas pessoas surdas da ilha.

Livros e outros recursos sobre a Ilha
A história da sociedade surda na ilha de Martha Vineyard fascinou a eruditos e deu lugar à publicação do livro: “Onde todos falavam língua de sinais: Surdez hereditária em Martha Vineyard”. Este livro remonta a origem da surdez na ilha a uma área do condado de Kent de Gran Bretanha chamado o Weald. Além disso, outros artigos estão disponíveis (em inglês). Apareceu na metade dos anos 90 um documento de pesquisa sem data de 15 páginas de Roberto Mather e Linda McIntosh na Universidad de Tufts, "Os Surdos de Martha Vineyard." A bibliografía cita dois artigos de 1981 do Duke's County Intoligencer, respectivamente intitulado "A surdez hereditária das ilhas: uma lição para a compreensão humana ", e "Crianças surdas: cidadãos valiosos." Também foi incluída na bibliografia um artigo de Boston de 1895, publicado num Domingo: "A trilha dos meninos surdos e mudos da aldeia de Squibnocket." Um artigo da Primavera de 2001 de seis páginas, "Uma cultura silenciosa com uma voz forte," na revista Bostonia, dos alunos da universidade de Boston. O artigo menciona brevemente os esforços de um aluno (Joan Poole Nash, agora professor de educação para surdos) para registrar em uma fita de vídeo o uso da MVSL (Língua de sinais de Marta Vineyard) por seus tataravôs. Em Março de 1999, a revista Yankee publicou o artigo, "A Ilha que falava com as mãos".

© Direitos reservados de tradução Espanhol – Português – Vanessa de Oliveira Dagostim – Janeiro de 2008.
© Direitos reservados de tradução Espanhol Blanca Camucet Ortiz 2000-2007.© Direitos reservados de artigo original em inglês 1997-2007 Autor Jamie Berke.

Em inglês (original) : http://deafness.about.com/cs/featurearticles/a/marthasvineyard.htm

Em espanhol: http://www.camucet.cl/DOCS/ARTICULOS/utopiasorda.html

Em português: http://blogvendovozes.blogspot.com

Para baixar o arquivo em PDF clique aqui.


6 de jan. de 2008

Revistas e periódicos

Uma maneira muito rica de pesquisa e divulgação científica de estudos na área da Surdez, Educação e Língua de Sinais é através de revistas e periódicos acadêmicos, que relatam pesquisas desenvolvidas, divulgam resultados e métodos, inserindo os estudos surdos em um campo mais alto do conhecimento. Estas revistas também inserem no meio acadêmio discussões que antes não eram feitas, sobre oralização, ensino de línguas a surdos, e questionam como tantos conceitos e práticas educativas podem ser aplicadas à educação para surdos.
Por isso, sugiro algumas revistas para serem lidas, pesquisadas e quem sabe para publicarmos nossas pesquisas e artigos.

Se você quiser divulgar outras revistas e periódicos neste blog, poste um comentário ou envie um e-mail para: vanessadagostim@gmail.com.

4 de jan. de 2008

Novo Layout

Ano novo, layout novo! Espero que tenham gostado desse novo layout e que ele faça sucesso!
Bom, aproveito para falar de novos links da lista dos sites:
  • Sourds (www.sourds.net) - página francesa sobre surdez, com muitos recursos e informações interessantes. Recomendo a lista de livros sobre surdez e a lista dos surdos mais famosos do mundo, bem legal! Em francês.
  • Manos que hablan (www.manosquehablan.com.ar), site argentino sobre surdez e língua de sinais. Também com ótimos recursos e materiais, mas em espanhol.
  • Revista Intramuros - (http://www.umce.cl/revistas/intramuros/intramuros_n11_a04.html) Revista sobre educação, em espanhol. O volume 11 traz uma matéria bem interessante sobre educação de crianças surdas.

Visitem!!!