Mostrando postagens com marcador 2013. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador 2013. Mostrar todas as postagens

24 de nov. de 2013

8ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul - Porto Alegre



Oi queridos, tudo bem?

Acontecerá em Porto Alegre (RS), entre os dias 29 de novembro e 05 de dezembro, a 8ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos na América do Sul. Em Porto Alegre, será no Santander Cultural. Algumas sessões contarão com audiodescrição e com interpretação em Libras. Neste link você acompanha a programação completa em Porto Alegre. A mostra acontece em vários espaços pelo Brasil e pela América do Sul, por isso acompanhe a programação completa do evento no site que divulgamos na mensagem abaixo.

Fomos informados que a sessão de abertura contará com intérprete de Libras (dia 29/11 às 19h) e sessões com audiodescrição no dia 03 de dezembro, terça feira, às 13h, 15h e 17h!!


8ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na America do Sul
De 26 de novembro a 20 de dezembro de 2013, será realizada a 8ª edição da Mostra Cinema e Direitos Humanos na America do Sul. A mostra acontecerá simultaneamente em todas as 26 capitais e Distrito Federal, além de exibições em até 1000 espaços fora dos grandes centros. Assim, a Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul terá um alcance inédito, ampliando o acesso aos filmes selecionados e levando o cinema para todos.
maiores informações no site: http://culturadigital.br/cinedireitoshumanos/

30 de out. de 2013

Entrevista: Paula Pfeifer, do Crônicas da Surdez


Hoje publicamos a entrevista com Paula Pfeifer, escritora, formada em Ciências Sociais, funcionária pública e blogueira do Sweetest Person e do Crônicas da Surdez. Paula é deficiente auditiva desde a infância (ela tem aquele tipo de deficiência auditiva em que ouve um apito constante, e não o "silêncio"), é oralizada e não utiliza a língua de sinais. Diversas postagens do blog Crônicas da Surdez geraram muita polêmica pela defesa que Paula faz dos direitos dos surdos oralizados, pela paixão que ela tem pelos aparelhos auditivos, e pela falta de acessibilidade que os surdos enfrentam, já que a maioria das campanhas e movimentos de inclusão acreditam que intérpretes de Libras seriam uma forma de incluir a todos os surdos.

Foto de Paula Pfeifer, copiada de seu perfil
no blog Crônicas da Surdez

Enquanto se recupera da cirurgia do Implante Coclear que fez recentemente, ela gentilmente nos concedeu essa entrevista, contando um pouco de sua experiência e do que pensa. Aproveitem!



Vendo Vozes: Olá Paula. Como começou a sua experiência com a deficiência auditiva?
Paula: Bem pequenininha eu já reclamava para a minha mãe: "Tem um apito no meu ouvido". E muitas, muitas otites na infância.


Vendo Vozes:  Começaste, como blogueira, com o Sweetest Person, blog que fala de maquiagem, moda, literatura... O que te levou a escrever um blog como o Crônicas da Surdez? Você não o considera mais forte e polêmico?
Paula:Foi quando decidi 'sair do armário' na questão da surdez. Vi que conseguia atingir milhares de pessoas com o primeiro blog e achei que seria ótimo conseguir atingir outros milhares para falar de um assunto sério.

Vendo Vozes: Em algumas postagens você utiliza o termo deficiência auditiva, e em outras, surdez. Você vê diferença entre esses termos?
Paula: Não vejo nenhuma, é apenas para variar um pouco de termo, rsrsrs. A surdez tem vários graus e é sinônimo de deficiência auditiva. Para mim, são apenas terminações que dizem respeito à mesma coisa. Inclusive brinco dizendo que quem tem DA e não aceita ser chamado de surdo, ainda está na fase da negação.

Vendo Vozes: Quais foram os principais obstáculos que encontraste na trajetória escolar?
Paula: Me adaptei sem nem saber que ouvia mal. Criança, aprendi sozinha a ler lábios, e isso me ajudou muuuuito no colégio. Procura sentar nas fileiras coladas à parede pois assim tinha uma visão panorâmica da sala. Era assim que ia 'me defendendo'.


Vendo Vozes:  Das mensagens que recebeste de leitores do blog ou do livro que se identificaram com tua história, ou que, de alguma maneira, foram ajudadas por ela, há alguma que se destacou?
Paula: São tantas, todos os dias, e eu choro com cada uma delas, me arrepio com cada uma delas. Lembro de um - hoje grande amigo - que me disse que a vida dele se divide em duas partes: antes do Cronicas da Surdez e depois do Cronicas da Surdez. Antes, ele era teimoso e nem queria saber dos aparelhos auditivos, hoje, fez implante coclear e está ouvindo tudo! Isso me emociona demais.

Vendo Vozes:  Você relata receber muitas críticas de leitores contra alguns posicionamentos polêmicos teus, como a falta de um órgão que represente os surdos oralizados, por exemplo. Na sua opinião, por que há essa divisão entre surdos oralizados e surdos que sinalizam? Não seria mais produtivo para ambos os grupos se lutassem unidos?
Paula: Há muito tempo já perdi a 'inocência' no quesito surdez. O lobby feito por instituições voltadas somente à língua de sinais sempre foi muito forte, mas já começou a enfraquecer pois nós estamos cada vez mais voltados e dedicados à missão de mostrar pro mundo a diversidade da surdez e que nem todo surdo usa libras ou pretende viver preso dentro de uma comunidade de iguais. Nossas necessidades são diferentes. Partindo do principio em que 'lideranças surdas' dizem aos quatro ventos que existem surdos e Surdos, como se uma letra maiúscula denotasse superioridade, fica difícil. O que eu mais gostaria que nosso país tivesse é uma educação de qualidade para o aluno surdo (usuário de Libras ou não), para que ele tenha um português escrito tão bom quanto o de crianças de países de primeiro mundo. Isso é imprescindível para o mundo real, no qual é impossível que uma pessoa tenha um intérprete ao seu lado 24hs.

Vendo Vozes: Como foi escrever o livro "Crônicas da Surdez"? Qual a diferença, na tua opinião, entre escrever em um blog e escrever em um livro?
Paula: Escrever o livro foi reviver toda a minha trajetória e perceber o quanto cresci. Acho que a diferença principal é que escrever um livro sempre foi meu sonho, afinal, sou leitora compulsiva de livros desde que me entendo por gente.

Vendo Vozes:  Recentemente te submeteste a uma cirurgia de implante coclear. Como está sendo a tua recuperação e quais são as tuas expectativas?
Paula: A ativação do meu implante será em Porto Alegre dia 11.11, com a equipe do Dr.Luiz Lavinsky. Estou tranquila e sem expectativas pois sei que é um processo lento e longo. Só espero que seja recompensador!

Obrigada pela entrevista, Paula, e uma ótima recuperação para você.
E, leitores, aguardo os seus comentários. Vamos dialogar!

21 de out. de 2013

PNE e a educação de surdos no Brasil

Olá pessoal,

Nos últimos meses de setembro e outubro, várias notícias estão circulando a respeito de manifestações referentes à aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), além de diversas propostas sobre educação de surdos e educação especial que o plano apresenta.

Mas, você sabe o que é PNE?

Em 2010, um documento gera uma intensa discussão sobre a educação especial no país: o projeto de lei que cria o Plano Nacional de Educação (PNE)1, que foi criado e entregue ao governo federal, no mês de dezembro. O projeto estabelece dez diretrizes objetivas e vinte metas para a educação do país, a serem desenvolvidas em dez anos (se fosse aprovado imediatamente, entraria em vigor em 2011 e se estenderia até 2020). 
As metas 4 e 12 do PNE tratam especificamente da educação inclusiva. A meta 4 pretende universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotados. Isso significaria aprofundamento do programa nacional de acessibilidade nas escolas públicas (estratégia 4.4), fomentar a educação inclusiva (estratégia 4.5) e garantir a ampliação do atendimento aos estudantes com deficiência na rede pública regular de ensino (estratégia 4.6), ações que visam a incentivar fortemente que a educação de todos os alunos com necessidades especiais de educação (incluindo os surdos) ocorram nas escolas regulares. A meta 12 trata da ampliação do número de matrículas no ensino superior. Umas das estratégias para se atingir essa meta é a 12.10, que pretende “Assegurar condições de acessibilidade nas instituições de educação superior, na forma da legislação”, ou seja, tornar as instituições de ensino superior acessíveis a toda a população, inclusive às pessoas com necessidades especiais de educação. 
Apesar de ter sido apresentado em 2010, o PNE foi aprovado pela Câmara dos Deputados apenas em outubro de 2012, após ter recebido aproximadamente três mil emendas ao projeto original. Para virar lei, ele ainda precisa passar pelo Senado, que não tem previsão de quando o votará.

E a educação de surdos?

Emenda vai e emenda vem, o texto da meta 4.6, que versa sobre a educação dos surdos, foi alterado, e uma pequena palavra foi tirada. Pode parecer pouco, mas em termos de legislação, uma pequena palavra pode mudar tudo, e foi isso que a FENEIS (Federação Nacional d e Educação e Integração dos Surdos) entendeu. Reiterando o lema da Convenção Internacional da Pessoa com Deficiência: “NADA SOBRE NÓS SEM NÓS”, a FENEIS quer que os surdos participem da composição do texto que versa sobre eles (nada mais justo, não acham?) e defendem que a mudança de texto implica, sim, uma mudança na concepção de educação para surdos.
Em uma nota explicando detalhes dessa proposta, a FENEIS compara o texto antes e depois da alteração. O novo texto ficaria assim:

4.6) garantir a oferta de educação bilíngue, em Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS como primeira língua e na modalidade escrita da Língua Portuguesa como segunda língua, aos alunos surdos e com deficiência auditiva de 0 (zero) a 17 (dezessete) anos, em escolas e classes bilíngues inclusivas, nos termos do art. 22 do Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, e dos arts. 24 e 30 da Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, bem como a adoção do Sistema Braille de leitura para cegos e surdocegos.

Segundo a FENEIS (e eu concordo), a sutil mudança daria a entender que a educação de surdos poderia ser realizada em qualquer escola regular, desde que a presença de intérprete, o que daria continuidade ao fechamento de diversas escolas de surdos, assim como tem ocorrido com as APAES.

Acompanhe a tramitação do PNE no site do governo:


Quer saber mais?

Acompanhe aqui outras notícias que circularam sobre essa luta:



1Projeto de lei nº 8530 de 2010.

26 de set. de 2013

Dia Nacional do Surdo

Olá queridos

Hoje é dia Mundial do Surdo, dia 26 de setembro.
Mas qual o significado desta data?
A Comunidade Surda Brasileira comemora em 26 de setembro, o Dia Nacional do Surdo, data em que são relembradas as lutas históricas por melhores condições de vida, trabalho, educação, saúde, dignidade e cidadania. A Federação Mundial dos Surdos já celebra o Dia do Surdo internacionalmente a cada 30 de setembro. No Brasil, o dia 26 de setembro é celebrado devido ao fato desta data lembrar a inauguração da primeira escola para Surdos no país em 1857, como nome de Instituto Nacional de Surdos Mudos do Rio de Janeiro, atual INES‐InstitutoNacional de Educação de Surdos. Toda esta história começou em26 de setembro de 1857, durante o Império de D. Pedro II, quando o professor francês Hernest Huet fundou, com o apoio do imperador o Imperial Instituto de Surdos Mudos. Huet era surdo. Na época, o Instituto era um asilo, onde só eram aceitos surdos do sexo masculino. Eles vinham de todos os pontos do país e muitos eram abandonados pelas famílias.

Agradeço a oportunidade de conhecer essa comunidade e por tudo que tenho aprendido desde que me aventurei por ela, há aproximadamente 10 anos. Desenvolver pesquisas na área da educação de surdos é um desafio constante, mas eu não consigo imaginar minha vida acadêmica de outra maneira. Conhecer os surdos, sua língua e sua cultura impactaram fortemente minha vida. Além de ter aprendido tanto sobre cultura e a língua dos sinais, aprendi muito sobre a minha própria língua e sobre mim.


"A língua de sinais nas mãos de seus mestres, é uma língua extraordinariamente bela e expressiva, para a qual, na comunicação uns com uns outros e com um modo de atingir com facilidade e rapidez a mente dos surdos, nem a natureza e nem a arte  proporcionaram um substituto satisfatório. Para aqueles que não a entendem, é impossível perceber suas possibilidades para os surdos, sua poderosa influência sobre a moral e a felicidade social dos que são privados da audição, e seu admirável poder de levar o pensamento a intelectos que, de outra forma, ficariam em perpétua escuridão. Enquanto houver duas pessoas surdas na face da Terra e elas se encontrarem, então serão usados sinais."
J. Schuyler Long (The sign language, 1910) 
Prefácio de Vendo Vozes, de Oliver Sacks.


(Estátua de um menino estendendo a mão - Parque Champs de Mars - Paris, França.  Foto de Bruno Pires)

A singela homenagem do blog Vendo Vozes a todos os leitores!
Vanessa.

22 de set. de 2013

Campanha pela inclusão da LP/S nos cursos de formação de professores

Olá pessoal

Estou sem tempo para novas postagens, mas gostaria de compartilhar com vocês esta imagem abaixo, que podem utilizar em seus blogs, sites, redes sociais, murais de escola e cursos, grupos de discussão, com o objetivo de colocarmos em prática um decreto que existe há quase 8 anos, porém ainda não é posto em prática em muitos cursos superiores: a inclusão da Língua Portuguesa para Surdos nos currículos.
Como podemos lutar pelo acesso dos surdos à uma educação bilíngue de qualidade se nossos professores não possuem informações e formação adequada para isso?

Você que é professor, estudou ou estuda Letras, Pedagogia ou Magistério, teve alguma formação sobre Língua Portuguesa para Surdos na sua instituição de ensino?
Nos conte a sua experiência e nos ajude a divulgar esta ideia.





Texto da imagem:
Art.13. O ensino da modalidade escrita da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas surdas, deve ser incluído como disciplina curricular nos cursos de formação de professores para a educação infantil e para os anos iniciais do ensino fundamental, de nível médio e superior1, bem como nos cursos de licenciatura em Letras com habilitação em Língua Portuguesa.
 Parágrafo único. O tema sobre a modalidade escrita da língua portuguesa para surdos deve ser incluído como conteúdo nos cursos de Fonoaudiologia. (BRASIL, 2005 - artigo 13 do Decreto 5.626 de 2005)


Se está no Facebook, compartilhe a partir do link do nosso grupo (aqui).
Abraços,

Vanessa!

5 de jun. de 2013

10 obras literárias sobre diferenças (Parte 1)

Olá pessoal,

Hoje vou inaugurar a série de postagens que estou preparando de "10 coisas", ou seja, listas de 10 dicas sobre algum material ou assunto relacionado às diferenças, surdez, inclusão, enfim, assuntos que possuem relação com o blog. Escolhi "10 coisas" porque é um bom número para quem começar a conhecer esses materiais, ou para você que já conhece, verificar o que ainda falta, opinar, dar outras sugestões. Pode ser que seja a primeira e última postagem da série, hehehehe, vamos ver se vocês gostam e se eu consigo tempo para continuar!

Começo então com as "10 obras literárias sobre diferenças" que eu considero que sejam relevantes, estão publicadas em língua portuguesa, e são fáceis de ser encontradas em bibliotecas e livrarias (pelo menos a maioria delas). Também pensei em obras que podem ser facilmente lidas por alunos (pensando que muitos leitores são professores),  e gostariam de debater assuntos como a tolerância às diferenças com seus alunos, certo? Por isso algumas são destinadas ao público infantil, outras para o juvenil, e outras somente para adultos!

Acabei dividindo o post em 2 partes, porque ele ficou muito longo! Então hoje começaremos com a primeira parte das 10 obras.

1. Tibi e Joca (autora: Cláudia Bisol | Editora Mercado Aberto)

"Tibi e Joca" está no topo da lista por um simples motivo: de todos, é o meu preferido! O livro é lindo, simples e sensível, e conta a história de Tibi, um menino cujos pais o descobrem surdo, e vive toda a problemática da diferença, quando seus pais não sabem o que fazer e ele se vê perdido e sozinho, até encontrar Joca, que lhe apresenta à Língua de Sinais, e com ela, um novo mundo. O livro traz o texto em língua portuguesa e a tradução em Libras do Joca, em ilustração no canto da página, e pode ser lido por crianças (alfabetizadas ou não), surdas ou ouvintes, e por adultos também, é claro. Quem me conhece sabe o quão difícil é contar a história do livro sem chorar, porque ele me toca demais. Recomendadíssimo!

Exemplo de página do livro.


2. A ararinha do bico torto (autor: Walcyr Carrasco | Editora Ática)


Outro livro fofo da lista, "A ararinha do bico torto" é recomendado para crianças de 8 a 11 anos, e conta a história de um filhote de ararinha que, por ter nascido com o bico torto, não consegue se alimentar e é abandonado por seus pais na floresta, onde é encontrado por um fotógrafo e seu filho. Sensível, a história rende muita discussão com os pequenos leitores, e além de falar sobre o tema deficiência também ensina a cuidar da natureza. Com belíssimas ilustrações, a obra também está disponível em versão para tablets.





3.  Ímpar (autor: Marcelo Carneiro da Cunha | Editora Projeto)

"Ímpar" é um dos livros que conheci por intermédio de meus alunos do ensino fundamental, que leram e amaram a obra. De forma emocionante e na linguagem dos adolescentes, conta a história de um menino que perde o braço em um acidente e, ao conhecer outros jovens com deficiência, forma uma turma de amigos chamados "Galera Ímpar". O livro é narrado em primeira pessoa pelo personagem principal, e mostra o cotidiano de alguém que de repente, começa a viver a vida de uma outra maneira.


4. Estrelas tortas (autor: Walcyr Carrasco | Editora Moderna)

Este é outro livro que conheci por intermédio de meus alunos, e narra uma história semelhante ao enredo de "Ímpar". A diferença é que a personagem principal, que sofre um acidente e fica paraplégica é uma menina, e a história é contada por vários personagens, que dão diferentes versões e visões do acidente e do que ele representou na vida de todos.



5. Aleijado (autor: Luiz Antonio Aguiar | Editora   )


Com um título que choca, em um mundo "politicamente correto", o livro (outro legado de meus alunos) com o subtítulo supercriativo "Aventuras de um garotão em luta contra escadas, buracos e outras desconsiderações do mundo" foi indicado ao Prêmio Jabuti e conta a história de um jovem que sofre um acidente após pegar a moto de um amigo emprestada, sem habilitação para dirigir. O personagem principal narra a sua aventura, ao ter de enfrentar um mundo nada acessível em um cadeira de rodas, em primeira pessoa, a partir de sua difícil recuperação. Vale a pena!



O que acharam da primeira parte da lista? Em breve publicaremos a segunda parte. Fiquem ligados!
Vanessa

2 de jun. de 2013

Promoção de Junho

Olá queridos leitores!

Quero aproveitar o início do mês de junho para lançar uma nova promoção no Blog. Para participar, você precisa apenas preencher o formulário abaixo (seus dados não serão divulgados) entre os dias 02/06 e 30/06/2013. No dia 1° de julho de 2013, sortearemos, entre os participantes, o livro "A educação do surdo ontem e hoje: posição sujeito e identidade", da autora Juliana Pellegrinelli Barbosa Costa, e publicado pela editora "Mercado de Letras". Você pode ter mais informações sobre o livro clicando aqui.
Atenção: cadastre no formulário o endereço onde você quer receber o livro, caso seja sorteado.
Você pode participar quantas vezes quiser.

Aproveitem e boa sorte!

31 de mai. de 2013

Visita à Escola da Ponte: a escola que todos nós sempre sonhamos!

Conheci a escola da ponte duas vezes: a primeira, de ouvir falar e a segunda, de "conhecer", no início de 2013, durante o período de estudos que passei em Portugal.
Pelo que me lembro, tive contato inicialmente, com o já clássico texto de Rubem Alves (que depois foi transformado em livro) "A escola que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir" durante o curso de Letras da UFRGS (me formei em 2005). De lá pra cá, a ideia da escola dos sonhos de Rubem Alves que existe em Portugal povoou os meus pensamentos e diversas reuniões pedagógicas nas escolas em que já lecionei desde então. Qual professor nunca sonhou em trabalhar em uma escola em que os alunos se envolvessem fortemente na tarefa de aprender, que não fosse necessário gastar um tempão fazendo chamadas, discutindo notas e conceitos, organizando a bagunça, convencendo os alunos de que aquele assunto que você estava ensinando era importante pra vida deles sem mesmo estar convencido disso (mas era obrigado porque ele constava no programa obrigatório da disciplina)? Onde o seu trabalho fosse orientar os alunos, indicando a melhor maneira de realizar uma tarefa que ele está afim de fazer, indicando textos, leituras, sites, discutindo com ele sobre as leituras que ele fez? Tirando as dúvidas que ele tem sobre o assunto que pesquisou?
Bom, em 2013 realizei pelo menos o sonho de conhecer essa escola de verdade. Diferente de quando Rubem Alves a conheceu, em 2000, atualmente a escola foi transferida para a região de Vila de S. Tomé de Negrelos, em um conjunto de prédios onde foram reunidas várias escolas públicas da região. O mais curioso é que ela está no meio de outros prédios, onde estão outras escolas tradicionais, convivendo com uma escola tão diferente!

Chegando à Escola da Ponte

A visita à Escola da Ponte é agendada, por e-mail, e, ao chegarmos lá, é guiada pelos próprios alunos (no nosso casa, eram 2 alunas). Fui com meu esposo, e ao chegarmos lá, conhecemos mais quatro brasileiras que estavam fazendo a visita também, o que reiterou a ideia que todos tinham: a Escola da Ponte faz mais sucesso no Brasil do que em Portugal!

Abaixo, uma foto do novo prédio, com as queridas doutorandas da UCPel Silvânia e Cândida, também professoras do Instituto Federal Farroupilha (RS) que conhecemos na visita à escola.


A visita mostra como a escola funciona. As duas alunas são como guias de turismo, que nos levam pelas salas de aula e espaços da escola em horário de aula, enquanto os demais colegas estão estudando, e vão nos explicando como funciona o aprendizado, a avaliação, e todas as atividades neste espaço. 

O que existe de diferente lá?
Na minha opinião, a principal diferença da Escola da Ponte com as demais escolas ditas "tradicionais" é que, naquela escola, se acredita que o conhecimento precisa ser conquistado juntamente com a autonomia. Então, desde cedo, desenvolve-se a autonomia nos alunos, para que estes regulem seu aprendizado, avaliem constantemente suas dificuldades, aquilo que já sabem, o ambiente social onde estudam...
Meu objetivo com esta postagem não é dar uma aula sobre a Ponte, para isso existem os textos e diversos cursos ministrados aqui no Brasil (veja aqui); mas sim, mostrar a experiência que vi com meus próprios olhos, e questionar se realmente é tão difícil tornar nossos alunos mais autônomos aqui no Brasil.
As aulas na Ponte não funcionam do modo como organizamos normalmente. Não há divisões por idade, turma ou disciplina, mas sim por etapas, ou núcleos, como são chamados. São 3 núcleos: iniciação, consolidação e aprofundamento . Os alunos de cada etapa dividem-sem em grupos, e cada grupo escolhe um tema a ser pesquisado e desenvolvido. Depois, escolhem um professor que os orienta durante o desenvolvimento de seu projeto de pesquisa. Na sala de aula existem diversos materiais que auxiliam o aluno na pesquisa: livros, computadores, mapas, cronogramas de atividades, cartazes, como mostra a figura abaixo:


Para exemplificar como isso funciona, a turma dos alunos menores, "Iniciação", estava estudando os sabonetes. A partir da escolha do tema sabonetes, os alunos criaram diversas questões, como: do que são feitos os sabonetes? para que servem os sabonetes? Por que os sabonetes são escorregadios? Por que algumas pessoas têm alergia a sabonetes? quais são as formas dos sabonetes? E assim por diante, ou seja, é possível, a partir do tema, aprenderem muita coisa, mobilizando conhecimentos de várias áreas, como química, física, matemática, língua portuguesa... A partir dessas perguntas os alunos realizam pesquisas, e os professores intervêm com o seu conhecimento, instruindo as pesquisas, que posteriormente são entregues e apresentadas aos demais colegas. O mais interessante, na minha opinião, é o processo como isso ocorre. Os alunos auto-regulam sua aprendizagem a partir de alguns objetivos traçados. Na sala de aula há diversas folhas afixadas onde eles registram aquilo que já aprenderam e podem ajudar e aquilo em que precisam de ajuda. Ao lado, há um espaço para o professor colocar uma observação, após verificar se as dúvidas foram resolvidas.



E sabem aquele tempão que perdemos na sala de aula fazendo chamada, recolhendo trabalhos e depois entregando os corrigidos? Na Ponte esse tempo é muito melhor aproveitado. Em um canto da sala há uma mesa com várias caixas, identificadas. Lá cada aluno entrega seus trabalhos, e depois pega os trabalhos com as observações do professor. E a chamada? Na porta da sala de aula há uma lista com os nomes dos alunos e as datas. Cada aluno, ao chegar à escola, anota sua presença (pode ser combinado uma cor, por exemplo, e o aluno colore a data com aquela cor). Um aluno é responsável por anotar também os alunos que faltaram a aula, com outra cor. Simples, não?

Mesa de materiais com as caixas onde os alunos deixam seus trabalhos e os retiram, após a leitura do professor

Lista de chamada onde os próprios alunos marcam sua presença

Para quem quiser conhecer mais sobre a Escola da Ponte, o novo site oficial deles é http://www.escoladaponte.pt. Ali você encontra vários documentos e materiais sobre a filosofia e história desta escola revolucionária!
Eles também possuem uma página no Facebook, onde divulgam as atividades que desenvolvem lá (bastante inspirador).
As coisas que mais me inspiram são as coisas simples, possíveis e criativas. A Escola da Ponte busca aliar, na educação de seus alunos, autonomia, solidariedade e responsabilidade, e por isso está sendo estudada por diversas instituições em todo o mundo. Será que é tão difícil assim, nós também, transformarmos nossas escolas naquelas em que sempre sonhamos?

Abraço a todos,
Vanessa.

5 de mai. de 2013

Uma escola de surdos em Lisboa

Olá pessoal

Estou feliz por estar de volta postando, depois de um período que precisei priorizar meus estudos. De volta ao Brasil, a minha casinha, aos meus projetos, e de volta ao Blog Vendo Vozes, quero aproveitar para contar a vocês um pouco das experiências que tive em Lisboa e que possam ser, de alguma maneira, úteis a vocês!

Hoje quero começar relatando uma escola de surdos que conheci chamada Escola Jacob Rodrigues Pereira. Estive lá por duas ocasiões, a primeira conhecendo a instalações da escola, a história, metodologia e projetos, através da grande ajuda do professor e coordenador Pedro Barros, e, em um segundo momento, pude assistir e participar de uma aula de Língua Portuguesa com a professora Susana Rebelo.

Sobre a escola
A Escola Jacob Rodrigues Pereira pertence à Associação Casa Pia, em Lisboa, desde 1834, quando começou como um instituto exclusivo para alunos surdos. Diferente de outras escolas, ela não é supervisionada pelo Ministério da Educação, mas sim, pelo Ministério da Seguridade Social de Portugal, e é a maior instituição de educação de surdos daquele país. Atualmente, também acolhe alunos ouvintes, embora os surdos ainda sejam maioria.

Fachada do instituto Jacob Rodrigues Pereira

O nome da escola é uma homenagem à Jacob Rodrigues Pereira, educador de surdos francês que viveu entre 1715 e 1780, e criou um método de ensino oral para surdos através de gestos, pois acreditou, na maior parte de sua vida, que o oralismo era a melhor opção para surdos. Ao final de sua vida, no entanto, ele se convenceu de que a comunicação em língua de sinais era uma melhor opção de comunicação e desenvolvimento dos surdos.

Busto de Jacob Rodrigues Pereira, na entrada da escola

Observação
Observei a aula de Língua Portuguesa de uma turma do 11° aluno do curso de ensino secundário profissionalizante de Desenho de Arquitetura. Embora a turma seja mista, durante algumas aulas (inclusive, as de Língua Portuguesa) os alunos surdos e ouvintes são separados. A turma de surdos era composta de 6 alunos surdos, com média de 19 anos. A turma era muito descontraída, e logo que a professora me apresentou a eles, se interessaram em me perguntar várias coisas sobre o Brasil, sobre a educação de surdos aqui e sobre a Libras. Alguns tinham muito interesse em vir para cá, e pesquisavam os sinais da Libras na internet, além de conheceram muitas coisas sobre o país, principalmente devido as novelas brasileiras que são transmitidas pelos canais de TV portugueses.


Queridos alunos da turma do 11° ano, eu à esquerda, e professora Susana à direita.


A aula era bilíngue, pois além da professora sinalizar em LGP (Língua Gestual Portuguesa), por vezes ela precisava oralizar para um dos alunos, que além de ter perdido a audição depois de adolescente é francês, e ainda está aprendendo a Língua Portuguesa. Que desafio, né? Então ela oralizada em português, e por vezes, em francês, para que o aluno também pudesse acompanhar. Uma outra curiosidade foi o tópico da aula: teatro, que lá também é competência do professor de português (Desafio 2!) Como aqui no Brasil, não há livros didáticos de LP para surdos, e os professores acabam desenvolvendo os materiais, com muita criatividade e recursos visuais. A sala de aula conta, além do quadro negro, de uma quadro "touch", daqueles brancos, como se fosse um monitor de computador gigante, que se pode clicar e tem vários recursos (todas as salas de aula possuem essa tela). Esse tipo de tecnologia é URGENTE  nas salas de aulas de surdos no Brasil, não acham? 

Agradeço à carinhosa recepção da Professora Susana, do Professor Pedro Barros, e dos alunos do 11° ano. Obrigada!

Para saber mais



26 de mar. de 2013

Notícias do 1º Symposium on Sign Language Acquisition

Olá queridos

Estou de volta para trazer notícias do último evento que participei, o 1º Symposium on Sign Language Acquisition, que ocorreu na semana passada na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.
O evento reuniu muitos pesquisadores do tema de vários países, por isso foi uma ótima oportunidade de ver de perto muitos autores de textos que lemos (como Anne Baker, Diane Lilo-Martin, Gary Morgan, Marc Marschark, entre outros), além de saber mais de suas últimas pesquisas, o que andam fazendo, suas opiniões, enfim, foi um evento muito rico.
Foi uma alegria também poder encontrar pesquisadoras brasileiras que participaram do evento, e ver como as pesquisas brasileiras sobre línguas de sinais e educação de surdos são respeitadas internacionalmente.

Palestra de Diane Lillo-Martin, sobre aquisição de línguas de crianças filhas de pais surdos, em parceria com a  Dra. Ronice Quadros, da UFSC


Acima, estou na companhia das queridas Rossana Passos e Ediléa Bernardino, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
A presença dos surdos do curso Pro-LGP também foi maciça. Aproveito mais uma vez o carinho e a atenção de todos comigo, sempre pacientes para tentar me entender em Libras.

Na foto acima, parte da turma 2 do Pro-LGP: Eu, Paula, Luisa, Marcia, Antonio, Débora (intérprete estagiária) e Helena. Faltou a Julia, que só apareceu depois, e ainda a Isabel, surda intérprete de surdocegos e da Língua de Sinais Internacional, ambas abaixo:



Aproveito para parabenizar a toda a equipe de organizadores do evento, especialmente à Professora Ana Mineiro, e espero que muitos outros ocorram, congregando pesquisadores já consagrados com aqueles que estão começando, possibilitando que o conhecimento seja produzido e compartilhado.

Na foto, em azul (primeiro plano), Professora Ana Mineiro, organizadora do evento. À esquerda, sua equipe (Sônia, Tânia, Mara e Sara) e demais professores da UCP.

O caderno de abstracts/resumos dos trabalhos apresentados no SLA podem ser acessados AQUI.
Disponibilizo abaixo, a quem interessar, minha apresentação em prezi (em língua inglesa, que era a língua oficial do evento). Meu trabalho consistia na análise de uma atividade de leitura dirigida a surdos universitários, parte da minha tese de doutorado em andamento.


Abraços a todos!
Vanessa

13 de mar. de 2013

Episódio do seriado "Switched at Birth" totalmente em língua de sinais

Oi pessoal!
Quem conhece o blog há algum tempo sabe que eu sou fã de um seriado americano chamado "Switched at Birth" (aqui eu apresentei a série), que está chegando ao final de sua segunda temporada. A série é produzida pelo canal americano ABC Family, e no Brasil é transmitida pelo canal a cabo Sony. A cada episódio os temos envolvendo questões de surdos se aprofundam, e mais atores surdos são incorporados ao elenco, principalmente agora que, ao invés de mostrarem as escolas das duas personagens principais (Bay, ouvinte, e Daphne, surda), as histórias se concentram na escola de surdos Carlton, para onde Bay e outros alunos ouvintes foram integrados.


Nas imagens acima, retiradas do episódio 09 do seriado "Switched at Bith", um cartaz gigante é colocado na fachada da escola, com a imagem de uma menina com uma mão no ouvido, e a outra erguida, em sinal de luta, com as palavras "Take back Carlton", que significa "Tomar Cartlon de volta". Na segunda imagem, os alunos surdos comemoram.

O episódio que foi ao ar na semana passada (temporada 2, episódio 9) foi um dos que mais me emocionou, e eu precisava muito compartilhar isso com vocês, e foi ao ar na data que marca os 25 anos dos protestos que marcaram a comunidade surda americana por um reitor surdo na Gallaudet University.  Carlton, a escola de surdos, está prestes a ser fechada pelo governo, e os alunos serão distribuídos em escolas inclusivas (algo que tem acontecido, de verdade, em muitos lugares, inclusive no Brasil). Os alunos, então, resolvem protestar contra o fim da escola, fazendo uma alusão direta (e inclusive, mencionada), na luta dos estudantes de Gallaudet (universidade americana de surdos) no final dos anos 80 (neste post você encontra mais informações e referências sobre este importante episódio da história da educação dos surdos). 
Normalmente, as cenas deste seriado contam com a verbalização, em língua inglesa, mesmo quando a cena é sinalizada, em língua de sinais americana, ou seja, o ator sinaliza, mas também fala, como recurso para auxiliar os telespectadores da série. Essa mesma estratégia é utilizada em filmes que usam a língua de sinais, como "Os Filhos do Silêncio", por exemplo. Pois bem, no episódio da semana, que afirma que os ouvintes só entenderão realmente os surdos quando estiverem em seu lugar, apenas a primeira cena e a última fala do episódio são verbalizadas. Os sons são retirados do episódio, sem fala, sem nenhum barulho, apenas uma pequena trilha sonora aparece, às vezes. Simbolicamente, Daphne, a personagem surda, tira seu aparelho auditivo no início do episódio, e sentimos, um pouco, do que ela sente. Em todas as cenas posteriores, todos os personagens sinalizam (para os telespectadores entenderem, usam as legendas). Desta forma, como é proposto pelos produtores, os lugares se invertem: são os ouvintes, e não os surdos, que se sentem perdidos, e precisam das legendas para compreenderem as cenas.

O anúncio do episódio totalmente em ASL (American Sign Language) foi tão intenso, que a própria Gallaudet University fez um comercial para ser transmitido no intervalo do episódio, relembrando os protestos de 1988 (que completaram, na semana passada, 25 anos). Vejam o comercial abaixo:


Tenho recomendado esta série para profissionais, professores e pesquisadores da área da educação de surdos, e todos os que querem entender um pouco mais esta cultura. Em alguns cursos, já utilizei pequenos trechos de algum episódio para fomentar discussões, e a resposta tem sido bastante positiva.
Espero que todos tenham a oportunidade de ver esse episódio, e quem puder, publique sua opinião aqui nos comentários, ok?

Abraços a todos!
Vanessa

11 de mar. de 2013

Conhecendo o curso Pro-LGP

Olá queridos, como estão?

Não estou tendo muito tempo para fazer postagens mais completas aqui no blog, mas procuro atualizar sempre que possível a página do facebook, com links, eventos, e algumas sugestões mais rápidas, por isso convido vocês a conhecerem, em https://www.facebook.com/vendovozes.

Hoje quero aproveitar para falar um pouco sobre o curso, aqui de Portugal, onde vim pesquisar, o Pro-LGP, da Universidade Católica PortuguesaO curso é uma licenciatura em Língua Gestual Portuguesa (LGP), semipresencial, ou seja, funciona através de educação a distância e encontros presenciais, cujo objetivo é formar profissionais no ensino de LGP e, por isso, é voltado para surdos que se comunicam através desta língua. As unidades curriculares são apresentadas nos encontros presenciais, pelo professor responsável, com o suporte de intérpretes de LGP, que também são tutores. Durante a semana, os alunos aprofundam seus conhecimentos através de estudos e atividades que constam nos materiais (livros da disciplina e plataforma virtual), discutem e tiram as dúvidas com os tutores através desta plataforma, com uma carga horária de atividades de aproximadamente 20 horas por semana.

Prédio do campus da Universidade Católica Portuguesa em Lisboa

A princípio, o curso me parecia ser muito parecido com o Letras-Libras, que temos no Brasil, mas são cursos bem diferentes. O Pro-LGP tem somente alunos surdos, o que cria uma atmosfera diferente, já que os conteúdos são ensinados totalmente em língua de sinais. Além disso, ele forma apenas para ensinar, proporcionando uma carga horária maior de disciplinas que estudam aquisição de linguagem, ensino de línguas e didática.

Layout do site do curso Pro-LGP, disponível em http://www.pro-lgp.com/home/home.html

O curso Pro-LGP é organizado através de três grandes áreas de estudos, em um total de 27 disciplinas, chamadas de “planos de estudos”, enumeradas abaixo. As áreas são Ciências da linguagem (de 1 a 12), Neurociências (13 a 19) e Ciências da educação (20 a 27), que procuram formar um profissional com conhecimento linguístico não apenas cultural, mas também biológico e capacitado para o ensino da língua de sinais.

  1. Português como L2 I, II e III
  2. Literatura das Línguas Gestuais
  3. Introdução aos Estudos Linguísticos
  4. Linguística I (Fonética e Fonologia)
  5. Linguística II (Morfologia)
  6. Linguística III (Sintaxe)
  7. Linguística IV (Semântica)
  8. Linguística V (Sociolinguística e Pragmática)
  9. Investigação em Linguística das Línguas Gestuais
  10. Lexicologia e Lexicografia nas Línguas Gestuais
  11. Escrita das Línguas Gestuais I
  12. Escrita das Línguas Gestuais II.
  1. Introdução à Surdez
  2. Introdução às Neurociências
  3. Bases Biológicas da Linguagem e Aquisição da Linguagem
  4. Neurociências e CogniçãoIntrodução à Surdez
  5. Introdução às Neurociências
  6. Bases Biológicas da Linguagem e Aquisição da Linguagem
  7. Neurociências e Cognição
  1. História da Educação de Surdos I
  2. História da Educação de Surdos II
  3. Estudos Surdos I
  4. Estudos Surdos II
  5. Ensino a Distância para Surdos
  6. Introdução às Ciências da Educação
  7. Métodos de Ensino e de Aprendizagem
  8. Ensino e Aprendizagem da LGP como L2

Os planos de estudos listados acima são ministrados através dos encontros presenciais, do ambiente virtual e das publicações impressas do curso. Cada publicação, em língua portuguesa, acompanha um DVD com o mesmo conteúdo traduzido para a LGP. São, no total, 22 volumes, com os seguintes títulos:
  1. Ensino a Distância em e-Learning: conceitos e práticas
  2. História da Educação de Surdos I
  3. Introdução aos Estudos Linguísticos
  4. Introdução à Fonética e Fonologia na LGP e na Língua Portuguesa
  5. Introdução à Neurociências
  6. Português como Língua Segunda para Surdos I
  7. Introdução à Surdez
  8. Bases biológicas e Aquisição de Linguagem
  9. Introdução às Ciências da Educação – Temas e problemas da educação inclusiva
  10. História da Educação de Surdos II
  11. Literatura das Línguas Gestuais
  12. Estudos Surdos I – Obras de referência
  13. Português como Língua Segunda para Surdos II
  14. Escrita das Línguas Gestuais
  15. Um olhar sobre a morfologia dos Gestos
  16. Questões sobre Ensino e Aprendizagem
  17. Sintaxe das Línguas Gestuais
  18. Introdução à Semântica Cognitiva
  19. Pragmática e Sociolinguística
  20. Neurociências e cognição
  21. Os Dicionários e os Avatares Gestuais
  22. Estudos Surdos II
Outra coisa legal é que os livros produzidos pelo curso são vendidos comercialmente, ou seja, qualquer pessoa pode adquiri-los nas livrarias de Portugal, o que amplia e muito a possibilidade de outros grupos se qualificarem e produzirem discussões e pesquisas nestas áreas. É possível encontrar a coleção completa, com os respectivos autores, índices e maiores informações no site da editora da universidade, aqui, que comercializa a coleção (os preços estão em euros). Algumas pesquisadoras brasileiras contribuem com as obras, como Ronice Müller de Quadros, Sandra Patrícia de Faria do Nascimento e Marianne Stumpf.

Exemplos de alguns livros da coleção Pro-LGP.

Devido a demanda de um vocabulário em Língua Gestual Portuguesa para os termos referentes às ciências da linguagem, o curso conta com um projeto para a criação, sistematização de divulgação desses sinais. É possível consultar um dicionário terminológico no próprio site do curso, no link http://pro-lgp.com/dicionario/index.html.
Para saber mais, visite o site do curso AQUI.

Pelo pouco que pude acompanhar, o curso me parece muito interessante, com uma equipe bastante empenhada e produzindo pesquisas inéditas e relevantes. Aproveito para agradecer o apoio e a gentileza com que a equipe formadora e os alunos têm me recebido. Obrigada!


23 de jan. de 2013

Curso de audiodescrição em Porto Alegre

por Vanessa

Olá queridos leitores! 
Em posts passados já havíamos publicado cursos de audiodescrição em SP e no RJ. A novidade deste ano é que estão abertas as inscrições para um curso de extensão em audiodescrição em Porto Alegre, pela UFRGS. É um curso que, se estivesse no Rio Grande do Sul, certamente faria, mas vou esperar uma próxima edição. 

Mas, o que é audiodescrição?

Segundo o site Audiodescrição, este recurso consiste na descrição clara e objetiva de todas as informações que compreendemos visualmente e que não estão contidas nos diálogos, como, por exemplo, expressões faciais e corporais que comuniquem algo, informações sobre o ambiente, figurinos, efeitos especiais, mudanças de tempo e espaço, além da leitura de créditos, títulos e qualquer informação escrita na tela.
A audiodescrição permite que o usuário receba a informação contida na imagem ao mesmo tempo em que esta aparece, possibilitando que a pessoa desfrute integralmente da obra, seguindo a trama e captando a subjetividade da narrativa, da mesma forma que alguém que enxerga.
As descrições acontecem nos espaços entre os diálogos e nas pausas entre as informações sonoras do filme ou espetáculo, nunca se sobrepondo ao conteúdo sonoro relevante, de forma que a informação audiodescrita se harmoniza com os sons do filme.
Exemplo
Para dar um exemplo sobre o que é um filme com audiodescrição, assistam abaixo o trailer do Filme "Colegas", cuja audiodescrição foi feita pela equipe Tagarellas, que ministrará o curso em Porto Alegre:



As informações do curso
Estão abertas as inscrições para o curso de extensão “Audiodescrição e suas intersecções com a Educação”, da Faculdade de Educação da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110 – Centro Histórico – Porto Alegre/ RS). As aulas ocorrem de 16 de março a 29 de junho, sempre aos sábados pela manhã.

O curso destina-se a professores de todas as áreas do conhecimento, pedagogos, profissionais que atuam em museus, bibliotecas, teatros e centros culturais, produtores culturais, comunicadores e gestores culturais (alunos da UFRGS ou da comunidade externa).

As atividades são oferecidas pela equipe da Tagarellas Audiodescrição, tendo como coordenadores Felipe Mianes (historiador e doutorando em Educação pela UFRGS) e Mariana Baierle (jornalista e mestre em Letras pela UFRGS) – ambos com baixa visão e Audiodescritores Consultores. Como professoras convidadas estão Mimi Aragon (publicitária e Roteirista de Audiodescrição) e Marcia Caspary (locutora, Roteirista e Narradora de Audiodescrição). Toda equipe da Tagarellas Audiodescrição tem formação específica na área e experiência em audiodescrição de livros, materiais didáticos, exposições de arte, peças de teatro, cinema, espetáculos de dança, seminários e eventos.

Este curso tem o objetivo de instrumentalizar profissionais da área da Educação – não somente da Educação restrita à sala de aula, mas da Educação como um todo, envolvendo diversos ambientes culturais – para que conheçam o recurso e possam aplicá-lo de modo a tornar os espaços culturais acessíveis a todos. Tendo em vista que a formação de um audiodescritor profissional não caberia em apenas um semestre de extensão universitária, busca-se, neste curso, proporcionar uma formação inicial acerca do recurso, da legislação brasileira e da discussão acerca da ampliação de sua aplicabilidade e das intersecções com o campo da Educação.

A carga horária é de 60 horas, com valor único de R$ 350,00, com certificação pela Pró-Reitoria de Extensão da UFRGS. Todas as informações referentes às inscrições, cronograma, ementa e bibliografia estão no blog do curso: http://educadfaced.blogspot.com.br.

Referências desta postagem
http://audiodescricao.com.br/ad/o-que-e-audiodescricao/
http://www.youtube.com/user/Tagarellas?feature=watch
http://educadfaced.blogspot.com.br/


21 de jan. de 2013

Deficiência e Sexualidade: Filme "As Sessões"

Esta semana assisti ao filme "As sessões", aqui em Portugal intitulado "Seis sessões", que está nos cinemas portugueses atualmente, e achei o filme muito interessante, justamente por tratar de um tema tão pouco comentado: a sexualidade na deficiência. O filme conta a história do poeta e jornalista Mark O'brian, que teve poliomelite aos 6 anos de idade, e ficou com o corpo paralisado após a doença. Mark conseguiu estudar e se formar, e teve uma carreira bem-sucedida. Entretanto, sentia falta de relacionar-se afetiva e fisicamente com uma mulher, e encontrava dificuldade em realizar essa necessidade, até que foi aconselhado por sua terapeuta a contratar uma assistente sexual.
O filme mostra, então, como o nome sugere, as sessões que Mark teve com Cheryl, a assistente contratada.
O roteiro foi construído a partir do artigo publicado pelo próprio Mark contando esta experiência, "On seeing a sex surrogate" (disponível aqui) e mistura momentos de comédia e drama, sempre de maneira sensível e natural.
Estrelado pelos atores John Hawkes e Helen Hunt, o filme ganhou vários prêmios e está na lista dos concorrentes ao Oscar 2013 para melhor atriz coadjuvante.




Abaixo, o trailer oficial com legenda em português:



Algum leitor do blog já assistiu ao filme?