Olá pessoal
Quando se faz um estudo científico que envolva usuários de Línguas de Sinais, a transcrição deles é sempre um desafio. Abaixo exemplifico alguns sistemas de transcrição, manuais ou informatizados, e no final do post as bibliografias utilizadas e links para copiar estes arquivos.
Em estudos feitos no Brasil onde a utilização de sistemas de transcrição de LS foi necessária, encontramos basicamente dois tipos de sistemas: o Sistema de Transcrição em Sinais, exposto por Quadros e Karnopp (2004) e o Sistema de Notação em Palavras, desenvolvido e utilizado pela Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos (FENEIS). Levando em conta alguns fatores, como a necessidade de um sistema simples e de fácil compreensão para não-usuários de LS, este trabalho baseia-se na escolha adotada por Maria do Socorro Correia Lima (2004) em sua tese de doutorado. A autora explica que utilizou na pesquisa apenas uma parte do Sistema de Notação em Palavras, para efeito de simplificação, e também discorre que este se denomina assim porque as palavras de uma língua oral (no caso, Língua Portuguesa) serão utilizadas para representação aproximada dos sinais da LIBRAS.
Simplificadamente, o Sistema de Notação em Palavras funciona assim:
· Os sinais em LIBRAS, para efeito de simplificação, são representados por itens lexicais do português em letras maiúsculas. Exemplos: BRINCADEIRA, ESCOLA, SURDO.
· A datilologia (alfabeto manual), que é utilizada para expressar nome de pessoas, de localidades e outras palavras que não possuem um sinal específico, é representada pela palavra separada por hífen. Exemplos: E-S-C-O-V-A-R, M-I-S-S-Ã-O.
· Para os sinais não manuais (expressões facial e corporal) que são realizados simultaneamente com um sinal, para simplificação, são utilizadas, para a representação de frases nas formas exclamativas e interrogativas, os sinais de pontuação usados na escrita de línguas orais, ou seja: !, ? e !?.
· A língua oral, que é utilizada pelos sujeitos investigados (professora ouvinte, pesquisadora ouvinte, alunos surdos), é representada em letra minúscula e escrita em itálico.
· Os comentários explicativos utilizados no decorrer da transcrição tanto dos sinais como das falas, são representados em letra minúscula entre parênteses.
· A pantomima[1] é representada em letra maiúscula, escrita em negrito
e em itálico.
· A mímica[2] é representada em letra maiúscula, escrita em negrito.
· A tradução da língua de sinais é representada entre colchetes.
Na língua de sinais não existem desinências para gêneros (feminino e masculino) e número (plural), portanto, o sinal, representado por palavra do português e que possui estas marcas, recebe o símbolo @ para demarcar a idéia de ausência e não causar confusão quanto a estes aspectos. Exemplos: meu@ (meu[s] e minha[s]), amig@ (amigo[s] e amiga[s]), fri@ (frio[s] e fria[s]). As marcas de plural podem ser visualizadas através da repetição do sinal, e a representação será feita por um sinal de mais localizado no lado direito do sinal que está sendo repetido. Exemplos: CASA+, ÍNDIO+.
McCleary e Viotti (2007) listam algumas ferramentas que possibilitam a transcrição de dados em LS de maneira informatizada, onde é possível visualizar gravações de vídeo e realizar anotações simultaneamente, como o ANVIL (Annotation of vídeo and language data), ELAN (EUDICO Language Annotator), CLAN (Computerized Language Analysis), SIGNSTREAM e TRANSAMA. No Brasil, o ELAN[3] tem sido utilizado com sucesso em pesquisas onde a transcrição detalhada da LIBRAS é fundamental.
[1] Representação de uma história exclusivamente através de gestos, expressões faciais e movimentos, especialmente no drama ou na dança; mímica. A arte de representar exclusivamente por meio de movimentos corporais (Lima, 2004, p.114).
[2] A gesticulação que acompanha a fala oral (Lima, 2004, p.114).
[3] “Criado pelo Instituto Max Planck de Psicolingüística especificamente para análise lingüística, está sendo desenvolvido junto a um grupo de pesquisadores de línguas de sinais. Permite múltiplas trilhas customizáveis para anotações e vídeos simultâneos. Distribuído gratuitamente para plataformas PC, Mac e Unix. Sítio:” (McCleary Viotti, 2007, p.18).
Simplificadamente, o Sistema de Notação em Palavras funciona assim:
· Os sinais em LIBRAS, para efeito de simplificação, são representados por itens lexicais do português em letras maiúsculas. Exemplos: BRINCADEIRA, ESCOLA, SURDO.
· A datilologia (alfabeto manual), que é utilizada para expressar nome de pessoas, de localidades e outras palavras que não possuem um sinal específico, é representada pela palavra separada por hífen. Exemplos: E-S-C-O-V-A-R, M-I-S-S-Ã-O.
· Para os sinais não manuais (expressões facial e corporal) que são realizados simultaneamente com um sinal, para simplificação, são utilizadas, para a representação de frases nas formas exclamativas e interrogativas, os sinais de pontuação usados na escrita de línguas orais, ou seja: !, ? e !?.
· A língua oral, que é utilizada pelos sujeitos investigados (professora ouvinte, pesquisadora ouvinte, alunos surdos), é representada em letra minúscula e escrita em itálico.
· Os comentários explicativos utilizados no decorrer da transcrição tanto dos sinais como das falas, são representados em letra minúscula entre parênteses.
· A pantomima[1] é representada em letra maiúscula, escrita em negrito
e em itálico.
· A mímica[2] é representada em letra maiúscula, escrita em negrito.
· A tradução da língua de sinais é representada entre colchetes.
Na língua de sinais não existem desinências para gêneros (feminino e masculino) e número (plural), portanto, o sinal, representado por palavra do português e que possui estas marcas, recebe o símbolo @ para demarcar a idéia de ausência e não causar confusão quanto a estes aspectos. Exemplos: meu@ (meu[s] e minha[s]), amig@ (amigo[s] e amiga[s]), fri@ (frio[s] e fria[s]). As marcas de plural podem ser visualizadas através da repetição do sinal, e a representação será feita por um sinal de mais localizado no lado direito do sinal que está sendo repetido. Exemplos: CASA+, ÍNDIO+.
McCleary e Viotti (2007) listam algumas ferramentas que possibilitam a transcrição de dados em LS de maneira informatizada, onde é possível visualizar gravações de vídeo e realizar anotações simultaneamente, como o ANVIL (Annotation of vídeo and language data), ELAN (EUDICO Language Annotator), CLAN (Computerized Language Analysis), SIGNSTREAM e TRANSAMA. No Brasil, o ELAN[3] tem sido utilizado com sucesso em pesquisas onde a transcrição detalhada da LIBRAS é fundamental.
[1] Representação de uma história exclusivamente através de gestos, expressões faciais e movimentos, especialmente no drama ou na dança; mímica. A arte de representar exclusivamente por meio de movimentos corporais (Lima, 2004, p.114).
[2] A gesticulação que acompanha a fala oral (Lima, 2004, p.114).
[3] “Criado pelo Instituto Max Planck de Psicolingüística especificamente para análise lingüística, está sendo desenvolvido junto a um grupo de pesquisadores de línguas de sinais. Permite múltiplas trilhas customizáveis para anotações e vídeos simultâneos. Distribuído gratuitamente para plataformas PC, Mac e Unix. Sítio:
BIBLIOGRAFIA
LIMA, M. S. C. Surdez, bilingüismo, inclusão: entre o dito, o pretendido e o feito. Tese (Doutorado em Lingüística Aplicada). – UNICAMP, 2004.
McCLEARY, L.; VIOTTI, E. (2007). Transcrição de dados de uma língua de sinais: Um estudo piloto da transcrição de narrativas na língua de sinais brasileira. In: SALLES, H. (Ed.) Bilingüismo e surdez: Questões lingüísticas e educacionais. Goiânia, GO: Cânone Editorial.
QUADROS; KARNOPP, L. B. Língua de sinais brasileira: estudos lingüísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
McCLEARY, L.; VIOTTI, E. (2007). Transcrição de dados de uma língua de sinais: Um estudo piloto da transcrição de narrativas na língua de sinais brasileira. In: SALLES, H. (Ed.) Bilingüismo e surdez: Questões lingüísticas e educacionais. Goiânia, GO: Cânone Editorial.
QUADROS; KARNOPP, L. B. Língua de sinais brasileira: estudos lingüísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.