13 de nov. de 2010

Promoção livro: Educação de Surdos

Olá pessoal
O blog Vendo Vozes vai sortear um livro "Educação de Surdos: políticas, língua de sinais, comunidade e cultura surda", Organizado por Lucyenne Matos da Costa Vieira-Machado e Maura Corcini Lopes, autografado. O livro é lançamento da Edunisc, e discute uma temática longe de ser considerada esgotada transitando por diferentes conceitos como política, língua de sinais e cultura: a “Educação dos Surdos”. As diferentes abordagens adotadas pelas autoras e pelos autores que aqui se inscrevem nos apresentam possibilidades de ver essa temática central com diferentes olhos. E em tempos em que a Língua de Sinais Brasileira e as políticas educacionais e linguísticas para pessoas surdas habitam nossas discussões e práticas, o leitor interessado na temática da educação de surdos pode se deliciar comas reflexões sérias  e comprometidas que cada autora e autor elencaram para contribuir com as práticas e os estudos sobre surdos e surdez.


Para participar do sorteio,  basta
comentar, nesta postagem, respondendo: "Por que você quer ganhar o livro Educação de Surdos?", com comentário identificado (nome e e-mail).
Pode participar qualquer morador do território nacional,  até o dia 22/11. O contato com o vencedor será feito por e-mail, e o livro será enviado pelo correio.
(O comentário será publicado após liberação do administrador; somente concorrerá ao sorteio quem se identificar com nome e e-mail e responder no campo "comentários".)
Participe e boa sorte!


---------INSCRIÇÕES ENCERRADAS! ------

8 de nov. de 2010

Dicas para a Feira do Livro de Porto Alegre (2010)

Olá pessoal! Para aqueles que pretendem visitar a Feira do Livro de Porto Alegre e se interessam pelos assuntos tratados aqui no blog (Línguas de sinais, Educação de surdos, cultura surda...), preparei este post especial para indicar algumas atrações e estandes interessantes.

  • A primeira dica é visitar o Portal Libras, um setor da Feira (ainda modesto) que pretende expor alguns materiais disponíveis a respeito da educação de surdos, Libras e literatura surda. Dê uma passadinha lá, converse com a simpática Priscila Damasceno e ainda ganhe brindes! Aproveite para dar uma olhada nos pôsteres de pesquisas sobre o tema.
  • Além disso, ao lado do Portal Libras, o estande da Caixa Econimica Federal conta com a presença de intérpretes de Libras (durante todo o evento).
  • Lançamentos com sessão de autógrafos
10/11
19h30
Local: Praça de Autógrafos - Praça da Alfândega - Sessões de Autógrafos
Participantes: Ronice Muller Quadros, Carina Rebello Cruz
Obra: Instrumento de Avaliação da Língua de Sinais
13/11
14h30
Educação de Surdos:  políticas, língua de sinais, comunidade e cultura surda". Organizadoras: Lucyeme Matos da Costa Vieira-Machado e Maura Corcini Lopes. Edunisc.





  •  A feira também conta com uma programação especial, no dia 15/11:

Evento: Contação de História em Libras em perspectiva: contadores e intérpretes

Local: Casa do Pensamento

Dia: 15 de novembro de 2010

Horário: 09:00 – 12:30 / 13:30 – 17:00

Programação

Manhã
09:00 – 10:30 - Mesa Redonda com Augusto Schallenberger e Fabiano Souto Rosa

10:30 – 10:45 – Intervalo

10:45 – 12:30 – Oficina prática de contação de histórias com Augusto Schallenberger e Fabiano Souto Rosa.

Almoço

Tarde
13:30 – 15:00 – Mesa Redonda com Ângela Russo e Maria Cristina Pires Pereira (a confirmar)

15:00 – 15:15 – Intervalo

15:15 – 17:00 – Oficina prática de interpretação de história com Ângela Russo e Maria Cristina Pires Pereira  (a confirmar)

Inscrições no site da AGILS (clique aqui)

Você tem mais alguma dica ou sugestão para a Feira do Livro? Comente aqui!
Abraço,
Vanessa.


1 de nov. de 2010

Trabalhos sobre sistemas de escritas de sinais


 Dois trabalhos muito interessantes foram apresentados no CELSUL 2010 a respeito do mesmo tema: Escrita de sinais. Os sistemas de escritas de sinais buscam uma forma prática e econômica de representar graficamente as línguas de sinais, seja para manter um registro da produção destas línguas, do vocabulário, para realizar estudos linguísticos comparativos e analíticos sobre as línguas de sinais, ou mesmo como uma ferramenta mediadora na alfabetização do surdo. No Brasil, há alguns anos, já se estuda o SignWriting, (SW) ,um sistema que foi criado em 1981 nos Estados Unidos. Em 1997, Mariangela Estelita cria o ELiS, Escrita de línguas de sinais, aqui no Brasil, e o reformula em 2008, em sua tese de doutorado. A ideia é criar um sistema de escrita de sinais mais fácil e de aprendizagem mais rápida do que o SW.
No GT que participei, portanto, Mariângela Estelita apresentou um trabalho sobre como está se dando o processo de aprendizagem do ELiS, aparentemente mais simples de se aprender, e que, em breve, será aplicado ao ensino de surdos em uma escola de Goiás.
Para aqueles que quiserem ler o artigo completo do artigo ELIS – ESCRITA DAS LÍNGUAS DE SINAIS: SUA APRENDIZAGEM, clique aqui!
Dra. Mariângela Estelita

Apresentação sobre o sistema ELiS



O outro trabalho, de autoria de Bianca Pontin e Erika Vanessa de Lima Silva, intitulava-se LÍNGUA ESCRITA: PORTUGUÊS/SINAIS (SW) e foi apresentado por Erika, que mostrou como o SW é um impotante instrumento de mediação para a alfabetização da criança surda, cuja L1 é a Língua de Sinais, afinal de contas, faz muito mais sentido que a criança seja alfabetizada primeiramente em sua L1, para depois conhecer a escrita de uma L2. Através de videos, foi possível perceber a enorme evolução de crianças surdas expostas ao sistema de escrita de sinais. Clique aqui para acessar o artigo completo de Bianca e Erika.

Erika fala sobre os sistemas de escritas de sinais
 Pelo fato de os dois trabalhos terem sido apresentados no mesmo GT e no mesmo dia, foi possível debatermos a respeito da importância da adoção de um sistema de escrita de sinais por professores de surdos, tanto no seu período de alfabetização quanto no seu processo de letramento como um todo. Portanto, é muito importante que esses sistemas de sinais sejam difundidos, e as pesquisas a respeito de sua aplicabilidade sejam ampliados. Não pretendo, neste espaço, eleger qual dos sistemas é o melhor, mais eficaz, pois ainda há muito o que ser analisado e debatido, mas não precisamos escolher apenas um sistema de escrita, assim como, na sociedade ouvinte, também não existe apenas uma maneira de representação gráfica das línguas. Penso que o essencial é que conheçamos esse recurso, e que, com seu uso efetivo na educação de surdos, um pouco do grande abismo que separa a língua de sinais com o ensino de Língua Portuguesa escrita seja diminuído.
E você, o que pensa sobre esses sistemas de escrita? Conhece algum deles? Opine!
Abraço,
Vanessa.


29 de out. de 2010

Trabalho de Lilian Coelho Pires no CELSUL 2010

Continuando a divulgar os trabalhos que foram apresentados no CELSUL que possuem relação com as temáticas tratadas no blog, hoje quero falar sobre o trabalho de Lilian Coelho Pires, que apresentou sua dissertação de mestrado na UFSC, e atualmente cursa doutorado em Linguística na UnB. O título do trabalho é "AQUISIÇÃO DO PORTUGUÊS ESCRITO POR SURDOS USUÁRIOS DE LSB: EFEITOS DA INTERFERÊNCIA DA L1 EM CONTEXTO DE CONCORDÂNCIA VERBAL". Nem preciso falar que achei o trabalho muito interessante, já que a temática é de grande interesse meu. Achei importante a comparação que Lilian propôs ao comparar a interferência da Língua de Sinais em relação a concordância verbal, considerando que, em Língua Portuguesa, algumas infinitivas são licenciadas, ou seja, elas permanecem no infinitivo, como na frase "Eu quero comer". Devemos considerar essa ocorrência no ensino de LP como L2 ou LE, que certamente gera dificuldades no aprendizado das regras gramaticais.
Abaixo, o resumo do artigo. Para aqueles que se interessarem, baixe o arquivo completo AQUI!
Resumo: Aquisição do português escrito por surdos usuários de LSB: Efeitos da interferência da L1 em contexto de concordância verbal Discutirei sobre a aquisição da língua portuguesa (LP) escrita como segunda língua (L2) por sinalizantes surdos, tendo a Língua de Sinais Brasileira (LSB) como primeira língua (L1). São dois os objetivos. O primeiro é comparar os valores paramétricos entre o português escrito e a LSB referente à concordância verbal e ao apagamento de argumentos do verbo em uma sentença, objetivando verificar na estrutura sintática das sentenças escritas em português pelos sinalizantes se há interferência da L1 na aquisição da L2. Os dados foram obtidos por meio de testes experimentais intralínguas com produção eliciada realizados com dezessete surdos, filhos de pais ouvintes, cursando o ensino médio. Dadas as diferenças paramétricas entre as duas línguas, visa-se saber o modo pelo qual a GU é acessada na aquisição da L2, pois se acredita, conforme a Hipótese de Acesso Parcial (Shauchter, 1989 e Strozer, 1992), que
inicialmente o sinalizante de LSB, ao aprender o português escrito, transferirá os valores da L1 na aquisição da L2. O segundo objetivo, decorrente do primeiro, será discutir em que níveis a transferência de propriedades ocorre entre as duas línguas, considerando-se que os sinalizantes tiveram contato com a LSB em diferentes idades. Ao final, questiono sobre o quão bilingue são os informantes e sua educação, a fim de refletir se esse processo é realmente bilíngue. Pretendo, portanto, discutir a transferência de valores paramétricos de concordância verbal da L1 (LSB) na aquisição da L2 (LP) e levantar questões que podem subsidiar uma reflexão futura sobre educação bilingue dos surdos.

Abraços a todos, espero os comentários.
Lilian, parabéns pelo seu trabalho. Espero encontrá-la novamente!

25 de out. de 2010

Notícias do CELSUL 2010

Olá pessoal!
O CELSUL (Encontro do Círculo de estudos linguísticos do Sul) 2010, da semana passada, foi superlegal! O GT que participei, Linguística e Língua de Sinais, coordenado pelas professores Ronice Quadros e Rossana Finau estava muito especial, com trabalhos incríveis a respeito do tema, de várias partes do país, e com a presença de pesquisadores que enriqueceram muito as discussões do GT. Foi tanta coisa que não cabe em um post só, então, ao longo do tempo, vou comentando e postando trabalhos que encontrei por lá e compartilho com vocês, ok?
Primeiramente, quero mostrar uma foto bem legal do último dia do GT, com a galera que permaceu lá até o final.

É muita gente para colocar o nome de todos, mas ao longo dos posts vou mostrando os trabalhos individuais que foram apresentados, e então eu cito o nome dos colegas.
Para começar, vou falar do trabalho que apresentei: "A fala-em-interação em sala de aula de língua de sinais como segunda língua", foi um artigo que escrevi durante uma disciplina de mestrado, há alguns anos, mas que tinha muita vontade de publicar, para trazer um pouco da análise da conversa para a área da educação em contexto de língua de sinais. Foi uma experiência interessante. Para quem quer saber mais sobre o tema, apresento abaixo o resumo do artigo. Ele pode ser acessado diretamente da página do CELSUL, clicando aqui!
Resumo: A fala-em-interação em sala de aula de Língua de Sinais como segunda língua


O presente trabalho, desenvolvido durante curso de mestrado, busca investigar como ocorre a fala-em-interação em sala de aula de língua de sinais (LS) como segunda língua (L2) e observar como se dão as sequências de turnos na interação entre professor e aluno e entre os alunos, focalizando as sequências de correção, realizada pelo professor ou por colegas, ou pergunta do aluno para o professor. Cabe esclarecer que, neste contexto, o professor é surdo, usuário fluente de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e seus

Apresentação do meu artigo.

alunos são ouvintes, falantes de língua portuguesa (LP), com pouco ou nenhum conhecimento anterior em LIBRAS. O objetivo, portanto, é procurar, neste contexto, elementos descritos por Pedro de Moraes Garcez (2006) e Conceição et al. (2005), como a sequência triádica e o revozeamento, e como eles ocorrem em uma sala de aula de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). O estudo foi inspirado na tese de doutorado de Audrei Gesser (2006), onde a autora observou uma sala de aula de LIBRAS para “descrever as ações e os significados locais na interação social face a face entre um professor surdo e seus alunos ouvintes em um contexto de ensino e aprendizagem de LIBRAS” (Gesser, 2006, ix), porém, a pesquisa de Gesser (2006), adotou como metodologia a observação participante e notas de campo. Neste artigo, entretanto, os dados coletados através de gravação em vídeo, são transcritos e analisados no contexto pretendido, à luz da Análise da Conversação, para verificar se e como as sequências de IRA e revozeamento aparecem neste contexto.

Abraço a todos, aguardo comentários aqui no blog.
Vanessa

19 de out. de 2010

CELSUL 2010 e artigos sobre Tradução

Oi pessoal!
Começa amanhã o CELSUL 2010, que eu já havia publicado aqui no blog. Para aqueles que quiserem assistir aos trabalhos, palestras e pôsteres, ou ainda, ter acesso aos artigos dos trabalhos que serão apresentados, pode clicar aqui.  Lembrando que os GTs que tratam dos assuntos de LIBRAS e Linguística, são os Gts 2 e 7 (no qual participarei:
Bloco B – sala 217
GT 7 – Linguística e língua de sinais
Coordenadores: Ronice Müller de Quadros (UFSC); Rossana Finau (UTFP)
20/10 (14:30-16:00)
1. A fala-em-interação em sala de aula de Língua de Sinais como segunda língua – Vanessa de Oliveira Dagostim Pires
Para os que participarão, até amanhã!
Maiores informações: http://www.celsul.org.br/unisul/index.htm

6 de out. de 2010

Literatura Surda - Parte I

Não sei como, em tanto tempo de blog, ainda não havia postado nada a respeito de Literatura Surda! Mil perdões! Espero me redimir e começar a tratar desse assunto mais frequentemente, visto que é tão necessário e pouco divulgado.
A Literatura Surda é toda literatura desenvolvida por e para surdos, com o objetivo de difundir e registrar a cultura e a comunidade surda, e a língua de sinais. As obras de literatura surda retratam tanto histórias próprias, criada por surdos, ou integrantes da cultura surda, como adaptações de clássicos da literatura repensadas sob a visão da comunidade surda. Ela pode e deve ser utilizada como um importante veículo de alfabetização e letramento dos surdos, pois ali o sujeito surdo poderá se reconhecer, o que o estimulará a desenvolver a leitura. Ela também pode ser um rico material didático para o ensino de línguas para surdos, podendo ser adaptada para diversas línguas, recontada, contada em Língua de Sinais, etc...
Além de todas essas vantagens, a literatura surda sensibiliza os ouvintes para refletir sobre o tema, por isso é muito interessante indicar a leitura dessas obras em cursos de formação de professores, cursos de LIBRAS ou mesmo em aulas de ensino regulares, como instrumento de trabalho sobre respeito às diferenças.
Conheci as primeiras obras de Literatura Surda quando iniciei meu curso de LIBRAS, e o instrutor nos ensinava vários sinais a partir daquelas histórias, além de trabalharmos expressão corporal e desinibição, pois tínhamos que encenar a obra, em LIBRAS, obviamente. Em outros cursos de LIBRAS que realizei, a prática se repetiu, e todos os alunos adoraram!

Hoje vou começar então, indicando alguns materiais que tratam sobre a Literatura Surda, para quem quer saber mais sobre o assunto:

E você, já conhece a Literatura Surda? Que outras obras você recomenda?

5 de out. de 2010

Inclusão na Feira do Livro de Porto Alegre

01.10.2010
Plataforma para a inclusão

A inclusão das pessoas com deficiência será tema de palestras e debates durante a 56ª Feira do Livro de Porto Alegre. Um dos eventos ocorre no dia 31 de outubro, na Casa do Pensamento (Armazém A do Cais do Porto), com uma série de palestras promovidas pela Associação Gaúcha de Pais e Amigos dos Surdocegos e Multideficientes (Agapasm). Entre os assuntos abordados estão o emprego, a educação e a sexualidade da pessoa com deficiência. No final da tarde, a partir das 18 horas, haverá ainda a sessão de autógrafos do livro “A Grande Revolução”, de Alex Garcia, presidente da AGAPASM, e da cearense Rozelane Pessoa. Informações e inscrições: surdocegueira@gmail.com
A Feira do Livro de Porto Alegre também é palco para o seminário Contação de História em Libras em Perspectiva, promovido pelo IPA, em parceria com a Associação Gaúcha de Intérpretes de Libras, que ocorre no dia 15 de novembro, na Casa do Pensamento. Informações e inscrições podem ser solicitadas pelo email visitacaoescolar@camaradolivro.com.br ou pelo telefone (51) 3286.4517.

3 de out. de 2010

Entrevista exclusiva: Pedro Witchs

Olá pessoal! É com grande alegria que hoje divulgo a entrevista que fiz com Pedro Witchs, meu colega de projeto de pesquisa, e ex-aluno do curso Introdução ao Ensino de LP para Surdos (UNISINOS), quando nos conhecemos. Leia e comente!

Sobre o entrevistado
Pedro Henrique Witchs é ouvinte, cursa o semestre do curso de Biologia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, é pesquisador do Grupo Interinstitucional de Pesquisa em Educação de Surdos – GIPES, bolsista de Iniciação Científica da Profa. Dra. Maura Corcini Lopes (Programa de Pós-Graduação em Educação da UNISINOS) e atualmente também é aluno do curso de formação de Tradutores/Intérpretes de Língua de Sinais da Ulbra. Tem 21 anos, nasceu e reside em Sapucaia do Sul. Apesar de tão jovem, somente neste ano Pedro recebeu dois prêmios com reconhecimento nacional por sua pesquisa: no início do ano ele recebeu o prêmio na categoria Estudante de Graduação, do Prêmio Construindo Igualdade de Gênero, promovido pelo governo federal, com o artigo Gênero e Sexualidade na Escola de Surdos. Agora, ele conquistou o primeiro lugar na área de Ciências Humanas e Sociais, Letras e Artes, do 8º Prêmio Destaque do Ano na Iniciação Científica, realizado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Com certeza, ninguém duvida que esse jovem professor-pesquisador irá muito longe.

Olá Pedro, é uma alegria para nós sua entrevista para o Blog Vendo Vozes.

Pergunta 1: Como surgiu seu interesse pelo mundo dos surdos?
Resposta: Olá, primeiro quero agradecer o interesse do blog pelo meu trabalho. É um prazer estar aqui para responder a uma entrevista, pois sou leitor deste espaço desde quando meu interesse pela cultura surda começou a criar forma. Digo “criar forma” porque acredito que meu interesse materializou-se a partir do momento em que comecei a aprender língua de sinais em meados de 2008. Posso dizer que a minha vontade em aprender língua de sinais foi uma dessas vontades que surgem do nada, porque antes de aprendê-la eu não conhecia surdos (pelo menos não o suficiente para eu sentisse necessidade de me comunicar com eles). Ou seja, meu contato com qualquer membro da comunidade surda era nulo. Eu gosto de considerar meu interesse em aprender a língua de sinais brasileira uma situação análoga à vontade que eu tive de aprender, por exemplo, a língua inglesa no início de minha adolescência. Claro que as pessoas estão mais expostas à cultura dos povos usuários da língua inglesa e isso é um fator que contribui para que se crie o interesse em aprendê-la. Contudo, gosto de saber que o meu passaporte de entrada ao “mundo dos surdos” se deu assim: despretensiosamente. Posteriormente ao fato de eu ter realizado um curso de LIBRAS de nível básico, sedento de saber mais sobre a comunidade e a cultura dos surdos, descobri que havia pesquisas sobre esses assuntos sendo realizadas na Unisinos. Consegui contatar a professora-pesquisadora que lidera as pesquisas do Grupo Interinstitucional de Pesquisa em Educação de Surdos (GIPES), a Profa. Dra. Maura Corcini Lopes, a fim de saber mais sobre o trabalho do grupo. Por sorte, ela estava selecionando bolsistas de Iniciação Científica, então eu me candidatei à vaga. Desde então, cada vez mais aprendo sobre esses temas abordados pelos autores dos Estudos Surdos em Educação. Inclusive, quero mencionar que o fato de eu realizar atividades de Iniciação Científica não faz de mim um pesquisador (ainda, hehehe), mas sim um aprendiz de pesquisador.

Pergunta 2: Como foi receber duas premiações com reconhecimento nacional apenas este ano?
R: Para mim, acima de qualquer reconhecimento, as duas premiações são um incentivo para que eu permaneça no caminho investigativo. Pretendo continuar desdobrando minhas pesquisas de forma comprometida com a sociedade e, principalmente, com a comunidade surda.

Pergunta 3: Na sua opinião, quais são os maiores desafios para o professor de Ciências e Biologia para surdos?
R: Em meu recorte investigativo (“recorte” porque faço uso de dados obtidos através de duas pesquisas maiores realizadas pelo GIPES), venho percebendo que os desafios enfrentados pelos professores dessa área de conhecimento específica são parecidos com os desafios enfrentados por qualquer professor de surdos que não tenha língua de sinais como primeira língua, independente da área de conhecimento. Poder pensar nas possibilidades de criação nessa língua, a meu ver, tem sido a maior dificuldade, pois, embora ela já seja uma língua oficial do país, parece ainda ser pensada apenas como uma ferramenta pedagógica, uma língua de tradução de conteúdos.

Pergunta 4: Como você avalia as políticas públicas atuais de educação de surdos no Rio Grande do Sul?
R: A proposta da inclusão escolar é uma realidade que perpassa a educação de surdos no Estado. A preocupação agora é em como esse trabalho está sendo encaminhado. É muito importante que as condições educacionais sejam igualitárias e, para isso, uma série de elementos são necessários aos professores e aos surdos matriculados nas escolas regulares. Sabemos, através das pesquisas vinculadas ao GIPES, que muitas escolas ainda não se adequaram à "Educação que nós os surdos queremos" (remeto-me ao documento elaborado pela comunidade surda do Rio Grande do Sul durante o Pré-Congresso ao V Congresso Latinoamericano de Educação Bilíngue para Surdos realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS em 1999). Se a preocupação com a qualidade da educação dispensada aos surdos não existir nesses espaços inclusivos, então é possível se perguntar que tipo de inclusão está sendo proposta.

Pergunta 5: O que você recomendaria para aqueles acadêmicos ou docentes que pretendem trabalhar com o ensino de ciências para surdos, ou que possuem alunos surdos em suas turmas “regulares”?
R: Aos que querem trabalhar com surdos: comecem a aprender língua de sinais o mais rápido que puderem! O professor que trabalha com surdos precisa ser fluente em língua de sinais. Sabe-se que, em nossa realidade, nem todos os professores ouvintes de surdos estão preparados para o trabalho de caráter bilíngue, mas essa etapa da formação docente deles precisa ser defendida, sem contar todos os outros compromissos que esses professores deverão ter em relação às especificidades da educação de surdos como, por exemplo, compreensão sobre a diferença cultural e a identidade surda. Aos que possuem alunos surdos em suas turmas regulares: se não há um profissional tradutor/intérprete de língua de sinais trabalhando em sua escola, procurem os direitos de seus alunos surdos. A escola precisa imediatamente se adequar aos seus alunos surdos começando pela contratação do profissional habilitado para esse serviço de tradução. Essa profissão acaba de ser regulamentada no Brasil e, na lei, é possível encontrar todas as recomendações que uma escola precisa para realizar tal contratação como, por exemplo, que tipo de formação o profissional deve ter, entre outras coisas. Após as barreiras linguísticas serem derrubadas, ou melhor, durante esse processo, o professor precisa pensar nas especificidades de seus alunos surdos a fim de garantir-lhes condições educacionais de igualdade.

Pergunta 6: Na sua opinião, qual a principal característica que deve ter um professor para trabalhar com surdos?
R: Acho que, tratando-se de característica, e antes de se pensar que o trabalho é com surdos ou ouvintes, precisa-se ter compromisso profissional com seus alunos. Quando digo profissional pode parecer que estou dizendo que seja preciso rigidez, aplicação de técnicas, etc. e que todas as habilidades calcadas na formação humanística do professor sejam ignoradas. Entretanto, não é assim que quero que entendam. Para mim, o professor é um profissional e, por isso, precisa lidar profissionalmente com qualquer situação que ultrapasse a função de ensinar exatamente pelo fato de ser responsável pela formação de outros que, assim como ele, são humanos. Para a prática pedagógica com surdos, penso que seja necessário que o professor desenvolva a habilidade de pensar na língua de sinais, explorar suas infinitas possibilidades de criação a partir da língua de seus alunos, ao invés de apenas expressar-se por meio dela.

Pergunta 7: Quais são seus projetos acadêmicos e profissionais para 2011?
R: Estou programado para concluir minha graduação no segundo semestre de 2011. No primeiro semestre, começarei a desenvolver meu trabalho de conclusão de curso e no meio do ano me formo no curso de formação de Tradutores/Intérpretes de Língua de Sinais na Ulbra. Enquanto futuro professor de surdos, é fantástico estar aprendendo tudo o que posso a respeito de tradução/interpretação de língua de sinais. A realização desse curso de formação tem sido muito útil acadêmica e profissionalmente. Espero realizar um bom trabalho articulando as três áreas de conhecimento: Biologia, Estudos de Tradução e Educação de Surdos.

Pergunta 8: Qual a importância da internet e do seu blog na sua formação acadêmica e como pesquisador?
R: A internet é uma ferramenta fundamental para o meu trabalho hoje. Através dela, tenho acesso a outras ideias, outros trabalhos nos quais posso me inspirar, pensar sobre, bem como posso divulgar o meu próprio trabalho a fim de contribuir com outros profissionais. Isso tudo sem mencionar que ela me permite contatar tais pessoas, redefinindo as possibilidades de trocas.

Pergunta 9: Como os interessados podem entrar em contato com você e ter acesso à seus trabalhos e projetos?
R: É muito interessante essa prática de manter um blog, por isso eu mantenho um também. Não é nenhum Blog Vendo Vozes, nem nada, mas é higiênico, viu? Podem visitá-lo sempre que quiserem, hehehe. Nele é possível encontrar vários canais de acesso a mim e aos meus trabalhos, desde Orkut a Twitter, e passando por vários outros também. Os interessados podem acessá-lo através do endereço: http://biologiaemlibras.blogspot.com/

Por favor, deixe uma mensagem para os leitores do Blog Vendo Vozes....
Muitíssimo obrigado pela atenção de vocês, leitores que chegaram até essa parte da entrevista. Desejo que todos permaneçam frequentando este blog, pois ele é um veículo de informação muito importante e confiável tratando-se de assuntos que envolvem a surdez. Espero que tenham gostado, podem comentar, a Vanessa permite que vocês comentem aqui, não é proibido. Se gostaram, não gostaram críticas, sugestões, podem mandar, porque assim como vocês, eu costumo vir aqui e lerei seus comentários (até os responderei se precisar). Enfim, obrigado mesmo, Vanessa, pela oportunidade. Confesso aos leitores que eu fiquei muito empolgado quando a Vanessa, na última reunião geral do GIPES, me convidou para esta entrevista, porque sei da importância deste blog. Muito obrigado.

Muito obrigado, Pedro, pelo seu tempo e atenção conosco. É uma grande alegria poder divulgar seu trabalho e contar com sua colaboração em nosso Blog Vendo Vozes.

Atenciosamente,
Vanessa Dagostim Pires.
Eu e o colega Pedro na UNISINOS.

2 de out. de 2010

CONVERSA COM QUEM GOSTA DE BRINCAR - Ed. Inclusiva

CONVERSA COM QUEM GOSTA DE BRINCAR (Faculdade de Educação - UFRGS)
No dia 15 de outubro de 2010, às 18h30min, na FACED/UFRGS, será realizado mais uma "Conversa com quem gosta de brincar". Desta vez, o tema é "O espaço do brincar e do corpo na educação inclusiva" com Liana Pinto Tubelo, brinquedista, mestre em educação e professora da RME de Capão da Canoa (RS). A atividade é gratuita e não requer inscrição.
http://www.ufrgs.br/faced/

21 de set. de 2010

Festival Assim Vivemos em Porto Alegre


Festival Assim Vivemos exibe em Porto Alegre produções de onze países sobre a deficiência
Fonte: Divulgação com edição de Imprensa/SindBancários
 
O CineBancários recebe dos dias 21 a 26 o 4º Festival Assim Vivemos – Festival Internacional de Filmes Sobre Deficiência. No período serão exibidas produções de onze países, centradas nas subjetividades, sentimentos, ideias, conflitos familiares e dramas de pessoas com deficiência. Entrada franca.

Os filmes selecionados refletem uma tendência entre as produções que abordam o tema: a migração da questão da deficiência para a pessoa com deficiência – tornando os filmes mais afetivos e próximos dos personagens. Reunindo 16 filmes oriundos da Argentina, Bielorrúsia, Brasil, Canadá, Coréia do Sul, EUA, França, Israel, Noruega, Polônia e Rússia, o “Assim Vivemos” consegue traçar um panorama multicultural sobre assunto.

O Festival promove ainda dois debates. No dia 23, após a exibição de “Somos Todos Daniel”, às 17h, as pedagogas Andrea Quintana, Márcia Garcia e Viviane Ortiz falam sobre “autismo e arte”.

No dia 24, a Mestre em Inclusão Social e Acessibilidade, Sandra Maria Swperreck, Isabel Casagrande, da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis) e o deficiente auditivo do Espaço Crescer Guilherme Jobin falam sobre “surdo: sinalizado ou oralizado”. O debate acontece após a exibição dos filmes “Sou Surdo e Não Sabia” e “Vozes de El-Sayed”

Para total acessibilidade dos portadores de deficiência, serão disponibilizados catálogos em braille dos filmes e dois atores, que realizarão a audiodescrição das cenas ao vivo. Além disso, os filmes terão legendas Closed Caption e um intérprete de libras participará dos debates. O CineBancários possui espaço para cadeirantes.

Programas e sinopse dos filmes você encontra nos sites:
http://www.sindbancarios.org.br/site2007/cms/php/site_monta_internas.php?id=257&tabela=site_casa_noticias&area=casa_dos_bancarios
http://www.assimvivemos.com.br/www/2009/index.php/programa/

14 de set. de 2010

XIV Semana de Letras da UFRGS

Nos dias 28, 29 e 30 de setembro deste ano, acontece a XIV Semana de Letras da UFRGS – Letras em Perspectiva. Com o tema deste ano, pretende-se debater as perspectivas profissionais dos egressos do Curso de Letras, através da discussão das distintas esferas sociais nas quais atuam os profissionais da área.
A programação da Semana, com oficinas, apresentação de trabalhos e palestras, pode ser conferido no site http://www.ufrgs.br/ppgletras/xvisemana.asp.

Vou ministrar uma oficina nos dias 29/09 e 30/09, das 10h30 às 12h, com o tema "Como os surdos aprendem a Língua Portuguesa?" (oficina 6), cuja proposta é refletir sobre ensino de língua portuguesa para surdos na modalidade escrita em contextos de educação inclusiva e especial, abordando temas como legislação, metodologias, conceitos da área da surdez, cultura e literatura surdas, breve histórico da educação de surdos e material didático, discutindo o cenário atual desta disciplina e as pesquisas que estão sendo desenvolvidas em Linguística Aplicada, Educação e áreas afins. 
Todos são bem-vindos!


7 de ago. de 2010

Encontro do GIPES-Sinos

Olá pessoal
No dia 29/07, o GIPES/Unisinos (Grupo Interinstitucional de Pesquisa em Educação de Surdos) fez a sua primeira reunião para apresentar a pesquisa Os Intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) no Rio Grande do Sul
Na reunião, que foi coordenada pela Profª Maura Corcini Lopes, foram traçadas algumas estratégias para a coleta de dados. 
 
Um dos passos da pesquisa, no primeiro semestre, é fazer o levantamento dos intérpretes ou profissionais que atuam como intérpretes em escolas, através de um questionário, que pode ser solicitado por e-mail para dm.szulczewski@uol.com.br.
 
 
 
 
 
Na foto ao lado, roubada do blog da Deise (http://pedagogiapordeise.blogspot.com/), estamos no café, depois da reunião: Taise Presotto (bolsista de Iniciação Científica da Profª Denise Sponchiado, da Universidade Regional Integrada - URI), Eu, Deise SZULCZEWSKI (bolsista da Profa. Maura, da UNISINOS), Pedro Witchs (bolsista de Iniciação Científica da Profª Maura Corcini Lopes, da Unisinos) e Alessandra Moita (bolsista de Iniciação Científica da Profª Maura Corcini Lopes, da Unisinos), todos muito queridos!!!
 
Portanto, se você é intérprete aqui no Rio Grande do Sul, participe da pesquisa, e para conhecer mais sobre o GIPES-Sinos, acesse aqui!
Abraços,
Vanessa.

3 de ago. de 2010

Cultura surda no Profissão Repórter

Olá pessoal!
O blog Sujeito Surdo divulga que o programa Profissão Repórter da semana que vem, dia 10/08, vai mostrar questões sobre a cultura surda naquele dia. Segundo o blog, a informação foi passada pela intérprete Luciana Paz, que marcou presença o evento Balada Vibração da Alma, que reuniu o povo surdo em São Paulo no dia 19 de junho.
É assistir para conferir!!! O site do Profissão Repórter ainda não divulgou a programação da semana que vem, mas pode ser conferida no endereço: http://g1.globo.com/profissao-reporter/
 Abraços a todos e boa semana!

11 de jul. de 2010

Indicações de leituras: Oliver Sacks

Olá Pessoal
Por ter postado outro dia sobre o livro Vendo Vozes de Oliver Sacks, quero aproveitar para indicar outros livros do mesmo autor (confesso que li apenas alguns, mas pretendo adquirir e ler cada um deles, quando eu tiver mais tempo!)

COM UMA PERNA SÓ





Durante uma escalada solitária na Noruega, em 1974, o jovem neurologista Oliver Sacks depara-se com um enorme touro branco. Em pânico, dá meia volta, dispara pelo caminho inverso e um tombo faz com que sua perna esquerda fique seriamente avariada. Depois de uma cirurgia, a sensação é de que a perna se tornara "inexistente". 
O médico se transforma em paciente e é obrigado a aprender lições de passividade num leito de hospital. Sem poder andar, apartado da vida normal e isolado pela insensibilidade de colegas médicos, Sacks inicia um processo de autodiagnóstico.
Decide então elaborar um relato provocativo sobre os padrões de atendimento do sistema de saúde, mas também um testemunho vivo e fluente sobre os mecanismos neuro-sensoriais responsáveis pela formação da "imagem corporal" - graças à qual sentimos que os membros fazem parte do corpo, formando um todo integrado.
Para o leitor é a oportunidade de conviver com a intimidade de um homem de cultura, inteligência e sensibilidade únicas durante um dos momentos mais críticos - e férteis - de sua vida pessoal e profissional.

ALUCINAÇÕES MUSICAIS - Relatos sobre a música e o cérebro

A música é uma das experiências humanas mais assombrosas e inesquecíveis, e este livro do neurologista e escritor Oliver Sacks nos faz entender por quê. A exemplo de seus livros anteriores, entre os quais se destacam Tempo de despertar e O homem que confundiu sua mulher com um chapéu, Sacks nos oferece aqui histórias musicais cheias de drama e compaixão humana envolvendo pessoas comuns ou portadoras de distúrbios neuroperceptivos.
O que se passa com o cérebro humano ao fazer ou ouvir música? Onde exatamente reside o enorme poder, muitas vezes indomável, que a música exerce sobre nós? Essas são algumas das questões que Oliver Sacks explora, em seu estilo cativante, nesta admirável coletânea de casos, mostrando, por exemplo, como a música pode nos induzir a estados emocionais que de outra maneira seriam ignorados por nossa mente ou ainda evocar memórias supostamente perdidas nos meandros do cérebro.
É impossível não se impressionar com a história do médico que experimenta, depois de atingido por um raio, uma irresistível compulsão por música de piano, a ponto de se tornar ele mesmo um pianista. Ou com os casos de "amusia", uma condição clínica que faz Mozart soar como uma trombada automobilística aos ouvidos da pessoa afetada. Sem contar as histórias de gente afetada dia e noite por alucinações musicais incessantes.
O estudo de casos surpreendentes de pessoas com distúrbios neurológicos ou perceptivos ligados à música reitera a crença de Sacks em uma medicina que humaniza o paciente e tenta, junto com a abordagem clínica, integrar as dimensões psicológica, moral e espiritual tanto das afecções quanto de seu tratamento.

"As histórias de Oliver Sacks são tão irresistíveis que servem como extraordinárias metáforas não só do estado atual da medicina como também da condição do homem moderno." - New York Magazine

A ILHA DOS DALTÔNICOS - E a ilha das cicadáceas



Em A ilha dos daltônicos, o cientista e neurologista Oliver Sacks comprova que é um homem que se apaixona, que possui uma inteligência intensamente refinada pelo trabalho e que é um excelente narrador. As narrativas deste livro nascem nos arquipélagos do Pacífico. De lá vêm reflexões sobre a natureza do tempo geológico profundo, a disseminação das espécies, a gênese das doenças. Vêm também histórias sobre as cicadáceas, teimosas plantas do período paleozóico, histórias de ilhéus que não conhecem o azul ou o verde do mar à sua volta, porque nascidos com uma incapacidade absoluta de ver as cores, histórias de uma paralisia neurodegenerativa que vitima apenas os membros de certo grupo social, os chamorros, nas ilhas Marianas.


ENXAQUECA


Para a maioria de nós, a enxaqueca é apenas uma forte dor de cabeça que acomete periodicamente certas pessoas. Para Oliver Sacks, ela é muito mais do que isso. É, antes de mais nada, um conjunto extremamente complexo e diversificado de síndromes nas quais a dor de cabeça nem sempre está presente. Além disso, a enxaqueca pode nos fornecer pistas sobre algumas das questões mais fundamentais do ser humano.
Primeiro livro de Sacks, Enxaqueca já contém todos os elementos que fizeram o sucesso de suas obras posteriores: conhecimento científico posto a serviço de um estilo único de narração capaz de transformar relatos clínicos em episódios de um maravilhoso romance de suspense.

O HOMEM QUE CONFUNDIU SUA MULHER COM UM CHAPÉU - E outras histórias clínicas


O cientista e neurologista Oliver Sacks é também um excelente narrador, dono do raro poder de compartilhar com o leitor leigo certos mundos que de outro modo permaneceriam desconhecidos ou restritos aos especialistas. 
Em O homem que confundiu sua mulher com um chapéu estamos diante de pacientes que, imersos num mundo de sonhos e deficiências cerebrais, preservam sua imaginação e constroem uma identidade moral própria. Aqui, relatos clínicos são intencionalmente transformados em artefatos literários, mostrando que somente a forma narrativa restitui à abstração da doença uma feição humana, desvelando novas realidades para a investigação científica e problematizando os limites entre o físico e o psíquico.
TEMPO DE DESPERTAR
Usando uma nova droga, o neurologista Oliver Sacks conseguiu, entre 1969 e 1972, despertar vários pacientes de encefalite letárgica do estado em que viviam desde o fim da Primeira Guerra Mundial, quando ocorreu um surto da chamada "doença do sono". 

Tempo de despertar traz um minucioso relato das vivências desses pós-encefálicos - os labirintos interiores em que viviam, o mundo onírico a que estavam presos, a aflição que sentiam nos raros momentos de vigília -, formando um conjunto único de pequenos dramas. A destreza narrativa do autor já foi comparada com a que transparece nos casos clínicos contados por Freud (celebrizados por sua qualidade literária).