2 de mai. de 2012

A educação bilíngue de surdos em discussão

Olá pessoal,
Hoje quero falar sobre o tema principal do II Congresso Iberamericano de Educação Bilíngue para Surdos: "em busca de um modelo pedagógico conforme às características étnicas dos surdos". Vários especialistas discutiram o tema, especialmente em relação ao grande insucesso da educação bilíngue para surdos na América Latina, que já completou 25 anos. Uma educação bilíngue de verdade só poderá ser oferecida ao surdo, quando, nas escolas bilíngues, os alunos tiverem contato intenso com uma língua de sinais genuína, e não uma mescla de língua oral e língua de sinal (como as línguas orais sinalizadas - espanhol sinalizado, português sinalizado) que não possuem as características reais das LS, mas imitam a gramática das linhas orais. Quando o aluno surdo possui uma língua de sinais genuína, e está é o meio de ensino na escola, este aluno poderá refletir sobre a língua (metalinguagem), desenvolver os demais conteúdos escolares e ser um leitor eficiente. Dessa forma, todos os participantes foram unânimes em defender a qualificação dos professores que trabalham com surdos, os mesmos devem ser realmente bilíngues. 
Assim, professores que trabalham com surdos precisam ser bons leitores, conhecer o processo de aprendizagem e desenvolvimento da leitura e da produção textual escrita, utilizar em sala de aula muitos textos na língua alvo, trabalhar os contextos de produção e leitura dos mesmos, e não se limitar apenas a um trabalho de léxico. Como afirmou Carlos Sánchez, "ler não é entender o que está escrito, mas o que NÃO está escrito", e "não se aprende uma língua com regras de gramática e repreensões, cobranças, mas desfrutando dela".
A Professora Kristina Svartholm contou a experiência de educação de surdos na Suécia. Referência como educação bilíngue de qualidade, hoje a Suécia conta com um programa de implantes cocleares muito intenso. O governo já promoveu a implantação de 90% das crianças surdas, entretanto, esta medida não garante que a criança seja ouvinte, ela continua sendo surda. Assim, uma grande parcela dos pais continua matriculando seus filhos implantados em escolas bilíngues de surdos, pois veem a necessidade que seus filhos participem da comunidade surda, saibam Língua de Sinais e estejam com outros surdos. Uma lei que existe há 3 anos garante que todos os surdos (implantados ou não) aprendam LS. Kristina lembrou que esses surdos não podem ser ignorados, mas também sejam considerados surdos, para que também tenham essa identidade.
Ainda a respeito do tema da educação dos surdos implantados, Bob Johson contou que a situação linguística dos surdos que estão recebendo implantes há 20 anos nos EUA é a mesma dos surdos que não possuem implantes, ou seja, o implante coclear não representa o fim da educação dos surdos. 


Boris Fridaman (México), Kristina Svartholm (Suécia), Robert Johson (Estados Unidos) e Carlos Sánchez (Venezuela).
(continua...)

2 comentários:

Anônimo disse...

Concordo o professor deve saber bem a LIBRAS e o português, assim o aluno surdo sai da escola dominando a Lígua de sinais no seu todos e também a língua portuguesa.Isso é ser bilingue.Os surdos que dominam as duas linguas hj estão em faculdades e até emstrados, a maioria não sabe nem Libras direito vai se dizer portugues(que sim deve ser aprendido).
Greize

Anônimo disse...

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