31 de jul. de 2025

Painel: Acessibilidade textual para uma sociedade mais inclusiva

Em dezembro de 2024, lançamos nosso livro "Leitura Fácil e Linguagem Simples na educação inclusiva: pelo direito de entender" na sede da ADUFRGS (O Sindicato Intermunicipal de Professores das Instituições Federais de Ensino Superior do Rio Grande do Sul), em Porto Alegre/RS.
Para a ocasião, participamos do painel "Acessibilidade textual para uma sociedade inclusiva", com a presença da professora Analía Gutierrez, do Lengua Franca/Argentina, da professora Maria José Finatto (UFRGS), da professora Suzana Trevisan (IFSUL) e a minha participação (Vanessa de Oliveira Dagostim Pires, IFSUL). O professor Roger Elias foi o responsável pela mediação.
Para acessar a gravação deste painel tão interessante, acesse abaixo:




Livro: "Leitura Fácil e Linguagem Simples na educação inclusiva: pelo direito de entender" (2024)

2024 foi um ano bastante conturbado por aqui: fomos atingidos pela grande enchente de maio, no Rio Grande de Sul, e nossa vida ficou de cabeça pra baixo. Casa, trabalho, projetos, estudos, tudo paralisado por essa catástrofe que nos atingiu em cheio. Mesmo assim, retomamos nossas vidas e nossos planos, e conseguimos retomar um dos objetivos profissionais que tínhamos: a publicação de um livro com resultados de nossas pesquisas e estudos sobre a Leitura Fácil e a Linguagem Simples.

No final do ano lançamos o livro "Leitura Fácil e Linguagem Simples na educação inclusiva: pelo direito de entender" que organizei junto a minhas colegas de pesquisa do Literatura Acessível, Renata Porcher Scherer, Suzana Trevisan e Veronica Pasqualin Machado.

O e-book é gratuito e  já está disponível pelo site da editora Pedro e João Editores: https://lnkd.in/gkKu7BGP

Agradeço aos demais autores do livro Analía Gutierrez, David Saldaña, Miriam Rivero Contreras, Andrea Jessica Borges Monzón, Natália Branchi, Clarissa Haas, Marília Haas, Bruna Motta e Carla Wendling pela parceria e participação nesse projeto e ao IFSUL - Instituto Federal Sul-rio-grandense pela possibilidade de realizar este trabalho.


Confira abaixo os títulos dos capítulos que você encontra em nosso livro:

Prefácio -  Analía Gutierrez 
 1. Projeto Literatura Acessível: a Leitura Fácil como ferramenta de acessibilidade cognitiva no ensino médio inclusivo - Vanessa de Oliveira Dagostim Pires e Bruna Freitas da Motta 
 2. Acessibilidade textual nos documentos da Administração Pública: a proposição de um guia simplificado para um processo seletivo do IFSul - Suzana Trevisan e Veronica Pasqualin Machado 
 3. Acessibilidade nos documentos públicos e Linguagem Simples -  Renata Porcher Scherer e Daiana Schons 
 4. El impacto de la lectura fácil a través de medidas objetivas: apoyo visual, simplificación léxica y movimientos oculares - Miriam Rivero-Contreras e David Saldaña 
 5. A análise de uma tarefa de leitura adaptada em Leitura Fácil: possibilitando uma aula de português mais acessível -  Carla Lucie Wendling Pacheco
6. Acessibilidade em leitura para estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA): possibilidades pedagógicas -  Natália Branchi e Andrea Jessica Borges Monzón 
 7. “Do direito à educação” na Lei Brasileira de Inclusão em linguagem simples - Marília Haas e Clarissa Haas




30 de dez. de 2023

Série: Fácil (HBO)

Está disponível na HBO Max a série espanhola "Fácil". Baseada no livro "Lectura Fácil", de Cristina Morales, a série possui roteiro de Anna R. Costa.

A história mostra quatro mulheres, com diferentes níveis de deficiência intelectual, tuteladas pelo governo, que tentam viver uma vida independente em um apartamento na praia de Barceloneta em Barcelona, Espanha. 

Eu estava muito ansiosa para conhecer a história pois já tinha conhecido o livro (agora estou na expectativa da leitura) e sabia que ele já havia sido adaptado para o teatro. Encontrar a série, por acaso, no streamming da HBO foi uma grata surpresa. 

A narrativa é bem surpreendente, e penso que tenha sido um grande desafio olhar de perto essas mulheres que não se encaixam no que é considerado normal na sociedade, sem esteriotipá-las, ou, além disso, enxergar essas pessoas mesmo com os rótulos ou esteriótipos que, muitas vezes, são inevitáveis.


Imagem de divulgação da série que mostra um painel com várias fotos de diferentes moças. Algumas estão sorrindo, uma está beijando um rapaz, outra está gritando.

Recomendo a série para quem quer pensar mais sobre liberdade, sobre o que é normal ou anormal, por que existem algumas normas na nossa sociedade, e como o nosso mundo ainda possui tantas barreiras que dificultam a independência e autonomia de todas as pessoas.





5 de ago. de 2023

4º Seminário de Educação Inclusiva no Ensino Médio e Técnico (SEDINETEC)

 



Estão abertas as inscrições para o 4º SEDINETEC (Seminário de Educação Inclusiva no Ensino Médio e Técnico).
O evento acontecerá de forma presencial no Campus Sapucaia do Sul (RS) no IFSUL, e contará com palestras, mesas-redondas, bate-papo, oficinas e comunicações orais sobre temas relacionados à educação especial inclusiva. 😊
A programação está sendo preparada de forma muito especial, e pode ser acompanhada no site: https://eventos.ifsul.edu.br/sedinetec2023/

No mesmo endereço você pode fazer a sua inscrição gratuitamente, além de enviar seu resumo para apresentação nas comunicações orais. Os trabalhos apresentados serão publicados nos ANAIS do evento.

Confere abaixo alguns palestrantes já confirmados:


















Não perca tempo e participe!

25 de jun. de 2023

Manual de Leitura Fácil para educadores

 

 Estou muito feliz em anunciar que foi lançado, na semana passada, o e-book "Manual de Leitura Fácil para educadores", fruto de trabalho de pesquisa e desenvolvimento do Projeto Literatura Acessível, do qual faço parte e coordeno desde 2020.

Após iniciarmos os nossos estudos em Leitura Fácil, sentimos falta de um guia em Língua Portuguesa do Brasil, voltado especialmente para a elaboração de materiais didáticos e pedagógicos (embora possa ser utilizado para outros textos também).
Esse manual nasce, então, com esse intuito. Ajudar a quem deseja tornar seus textos acessíveis para pessoas com dificuldade de compreensão leitora, entre elas, pessoas com deficiência intelectual, pessoas com Transtorno do Espectro Autista, disléxicos, entre outros grupos.

O e-book tem uma linguagem fácil de entender, muitos exemplos, explicações, e até um mini-glossário no final, com sugestões bibliográficas para quem quiser se aprofundar no assunto.


Gostaria muito de saber sua opinião após a leitura desse material, sugestões ou troca de ideias sobre ele.

Grande abraço,
Vanessa.



24 de fev. de 2023

Deficiência Intelectual e Aprendizagem

 Gostaria de compartilhar com vocês um texto que produzi para a avaliação de um curso. Compartilho pois talvez seja útil. Abraços, Vanessa.

Deficiência Intelectual e Aprendizagem

 Vanessa de Oliveira Dagostim Pires

 

O presente texto procura trazer algumas referências relativas ao tema “Deficiência Intelectual e Aprendizagem”, contextualizando a educação especial inclusiva e uma pequena linha do tempo do histórico de conceitos relacionados ao que hoje chamamos de Deficiência Intelectual.

Conhecermos como esse termo foi sendo construído socio-historicamente pode fazer-nos compreender os preconceitos, resistências e medos que alguns docentes ainda possuem em relação a inclusão dos alunos com deficiência intelectual nas escolas regulares. Por último, trazemos algumas informações sobre o importante papel que as APAEs, referências de educação especial no Brasil, assumem a partir dessa nova perspectiva educacional.

 

Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva

 

Dentro da perspectiva da educação especial inclusiva, é importante entender um pouco mais sobre a inclusão de estudantes com deficiência intelectual, pois esse grupo representa mais da metade dos alunos da educação especial e especial inclusiva, segundo o Censo da educação de 2006.

 

Em 1968 a UNESCO conceitua o que hoje entendemos como Educação Especial: “Os objetivos da Educação Especial destinada às crianças com deficiências mentais, sensoriais, motoras ou afetivas são muito similares aos da educação geral, quer dizer: possibilitar ao máximo o desenvolvimento individual das aptidões intelectuais, escolares e sociais” (UNESCO, 1968, p. 12).

 

Já se observava, desde os anos 60, movimentos de inclusão de alunos com deficiências, porém, eles ainda não se constituíam em um novo paradigma educacional. Inicialmente, ainda se compreendia que a pessoa com deficiência é que necessitava se encaixar, se adaptar, e não o sistema educacional. Em 1986 é proposto por Madeleine Will, através do “Regular Education  Iniciative”, a inserção do aluno com deficiência na escola regular (nesse momento, se pensava na inclusão “física” deste aluno), chamada de Integração.

 

Nos anos 90 dá-se o início do movimento de inclusão, onde é necessário reconhecer as diferenças e adaptar o sistema à elas. Segundo Omote (1994), “ninguém é deficiente apenas pelas qualidades que possui ou que deixa de possuir.  Uma pessoa só pode ser deficiente perante uma audiência que a considera, segundo seus critérios como deficiente” (OMOTE, 1994, p. 07).  

 

A partir da perspectiva da educação inclusiva, o currículo escolar deve levar em conta a diversidade e deve ser, antes de tudo, flexível e passível de adaptações, sem perda de conteúdo. Neste processo de educação inclusiva, também tem um importante papel e avaliação. É um instrumento de busca de construção, por isso funciona articulado com um projeto pedagógico que se assume, que se crê e se efetua construtivamente. 

 

Em relação ao papel do professor, a educação inclusiva deve levar em conta que o professor é um mediador, assim como os colegas; este precisa estar sensibilizado e capacitado (tanto psicológica quanto intelectualmente) para “mudar sua  forma de ensinar e adaptar o que vai ensinar”  (Glat, 2007) para atender às necessidades de  todos os alunos, principalmente daqueles com maiores dificuldades de aprendizagem.  –

 

Qualquer tentativa de inclusão deve ser analisada e avaliada em seus mais diversos aspectos, a fim de termos a garantia de que esta será a melhor opção para o  indivíduo que apresenta necessidades especiais, segundo Correia (1997).  Questionamos, no entanto, de quem é o papel de analisar e avaliar a e educação inclusiva? Existe espaço para as pessoas com deficiência e necessidades escolares avaliarem essas práticas? Elas têm voz? De que forma?

 

Definições sobre Deficiência Intelectual

 

Em relação à escolarização de pessoas com deficiência intelectual (DI), Pires et al. (2022) afirmam que, historicamente, as pessoas com deficiência intelectual passaram por muitos estigmas e preconceitos que podem ser observados na própria nomenclatura utilizada para denominar tais sujeitos (retardado, incapacitado, debilitado, louco, dentre outras).

Todas essas expressões trazidas em documentos científicos e legais apontam para um posicionamento acerca da sociedade e as compreensões sobre esses indivíduos. Apenas mais recentemente, a deficiência intelectual tem sido abordada em termos científicos, a partir de um desenvolvimento neurológico deficitário que envolve prejuízos cognitivos (funções intelectuais) e prejuízos adaptativos (funções sociais, emocionais e práticas). Mesmo que não seja possível uma reversão completa, é importante atentar que avanços escolares significativos são possíveis através de estratégias pedagógicas adequadas, considerando as peculiaridades do quadro da deficiência e a individualidade de cada sujeito (SANTOS, 2012).

 

Ao falar sobre o termo “Deficiência Intelectual”, o novo nome veio para substituir “Deficiência Mental”, em 2004, para não confundir a deficiência com doença mental, por recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU), para evitar confusões com “doença mental”, que é um estado patológico de pessoas  que têm o intelecto igual da média, mas que, por algum problema, acabam  temporariamente sem usá-lo em sua capacidade plena. 

Até 1992, a Deficiência intelectual era atestada conforme teste baixo de QI; após essa data, passou-se a considerar Novo Sistema Baseado na Intensidade dos Apoios Necessários, conceituando-se da seguinte forma pela AAIDD (Associação Americana de Deficiências Intelectual e de Desenvolvimento): “É a incapacidade caracterizada por importantes limitações, tanto no funcionamento intelectual quanto no comportamento adaptativo e está expresso nas habilidades adaptativas conceituais, sociais e práticas. Tem início antes dos 18 anos.”

 

Porém, na sua 12ª edição, no ano de 2021, a publicação que atualiza os estudos e a definição de DI da AAIDD atualizou o conceito dessa deficiência, trazendo um enfoque maior para os apoios necessários ao sujeito, e compreendendo que o desenvolvimento humano ultrapassa os 18 anos de idade. Agora, a Deficiência Intelectual é vista como uma deficiência do desenvolvimento, assim como o Autismo ou Paralisia Cerebral, ou seja, são deficiências que surgem ao longo do desenvolvimento do indivíduo (PLENA INCLUSIÓN, 2022).

 

Pela nova definição, a deficiência intelectual é:


  • Uma limitação do funcionamento intelectual, ou seja, quando há dificuldades para a compreensão e o raciocínio;
  • Uma limitação de conduta adaptativa, em temas como os conceitos, relações sociais ou práticas. Por exemplo: há dificuldade em adaptar-se à mudanças que ocorrem na família, no trabalho ou no mundo.
  • Essas características se manifestam antes dos 22 anos.

 

O modelo teórico multidimensional da AADID relaciona o funcionamento individual no ambiente físico e social ao contexto geral, aos sistemas de apoio e às cinco dimensões que são: habilidades intelectuais, comportamento adaptativo, Participação, interações e papéis sociais, saúde e contextos.

 

Os apoios são recursos e as estratégias utilizadas, que visam promover o desenvolvimento, a educação e o bem-estar de uma pessoa com deficiência intelectual, e que melhoram o funcionamento individual. Quando necessários e devidamente aplicados, os apoios desempenham papel essencial na forma como a pessoa responde às demandas ambientais, além de propiciarem estímulo ao desenvolvimento e à aprendizagem da pessoa com deficiência intelectual ao longo da vida. A intensidade e frequência dos apoios podem variar, podendo ocorrer ocasionalmente ou por toda a vida.

 


Deficiência intelectual e ensino

 

Tratando-se de sujeitos com deficiência intelectual é fundamental que o ensino seja organizado de forma que a leitura, escrita, capacidades matemáticas e outros conteúdos sejam trabalhados a partir das necessidades dos aprendizes, ou  seja, o ensino deve desenvolver-se como algo relevante na vida, deve ter  significado, a fim de que seja incorporado na formação social da mente  (VYGOTSKY, 1996).

 

Também é fundamental entender que, atentar apenas para os aspectos orgânicos da deficiência mental é desconsiderar os aspectos sociais e  isentar a sociedade de sua responsabilidade na constituição da deficiência intelectual.

Muitos professores não se sentem preparados para atender o aluno com deficiência intelectual e isso gera muitas críticas às formações dos professores; porém, é preciso ir além da crítica à formação docente, pois as críticas já se tornaram lugar comum e não garantem, por si só, a mudança almejada, segundo Carvalho (2007). O autor também acredita que é esta inquietação que nos faz avançar.

 


O papel da educação especial

Diante do novo cenário que se estabeleceu no Brasil, com o crescente movimento da educação inclusiva, as APAEs precisaram reestruturar o seu papel na sociedade.

Na sua nova estruturação, as APAES visam oferecer educação especial no ensino infantil e fundamental, além de atenção complementar aos alunos com deficiência intelectual de escolas inclusivas, oferecendo opções sociais de apoio, conforme conceitua a AAIDD na nova concepção de deficiência intelectual.

Desta forma, a Associação Americana de Deficiência Intelectual e Desenvolvimento (AADID) mostra-nos que, com os apoios personalizados apropriados durante um determinado período de tempo, o funcionamento da pessoa com deficiência intelectual, em geral, melhora. Isto significa que, se forem providenciados apoios personalizados apropriados para um indivíduo com deficiência intelectual, o resultado será uma melhora em seu funcionamento. Uma ausência de melhora no funcionamento é um indicador importante para reavaliar o perfil e a natureza dos apoios que foram utilizados. 

 

 

 

 

Referências Bibliográficas:

 

BAKSA, Carla Gimenes Lopes; SILVA, Sérgio da; SILVA, Débora Regina Machado. A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL NA ALFABETIZAÇÃO. Disponível em: https://atividadeparaeducacaoespecial.com/wp-content/uploads/2014/07/DM-NA-ALFABETIZA%C3%87%C3%83O.pdf Acesso em: 26 dez. 2022.

CORREIA, L. M. Alunos com necessidades educativas especiais nas classes regulares. Porto: Porto Editora, 1997.

FEDERAÇÃO DAS APAES DE MINAS GERAIS. INCLUSÃO SOCIAL DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA: Educação Especial no Espaço da Escola Especial. Disponível em: https://docs.google.com/gview?url=http://cursosavante.com.br/cursos/pdf/1155-4550.pdf. Acesso em 26 dez. 2022.

GLAT, R. Adaptação Curricular, OLIVEIRA Eloiza da S. Gomes. 2007 Disponível em:  http://aceitandodiferencas.blogspot.com/2007/10/adaptaocurricular.html Acesso em 10 ago. 2008.

OMOTE, S. A integração do deficiente: um pseudoproblema? Anais da XXIV Reunião Anual da Sociedade de Psicologia de Ribeirão Preto/SP, 1994.

PIRES, Vanessa de Oliveira Dagostim et al. A produção de um manual de leitura fácil para educadores. In: SILVEIRA, Resiane Paula de (Org). Perspectivas da Educação: História e Atualidades. Vol. 10. Formiga: Editora Uniesmero, 2022.

PLENA INCLUSION. Disponível em: https://www.plenainclusion.org/noticias/la-discapacidad-intelectual-tiene-una-nueva-definicion-y-la-explicamos/ Acesso em 26 dez. 2022

 

REIS, Rosangela Leonel dos.; ROSS, Paulo Ricardo. A inclusão do aluno com deficiência intelectual no Ensino. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2216-8.pdf Acesso em 26 dez. 2022.

SANTOS, Angela Maria de. Abordagens sobre Deficiência Intelectual. Apresentação de slides. Curitiba, 2013. Disponível em: https://docs.google.com/gview?url=http://cursosavante.com.br/cursos/pdf/1155-4549.pdf Acesso em: 26 dez. 2022.

UNESCO. 1968. A educação Especial: Relatório sobre a situação atual e tendências de investigação da Europa.

VIGOTSKI, L. S. Fundamentos da defectologia (Obras escogidas), v. V. Madrid: Visos, 1996.

 

 

19 de out. de 2022

Adaptações textuais para pessoas com deficiência intelectual (Parte III): Leitura Fácil

 Olá pessoal, tudo bem? 

Fonte: https://www.semprefamilia.com.br/sociedade/jornalistas-lancam-livro-que-conta-dia-a-dia-de-pessoas-com-sindrome-de-down/


Comecei a falar sobre adaptação textual em 2020, o tempo voou, e aqui estamos, final de 2022 e nosso trabalho na área da acessibilidade cognitiva não para!

Pois bem, em 2020 começamos a desenvolver o Projeto Literatura Acessível com o uso da técnica da Leitura Fácil. Mas o que é Leitura Fácil? Como ocorreu nosso projeto?

Nas postagens anteriores eu falei sobre a necessidade de termos textos literários acessíveis para estudantes com deficiência intelectual e dificuldades de leitura. Os textos adaptados que encontrávamos possuíam recursos como vídeos, audiodescrição, braille, tradução em Libras, mas não havíamos encontrado textos adaptados para pessoas com deficiências cognitivas. Tentamos criar nosso próprio método de adaptação, mas sentíamos que precisávamos de algo mais completo e científico.

Continuando as buscas pela internet, dessa vez em espanhol e em inglês, encontramos uma forma de escrita chamada "Leitura Fácil" (Lectura Fácil em espanhol e Easy-to-read em inglês), criada nos anos 60, na Suécia, e bastante difundida na Europa, especialmente na Espanha.

O início da pandemia da Covid-19 possibilitou que cursos internacionais em Leitura Fácil (ainda não oferecidos no Brasil) fossem ofertados de forma on-line. Dessa forma, consegui fazer dois cursos sobre adaptação em Leitura Fácil numa associação argentina chamada Lengua Franca.

O curso foi essencial para que eu conhecesse a técnica e criasse coragem para organizar um projeto com o intuito de adaptar um conto brasileiro para a leitura fácil, cujo público-alvo fosse os estudantes de ensino médio (jovens e adultos) com deficiência intelectual.

Pois bem, conseguimos criar, então, no IFSUL Campus Sapucaia do Sul o Projeto Literatura Acessível. O programa reuniu um projeto de ensino, um de pesquisa e um de extensão. Conseguimos bolsas e recursos pra investir no projeto e, em três meses, estudamos a técnica e adaptamos nosso primeiro conto: Missa do Galo, de Machado de Assis. Contamos com a consultoria da professora Analía Gutierrez, do Lengua Franca, e a validação de nossos alunos com deficiência intelectual que participaram da pesquisa (uma delas, inclusive, foi nossa bolsista). Numa live de 2021 apresentamos o projeto com a presença da professora Analía.

Depois de adaptado o conto, ilustrado e diagramado, conforme as normas da Leitura Fácil, nossa equipe também elaborou um Roteiro Pedagógico orientando os professores que se interessassem, a realizarem atividades junto à versão adaptada do livro. Conto adaptado e roteiro foram editados e viraram um e-book gratuito da Editora do IFSUL, que você pode baixar AQUI.

Durante 2021 e 2022, divulgamos nosso livro em diversos espaços, congressos, seminários, realizamos oficinas sobre Leitura Fácil e iniciamos um novo projeto, dessa vez produzindo um "Manual de Leitura Fácil para educadores", o primeiro em língua portuguesa. Entendemos que essa forma de escrita é importante e para potencializar não apenas textos literários, mas materiais didáticos e informativos na educação inclusiva.

Você pode acompanhar as novidades do nosso projeto em nossa conta do instagram: https://www.instagram.com/projliteraturaacessivel/ e nossas publicações AQUI.

Logo divulgaremos a publicação do Manual, e traremos mais informações sobre essa forma de escrita acessível e revolucionária que precisa muito ser conhecida aqui no Brasil.

E você, já conhecia a Leitura Fácil? O que gostaria que escrevêssemos sobre ela?


Abração,

Vanessa.