11 de fev. de 2011

Convite para bancas de Mestrado e Doutorado - UNISINOS

Olá pessoal
Início de ano é época de várias defesas de cursos de mestrado e doutorado, e ótima oportunidade para acompanharmos a que pé estão pesquisas nas áreas que nos interessam. Aqui, divulgo defesas de alguns trabalhos que envolvem temas como inclusão, educação de surdos e educação linguística que acontecerão recentemente na UNISINOS, em São Leopoldo (RS). Um grande momento de troca de ideias, aprendizado e de prestigiar estes queridos pesquisadores!

PPG em Educação
Teses de doutorado

Eliana Pereira de Menezes
Título: “A maquinaria escolar na produção de subjetividades para uma sociedade inclusiva.”
Dia 23/02/2011
Hora: 9h
Local: Centro 1 – PPGEdu/Unisinos
Banca:
Drª Márcia Lise Lunardi-Lazzarin – UFSM
Drª Maria Inês Naujors -UFSM
Drª Gelsa Knijinik - UNISINOS
Dr. Luis Henrique Sommer – UNISINOS
Drª Maura Corcini Lopes (orientadora) – UNISINOS


Édina Vergara Fagundes
Título: A in/visibilidade do sofrimento psíquico nas biopolíticas de Educação Inclusiva e Saúde Mental
Dia: 10 de março de 2011.
Hora: 9h
Local: Centro 1 – PPGEdu/Unisinos – Sala 1 A 262
Banca:
Drª Iolanda Montano dos Santos – Faculdades São Judas Tadeu
Drª Adriana da Silva Thoma – UFRGS
Dr Remi Klein – UNISINOS
Drª Maria Isabel da Cunha – UNISINOS
Drª Maura Corcini Lopes (orientadora) – UNISINOS


Dissertações de Mestrado

Maricela Schuck
Título: “A Educação dos Surdos no RS”: currículos de formação de professores surdos
Dia: 25 de fevereiro de 2011.
Hora: 9h
Local: Centro 1 – PPGEdu/Unisinos
Banca:
Drª: Madalena Klein – UFPEL
Drª Gelsa Knjinik – UNISINOS
Drª Maura Corcini Lopes (orientadora) – UNISINOS
Interpretação LIBRAS-Português de Pedro Witchs

Vanessa Scheid Santanna de Mello
Título: A constituição da comunidade surda no espaço da escola: fronteiras nas formas de ser surdo
Dia: 25 de fevereiro de 2011.
Hora: 14h
Local: Centro 1 – PPGEdu/Unisinos
Banca:
Drª: Patrícia Rezende – UFSC
Drª Eli Henn Fabris – UNISINOS
Drª Maura Corcini Lopes (orientadora) – UNISINOS
Com interpretação LIBRAS- Português e Português – LIBRAS.


PPG em Linguística Aplicada
Aluno: Anderson Carnin

Título: "Entre a formação inicial de professores de língua portuguesa e o trabalho real: a (co)construção do objeto de ensino produção textual escrita" 
Data: 21/2/2011
Horário: 14h
Local: Sala 3A316 (centro de Ciências da Comunicação)

Comissão Examinadora:
Prof. Dr. Sandoval Nonato Gomes Santos (USP) Profa. Dra. Terezinha Marlene Lopes Teixeira (UNISINOS) Profa. Dra. Ana Maria de Mattos Guimarães (Orientadora)

Aluna: Rachel Mattos Bevilacqua

Título: "O papel da narrativa no ensino de inglês na escola pública"

Data: 22/2/2011
Horário: 14h
Local: Sala 3A316 (centro de Ciências da Comunicação)

Comissão Examinadora:
Profa. Dra. Heloísa Augusta Brito de Mello (UFG) Profa. Dra. Melissa Santos Fortes (UNISINOS)
Profa. Dra. Ana Maria Stahl Zilles (Orientadora)

Boa sorte a eles! E quem quiser divulgar aqui alguma defesa de mestrado ou doutorado, é só escrever para: blogvendovozes@gmail.com

Até mais!

3 de fev. de 2011

Vendo Vozes no Estante Mágica

Olá pessoal

O blog do site Estante Mágica fez uma postagem essa semana sobre literatura inclusiva e falou sobre o Vendo Vozes, para ler, clique aqui!
Conheci o site pelo twitter (@Estante_Magica), que tem sempre dicas superlegais sobre leitura para os pequenos. Vale a pena segui-los e conferir sempre o blog, que tem muita informação sobre aqueles ensinamentos importantes sobre educação (como, por exemplo, ensinar sobre a importância de se escovar os dentes, educação financeira, alimentação, hábitos, linguagem, etc....). Informações legais para todas as crianças, sejam elas ouvintes, surdas, videntes, cegas....
Valeu, Estante Mágica!
Abraço,
Vanessa!
@vvozes

1 de fev. de 2011

LIBRAS e variação linguística

Olá pessoal!
Reproduzo aqui no blog uma reportagem muito interessante publicada pela revista Língua Portuguesa sobre a variação e diversidade linguística da LIBRAS. No final do texto existe o link para o texto original.
Abraço!!!!


Os sotaques dos sinais
Mesmo sem som, a Libras (Língua de Sinais Brasileira) também tem variações regionais, a ponto de ser possível identificar um surdo do nordeste ou do sul só com base no seu gestual


Rachel Bonino



Paola Ingles Gomes cursa a 8ª série em São Paulo numa tradicional escola municipal para deficientes auditivos no bairro da Aclimação, a Helen Keller. Como outros colegas adolescentes, costuma ir à festa junina promovida pelo Instituto Santa Teresinha, um evento que virou referência entre estudantes surdos de todo o país. Paola conversava com um amigo de outro estado numa dessas comemorações anuais quando, entre risos, sinalizou que ele era um "palhaço", um tolo. O sinal usado indicava uma bola no nariz, assim como usam os palhaços. O rapaz não entendeu a "gíria" e coube a Paola indicar o contexto da palavra, por meio de outros sinais. Casos assim se repetem a cada interação entre deficientes auditivos de regiões diferentes, mas que adotam a mesma gramática gestual adotada pela Libras, sigla para Língua de Sinais Brasileira. Nesse universo sem sons, há gírias, regionalismos e até mesmo o que podemos chamar de sotaques.
De fato, determinados termos possuem variações maiores ou menores quando "pronunciados" por gestos. Só a palavra "abacaxi", no sortido espectro de variantes em forma de gesto, tem ao menos cinco sinais diferentes em todo o país, com pequenas mudanças de movimentos entre os compartilhados por Bahia e Pará e os usados no Mato Grosso ou em Santa Catarina.
A Libras é reconhecida desde 2002 por lei federal (ver quadro). Tem como base cinco parâmetros:  a direcionalidade (para onde as mãos e o rosto se dirigem), o ponto de articulação (de onde parte o movimento), a configuração de mão, o movimento propriamente dito e as expressões faciais e corporais. A variedade lingüística dos sinais ocorre, em alguns estados, quando se modifica ao menos um desses parâmetros.
- É como se houvesse uma "pronúncia" diferente. É um tipo de sotaque, só que sem som - afirma a lingüista Tanya Amara Felipe, professora da Universidade de Pernambuco (UPE) e coordenadora do Programa Nacional Interiorizando a Libras.
Dizer sem falar
Quase não existem pesquisas sobre variações regionais em Libras, mas já há base empírica para os estudiosos arriscarem configurações. A psicóloga Walkiria Duarte Raphael, uma das autoras do Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngüe da Língua de Sinais Brasileira (Edusp, 2001), diz conseguir identificar um r arrastado nos sinais dos surdos cariocas.
- Eu, lidando com os diferentes sinais, percebo que no Rio eles soletram mais arrastado, embora não exista estudo com base científica sobre o assunto. Os surdos que oralizam bem [que reproduzem com os lábios as palavras sinalizadas] acabam falando junto com o sinal. E aí também se consegue perceber o sotaque. É possível sentir claramente isso, no sinal - diz.
Embora não haja equivalência entre o verbo e os gestos de cada lugar, os sotaques dos sinais parecem acompanhar as sutilezas das falas de cada região. Para Walkiria, é possível perceber a diferença regional pela observação da mão de apoio - é comum que os surdos destros façam o movimento com a mão direita e a esquerda sirva de suporte. No Rio de Janeiro, segundo a estudiosa, a maioria dos sinais é feita com a mão de apoio fechada. Em São Paulo, a mão de apoio é aberta.
- Essa é uma diferença que notei quando estava juntando os sinais para o dicionário. Isso pode ser considerado um sotaque? Pode - diz Walkiria.
Sueli Fernandes, lingüista , assessora técnico-pedagógica do Departamento de Educação Especial da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, concorda:
- Sejam faladas ou sinalizadas, é próprio das línguas a pluralidade de manifestações. A unidade lingüística é um mito mesmo na linguagem por sinais - analisa a profissional, que também é colaboradora do Libras é Legal, projeto de difusão da língua coordenado pela seccional do Rio Grande do Sul da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis-RS).
Ambiente virtual
Os alunos surdos da escola Helen Keller (da esq. para a dir.) Lidiane Francisca de Souza, Paola Ingles Gomes, Ricardo Paulo Maranhão e Mônica Amoroso: troca de gírias com estudantes de outros estados

Coordenadora do curso a distância de Letras-Libras na Universidade Federal de Santa Catarina, único nos moldes no país, a lingüista Ronice Müller de Quadros mantém contato com 500 alunos de nove estados no ambiente virtual. Desse total, 447 são surdos. A quantidade de sinais variantes é tão grande que eles criaram um glossário para padronizar aqueles usados e criados no curso.

- Dá para identificar quem não é  de Santa Catarina pela variação dos sinais, e pelas diferentes expressões faciais e corporais - conta.

Ela lembra que os falantes do Rio de Janeiro costumam usar muito o alfabeto manual na comunicação. Ou seja, no lugar do sinal, em muitas situações, o termo é soletrado. Característica que não é típica dos usuários de São Paulo, segundo Ronice.
- Os surdos do Norte do país se apóiam bastante nas expressões facial e corporal. O tamanho do sinal é maior, ocupa mais espaço. Mas essa diferença não tem implicação no significado do sinal. Manaus, por exemplo, é um dos pólos em que os estudantes apresentam mais variações. Talvez pelo fato de estarem muito distantes - analisa.
Mas nem sempre os surdos encararam com bons olhos o contato com sinais de outras regiões. No início da produção da primeira edição do dicionário, a psicóloga Walkiria Raphael - que atualmente trabalha na segunda edição do livro (ver quadro) - percebeu que diante de um termo diferente os surdos tendiam a dizer que aquele sinal estava "errado". Hoje,  as variações são mais aceitas.
- A própria comunidade surda tinha uma rixa. Daí a resistência dos surdos que estavam nos ajudando, na elaboração do dicionário, de incluir sinais que não são usados em São Paulo. Tínhamos de convencê-los de que aquele sinal era representativo para determinada região. Havia bairrismo - diz.
Se no caso do sotaque os sinais envolvidos têm diferenças sutis de estado para estado, no caso dos regionalismos, ao contrário, as mudanças são totais. A linha de pensamento é a mesma da palavra "mandioca" com suas variações "macaxeira" e "aipim". A mesma palavra, "abacaxi", tem sinais muito diferentes, como os de São Paulo e os do Rio de Janeiro. Dá pra dizer então que os sinais regionais são aqueles que representam a mesma coisa só que com ponto de articulação, movimentos, direcionalidade e expressões faciais, todos diferentes.
- Quando comparamos sinais usados por jovens surdos e surdos idosos, nas associações, por exemplo, percebemos mudanças na forma e no conteúdo dos sinais, por vezes até condenados pelos mais velhos que se orgulham de utilizar "sinais puros", sem a interferência do português, tal como o fazem as gerações atuais.
Nova geração
O atual cenário educacional é responsável por uma revolução na cultura surda. No passado, o isolamento era grande. Os sinais eram passados de geração a geração e se restringiam à representação do cotidiano, nada muito específico. Hoje, a presença no ambiente escolar tem estimulado a criação de muitos novos sinais, já que há disciplinas e termos técnicos, além de permitir o contato do estudante com os sinais de outras regiões. A estrutura que, nesse processo, mais tem sido renovada são os substantivos.
- Sinais vêm sendo criados, simultaneamente, em diferentes regiões, para atender às necessidades de conceituação e comunicação, repercutindo na ampliação do léxico. A especificidade das disciplinas e seus objetos de estudo requer um vocabulário técnico sinalizado que, enquanto não padronizado, contribui para a fomentação dos regionalismos - analisa Sueli Fernandes.



Algumas instituições de ensino que têm salas mistas - com alunos surdos e ouvintes - já estruturaram equipe para apoiar o contato entre professor e estudante durante as aulas. Sidney Feltrin é tradutor e intérprete de Libras há 12 anos. Há dois, ele trabalha com mais seis profissionais na Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), que tem sete alunos surdos.
- Todos os sinais criados em sala de aula são encaminhados à Feneis para que sejam disseminados e adotados nas demais universidades do país, criando assim um padrão - conta.




Sinais de guetos

Além da linguagem mais técnica e específica, a escola ou faculdade coloca o deficiente auditivo em contato com outros grupos que não a própria família e os colegas. Só esse fator é responsável pela criação de mais uma penca de novos sinais usada no bate-papo dos corredores. Na escola municipal Helen Keller, em São Paulo, os jovens do ensino fundamental e do médio têm suas próprias gírias, muitas vezes variando de sala para sala, de panelinha a panelinha.
É inegável que a língua portuguesa acaba por determinar a constituição de vários elementos semânticos, estruturais e discursivos da língua de sinais. Isso não deixa de acontecer também no universo das gírias. É o caso do xingamento "palhaço", usado pelos alunos da escola com o mesmo sentido da língua portuguesa. Na Helen Keller, os estudantes também criaram seus próprios sinais para Orkut e MSN (programa de conversa on-line).
Assim como no português, a língua de sinais também registra os idioletos, ou seja, as maneiras únicas no modo de falar ou sinalizar de um indivíduo. Diferenças de idade, escolaridade, maior ou menor contato com a comunidade surda, tudo isso aumenta a diversidade de sinais.
- Todos os usuários da Libras conseguem comunicar-se uns com os outros e entendem-se bem, apesar de não haver sequer dois que façam sinais da mesma maneira - explica a lingüista Lodenir Becker Karnopp, também professora do curso Letras-Libras na UFSC.

Nesse mar de sinais e variações, quem não é surdo pode pensar que o entendimento entre os deficientes auditivos de estados diferentes fica quase impossível. Basta lembrar a quantidade de palavras usadas na língua portuguesa e suas variações, tão criativas quanto as dos sinais.

- Há, sim, uma tentativa de padronização das associações de apoio ao surdo. Há muitos sinais que já são padronizados e usados em congressos, por exemplo. Mas é preciso respeitar a diversidade - comenta Walkiria Duarte.
A mesma diversidade, aliás, que torna a Libras e a língua portuguesa admiradas pelos seus usuários.
História da Libras
A primeira instituição brasileira criada para apoiar a alfabetização dos surdos foi o Instituto Nacional de Surdos-Mudos, atual Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), criado por D. Pedro II, em 1857. Dezoito anos depois, em 1875, foi publicado o primeiro livro com os sinais usados por aqui, o Iconographia dos Signaes dos Surdos-Mudos, de Flausino da Gama. O autor utilizou os mesmos sinais franceses, colocando a tradução em português. Daí a influência da língua francesa de sinais na brasileira.
- Esse sinais do livro deveriam ser usados concomitantemente com outros  já usados no Brasil naquele período [1875].
Provavelmente havia dois sinais e um "vingou". Pude observar em viagem aos Estados Unidos que há sinais do livro de Flausino que são usados pela ASL [American Sign Language], o que comprova o parentesco lingüístico entre as três línguas - analisa a lingüista Tanya Amara Felipe.
Quase um século depois, em 1969, estudiosos descobriram que no Brasil há outra língua de sinais usada pelos índios urubus-caapores, do Maranhão, que têm elevada taxa de surdez (1 surdo para cada 75 ouvintes).
Naquela década também foram publicadas, por iniciativa estrangeira, mais duas obras sobre os sinais brasileiros e que por muitos anos foram usadas no ensino de sinais: Linguagem das Mãos, de E. Dates; e Linguagem de Sinais do Brasil, de H. Hoeman. Ambas muitos influenciadas pela ASL.
Só na década de 80 é que estudos mais aprofundados em lingüística foram feitos. Nessa época, constituíram-se as principais instituições de apoio ao surdo. São Paulo e Rio de Janeiro influenciaram os sinais dos outros estados por terem sido os pioneiros no estudo do tema.
Foi em 2002 que o governo federal reconheceu a Libras como língua. Com a lei, a educação inclusiva dos surdos passou a ser obrigatória nas escolas públicas de todos os níveis. Dados do Censo 2000, reunidos pelo IBGE, indicam que dos 5,7 milhões de brasileiros com algum grau de deficiência auditiva, pouco menos de 170 mil se declararam surdos.


Dicionário de libras vai incluir sinais regionais
Publicação com quase 12 mil verbetes terá dois mil sinais só para palavras e expressões que variam de estado para estado


Antes da publicação do Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngüe da Língua de Sinais Brasileira (Libras), em 2001, pela Edusp e apoiada pela Feneis, não havia registro oficial da linguagem gestual ensinada a surdos no Brasil. Os materiais existentes estavam espalhados pelo país em apostilas produzidas por associações de apoio ao deficiente auditivo. Uma realidade bem diferente da de outros países, como os Estados Unidos, onde há algum tempo já existem dicionários do gênero.

Seis anos depois, e com a menção honrosa na categoria Educação e Psicologia do Prêmio Jabuti conquistada em 2002, os autores do trabalho, os psicólogos Fernando Capovilla e Walkiria Duarte Raphael, preparam a segunda edição do dicionário. A previsão de lançamento é para o começo de 2008. Mais dois mil verbetes de sete estados serão incorporados ao catatau que já havia reunido 9,5 mil sinais, divididos em dois volumes. Será inserida a soletração do verbete, além da indicação dos lugares onde aquele sinal é usado.
No início da pesquisa, os autores se reuniram com um grupo de 14 surdos da Feneis-SP, que passaram cada sinal e seu significado. A meta nessa segunda etapa é "aumentar o vocabulário em português e o léxico em sinais", como explica Walkiria Raphael. Confira trecho de entrevista com a estudiosa:
Língua Portuguesa - Quais as dificuldades para montar o dicionário?
Walkiria Raphael - O surdo não se baseia nos verbetes escritos, mas no conceito, o contexto. É muito comum quando um ouvinte pede a um surdo soletrar uma palavra, como "essencial", e ele perguntar o que é. Depois de entender o contexto, aí, sim, ele faz o sinal referente. Outros surdos podem empregar um sinal diferente para "essencial", mas que contenha o mesmo sentido. Além do regionalismo nos estados, em São Paulo há grupos de jovens que criam seus próprios sinais, como no resto do país, aliás. Não dá para abarcar todos os sinais. Outra dificuldade é que não há uma correspondência tão direta entre o sinal e a palavra. Nós tivemos muito cuidado para fazer essa tradução.
Há sinais que já caíram em desuso?
Sim. Do primeiro ao segundo dicionário, já notamos isso. Mas a gente resolveu manter. É como no português: ainda encontramos termos que não existem mais, mas estão lá. O próprio sinal de Libras já mudou. Ainda assim, o outro sinal não deixou de ser usado. Como há pessoas que só conhecem as versões antigas das palavras, preferimos não eliminar esses termos.
As gírias surdas
Por Sueli Fernandes

A aluna Paola Ingles Gomes sinaliza gíria que só existe na Libras: termo pode indicar mau humor, surpresa ou até constrangimento

As gírias são a parte mais interessante do discurso em Libras. É justamente nele que se manifesta o universo metafórico da língua, no qual os sinais são "manipulados" de forma a seduzir, enganar, disfarçar,  determinar... Testemunhamos o riquíssimo universo da polissemia e polifonia da língua da forma mais rica e diversa, em um contínuo de relações e situações determinadas pelo contexto, pelas expectativas dos interlocutores.

Existem muitos exemplos corriqueiros, bastante conhecidos nas línguas faladas, em que se usam gírias para se referir a garotas ou rapazes bonitos: "gato", "gostosa", "de cair o queixo"; ou quando precisamos informar necessidades fisiológicas como: "ir ao banheiro", "fazer xixi", "apertado" etc. Sejam faladas ou sinalizadas, as gírias são semanticamente bastante semelhantes nesses casos.

O que mais fascina na Libras são os artifícios usados pelos surdos para escapar dos olhos dos demais membros do grupo, em momentos em que necessitam endereçar mensagens subliminares, ou secretas, a algum interlocutor. Pela visualidade que é inerente à sinalização, inúmeros sinais "discretos" são criados, reduzindo-se o espaço da sinalização ou o ponto de articulação de modo a não deixar pistas aos bisbilhoteiros. 

Por exemplo, se em uma roda de adolescentes surgem temas tabus como sexo ou masturbação, é comum que eles modifiquem os sinais usados convencionalmente. Da mesma forma, se uma menina quer confidenciar a outra que vai menstruar e há meninos por perto, ela muda a forma de sinalizar, usando um sinal "disfarçado". Quando se quer falar de alguém que está presente, usam-se mecanismos conversacionais de indicação disfarçada ou relações espaciais em que se estabelece uma localização neutra no espaço para o "dito cujo", mesmo que ele esteja presente, passando-se a enunciar indicando aquele ponto no espaço, sem que ninguém saiba de quem, exatamente, se fala.

São fartos, também, os exemplos de gírias que têm como sentido "tô nem aí com você", "qual é a dele?", "você me sacaneou", "tá me enrolando", "fiquei com o rabo entre as pernas", e assim por diante, que nada têm a ver com os sinais convencionais. Alguns são até modificados para a adequação discursiva.

Outros sinais são "intraduzíveis" isoladamente, pois uma mesma forma pode indicar inúmeros sentidos a depender do contexto. Um exemplo é o sinal em que a configuração de mão com o dedo médio colocado no topo da cabeça, acompanhado de uma expressão facial característica (mau humor, surpresa), pode significar "tô na minha", "que mico", "tô boiando" e assim por diante.

Enfim, a riqueza da Libras repousa justamente nesses elementos que chamaríamos extralingüísticos nas línguas faladas, mas que constituem a estrutura gramatical, semântica e discursiva da língua de sinais: movimentos de sobrancelhas, jogo de olhares, menear de ombros e de cabeça, "balanço" ao sinalizar, leveza ou ênfase no movimento, duração do olhar ou do movimento no ar, maior ou menor amplitude do espaço de sinalização. Ou seja, um universo quase desconhecido para aqueles que ainda não experimentaram constituir sentidos com palavras-imagens.

Sueli Fernandes é lingüista, assessora técnico-pedagógica do Departamento de Educação Especial da Secretaria de Estado da Educação do Paraná e colaboradora do projeto Libras é Legal

27 de jan. de 2011

Língua de sinais para bebês

Olá pessoal! Vocês sabiam que alguns pais (ouvintes) estão optando por ensinar língua de sinais para seus bebês ouvintes? A ideia é que o bebê aprenda alguns sinais básicos, como papai, mamãe, alimentos, água, sede, para poder se comunicar antes de adquirir a linguagem oral (período pré-verbal). Assim, o bebê pode se comunicar, controlar sua frustração e desenvolver mais cedo suas habilidades linguísticas. Como a língua de sinais é utilizada juntamente com a língua oral, não há nenhum prejuízo para a aquisição da língua oral da criança.
Existem alguns sites com informações a respeito, além de livros e DVDs que podem ser comprados com lições para os pais ensinarem os seus filhos bebês as línguas de sinais. O recomendável é que se comece a ensinar aos 6 meses de idade, e é normal que a criança demore alguns meses para produzir seus primeiros sinais (embora eu não veja problema de começar antes, assim como a fala, quanto mais interação com seu bebê, melhor!)
A revista CRESCER fez uma matéria sobre o assunto, entrevistou especialistas (com opiniões divididas) e mostra um videozinho com uma dessas lições. Segundo a fonoaudióloga entrevistada, Izabella Santos Nogueira de Andrade "Não faz sentido aprender uma linguagem que logo será substituída pela oral”, o que eu discordo, pois a língua de sinais é uma língua real (e não linguagem), com status de língua e utilizada por muitas pessoas, logo, por que não? Por que a criança não poderá continuar aprendendo sinais depois de adquirir a língua oral?
No filme "Entrando numa fria maior ainda" o personagem de Robert de Niro ensina o neto a se comunicar assim!
No site Signing wiht yout baby você pode ter mais informações sobre o assunto.
O exemplo mais legal e fofo que eu encontrei desse método foi da menina Fireese, do canal do Youtube My Smart Hands. Neste canal, há diversos videos da menina ao longo de seu crescimento, antes do 1° ano de idade, aos 2, interagindo em ambas as línguas com a mãe dela (ASL e inglês), e aos 2 anos e meio, já lendo e escrevendo as primeiras palavras! 

Abaixo, o vídeo da menininha ainda bebê, interagindo com a mãe (muito lindo!)



E você, o que achou? Ensinaria a língua de sinais para seu bebê?
Abraço,
Vanessa.

25 de jan. de 2011

Sprint Relay - legendagem para telefones


Olá pessoal! Como prometido, quero comentar com vocês a respeito do telefone com legenda que aparece no videoclipe "See what I'm saying", que mostrei no post anterior. A marca do aparelho é a mesma que aparece no início do videoclipe, a Sprint Relay, que conta com diversas soluções tecnológicas para quem tem dificuldade de audição, fala ou surdez. O aparelho que aparece no videoclipe enquanto a música toca, e então a menina surda sinaliza é o Sprint CapTel, e nos Estados Unidos pode ser comprado por 99 dólares. O aparelho pode ser utilizado para comunicação entre surdos e ouvintes, por exemplo. A pessoa ouvinte fala ao telefone, normalmente, e o aparelho, através da tecnologia de reconhecimento de voz, transcreve aquilo que está sendo falado automaticamente. É mais rápido do que os aparelhos onde a pessoa precisa digitar a mensagem, por exemplo.
E empresa conta com outros aparelhos, como videochamada, ou um serviço de legendagem direto de um celular conectato à internet, ou até mesmo um serviço que faz as legendas para a televisão.
Para maiores informações sobre a empresa, acesse http://www.sprintrelay.com/.

Letra e storyboard do videoclipe do documentário "See what I'm saying"

Olá pessoal! Eu já havia feito um post aqui no blog (AQUI) sobre o documentário "See What I'm Sayng" (Veja o que estou dizendo), sobre artistas surdos. Acabei encontrando outros materiais legais na internet sobre isso, como o clipe que foi feito para o documentário, de mesmo nome, um clipe muito bem feito sobre a relação das pessoas surdas e ouvintes, sobre as possibilidades infinitas do ser humano de interagir, e sobre a necessidade de nós, ouvintes, darmos voz àqueles que se utilizam de outros recursos para se comunicar, como as mãos, o corpo, o rosto....
O vídeo está logo abaixo, e depois, coloco a letra e a tradução dela para vocês. A banda Powder compôs e gravou a música.


Letra e tradução:



I'm here, you're there, you ask me something... [Eu estou aqui, você está aí, você me pergunta alguma coisa]
(But I don't hear you) [ Mas eu não ouço você]
I turn, you've left [ Eu viro, você foi ]
And now there's nothing [E agora não há nada ]
(Unless you touch my shoulder) [ A menos que você toque no meu ombro]
I use my hands, I read your lips [Eu uso minhas mãos, eu leio seus lábios]
I just want to talk to you. [Eu só quero falar com você]

Chorus:
See What I'm Saying [Veja o que estou dizendo]
See what I'm feeling [Veja o que estou sentindo]
See what I'm trying, trying to break through [Veja o que estou tentando, tentando romper]
See what I'm saying  [Veja o que estou dizendo]
See what I'm being [Veja o que estou sendo]
Being myself 'cause I'm supposed to [Sendo eu mesmo porque eu tenho que]
Cause I have a voice like you. [Eu tenho uma voz como você]



You're here, I'm there [Você está aqui, eu estou lá]
We start connecting [nós começamos a nos conectar]
(I know you see me) [Eu sei que você me vê]
We laugh, we cry, communicating [ Nós rimos, nós choramos, comunicando]
So we come together [Então nós ficamos juntos]
I use my hands, I read your lips [Eu uso minhas mãos, eu leio seus lábios]
Now I can talk to you.  [Eu só quero falar com você]

No site oficial do documentário tem também um storyboard muito legal, que são os desenhos que os roteiristas do clipe, no caso, fizeram para planejar como queriam que o clipe fosse feito.



Quem quiser mais informações sobre o documentário, acesse o site oficial: http://www.seewhatimsayingmovie.com/home.html

No próximo post quero falar sobre o aparelho que é utilizado no clipe, uma espécie de telefone com legendas.... Até mais!

20 de jan. de 2011

II Congresso Brasileiro de Pesquisas em Tradução e Interpretação de Língua de Sinais Brasileira

Pessoal, hoje o post foi feito pela nossa nova colaboradora (logo vou postar uma apresentação mais completa sobre ela), a Laura! Ela fez um texto para o blog falando sobre o 
II Congresso Brasileiro de Pesquisas em Tradução e Interpretação de Língua de Sinais Brasileira, que aconteceu no final do ano passado, para compartilhar conosco. Obrigada, Laura!

Olá pessoal do blog Vendo Vozes!

Cartaz do congresso
A pedido da Vanessa escrevo a seguir meu relato sobre o II Congresso Brasileiro de Pesquisas em Tradução e Interpretação de Língua de Sinais Brasileira, ocorrido nos dias 25, 26 e 27 de novembro de 2010. O evento foi muito legal, e para mim, visto ter sido o primeiro grande evento sobre o assunto do qual participo - foi uma experiência marcante! Pude, junto com muitos outros colegas intérpretes, apresentar minha pesquisa (leia na íntegra os trabalhos, e veja os powerpoints das apresentações, aqui: http://www.congressotils.cce.ufsc.br/anais.php). O Congresso serviu também para conhecermos a realidade de trabalho dos tils de todas as regiões do país e até mesmo de outros países, como Espanha e Portugal. Algo que me chamou a atenção foi a dinâmica e a organização dos intérpretes do evento: todas as comunicações e palestras foram interpretadas para Libras ou para a LP, quando era o caso. Quando algum dos conferencistas estrangeiros palestrava na sua língua de sinais - como foi o caso da Melanie Metzger na American Sign Language (ASL), entre outros - um(a) surdo(a) intérprete, interpretava para a Libras, e, da Libras, outro tils interpretava para a Língua Portuguesa falada. Ficou confuso?! Num primeiro momento a gente também se surpreendia com a multiplicidade de sinalizadores, línguas e intérpretes num só lugar, mas depois, quando nos acostumávamos àquela dinâmica situação, podíamos perceber e apreender os detalhes, as técnicas utilizadas, o posicionamento dos intérpretes, a atuação dos apoios, entre outros. Ou seja, teoria e prática conviveram perfeitamente, corroborando para enriquecer nossa experiência!
Eu, particularmente, fiquei muitíssimo satisfeita quando o tils que ia interpretar minha comunicação, me procurou, no dia anterior, para discutir e sanar algumas dúvidas quanto ao meu trabalho. Daí percebi o quão importante é, para o próprio palestrante, o contato prévio com seu intérprete, e vice-versa. É aquela situação ideal, né, e que no Congresso pude ver se concretizando na prática. Bom, gente, eu teria muito mais coisas para contar, mas fica para uma próxima oportunidade! Gostaria de saber dos leitores: alguém mais participou do Congresso em Floripa? Tem algum relato pra compartilhar com a gente?
Um abraço a todos!
Áh, pra quem ainda não sabe, aproveito para divulgar, e, para quem já sabe, reforço o lembrete e convite que o Ricardo Sander fez lá para nós: há vários eventos que vão ocorrer neste e no próximo ano relacionado à nossa profissão. Dentre eles destaco a Conferência WASLI, na África do Sul, em julho deste ano e o I Congresso Internacional sobre Surdez, em novembro, na Unicamp.

Laura apresentando seu trabalho no Congresso

Laura A. Kümmel Frydrych

11 de jan. de 2011

Ano Novo!

Olá pessoal, neste ano de 2011 eu ainda não havia postado nada, perdão, mas estava aproveitando um pouquinho as minhas férias! Ano novo, novos projetos, sonhos, metas, espero que vocês também tracem coisas boas e bacanas para este ano, que o trabalho e os estudos de vocês sejam recompensadores, proveitosos, divertidos e prazerosos, afinal, nós merecemos, né?

Amanhã, dia 12/11, também completo mais um ano de vida, por isso quero aproveitar esse espaço, que estimo tanto, para agradecer a DEUS por tudo o que Ele tem feito em minha vida! Obrigada, Senhor!

O céu anuncia a glória de Deus e nos mostra aquilo que as suas mãos fizeram.
    Cada dia fala dessa glória ao dia seguinte, e cada noite repete isso à outra noite.
    Não há discurso nem palavras, e não se ouve nenhum som.
    No entanto, a voz do céu se espalha pelo mundo inteiro, e as suas palavras alcançam a terra toda. Deus armou no céu uma barraca para o sol."

E você, o que planeja para 2011?

27 de dez. de 2010

Cursos para 2011: Região SUDESTE. Programe-se!!!

Cursos para 2011 na região Sudeste:

  • A Associação Educacional para Múltipla Deficiente oferece o curso de capacitação na área da surdocegueira "Formação de Guia Intérprete", entre 17 e 22 de janeiro de 2011. É necessário que o participante tenha, pelo menos, o nível básico de LIBRAS, e as aulas serão em São Paulo (SP) na Vila Mariana. Maiores informações acesse o folder do curso.

  • A DERDIC (Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação) da PUC-SP está com matrículas abertas para os cursos de LIBRAS, em vários bairros de São Paulo (SP), até 18/02/2011. Para saber mais informações sobre documentação necessária e locais das aulas, acesse o site do núcleo, clicando aqui!

  • O instituto SELI, em parceria com a UNINTER, está oferecendo diversos cursos de especialização, entre eles, "Especialização em LIBRAS e Educação para Surdos", "Agente Bicultural: Docente e Intérprete", "Educação Especial e Inclusiva" e "Tecnologias Assistivas na Educação Inclusiva". Para saber mais, acesse o site.
Quer divulgar mais cursos para 2011 na região sudeste? Escreva para blogvendovozes@gmail.com
Abraço
Vanessa!

26 de dez. de 2010

Pesquisa revela avanços e desafios na inclusão social de pessoas com deficiência

Pessoal,
Encaminho a vocês uma reportagem feita pela TV Senado a respeito de uma pesquisa que o Senado realizou para saber a opinião de pessoas com deficiência sobre suas condições de vida. É uma pena que o vídeo que acompanha a reportagem não corresponda a esse processo inclusivo que tanto é reclamado nela, pois o mesmo não possui legendas, não é bastante contraditório? O link para a reportagem é este, e para ter acesso ao texto integral da pesquisa, clique aqui. Para comentar sobre a pesquisa à TV Senado, escreva um e-mail para:sepop@senado.gov.br (o que eu vou fazer para reclamar sobre a falta de legendas). Também existe uma página chamado "Alô Senado: Cidadania para pessoas com deficiência", onde você pode dar sugestões sobre projetos de leis para beneficiar as pessoas com alguma deficiência. Para acessá-la, clique aqui.

Pesquisa revela avanços e desafios na inclusão social de pessoas com deficiência
O compromisso existe e é internacional, assinado por todos os países que ratificaram a Convenção da ONU sobre Direitos das Pessoas com Deficiência. Os resultados das políticas públicas para sua inclusão social, no entanto, variam muito. Pesquisa inédita do DATASENADO, de âmbito nacional, fez um amplo balanço dos avanços e desafios para assegurar cidadania das pessoas com deficiência, na voz dos próprios interessados. Para 57% dos entrevistados, a vida das pessoas com deficiência está melhor, mas 77% acham que seus direitos ainda não são respeitados no país.
A pesquisa realizou 1.165 entrevistas e a amostra foi subdividida em três categorias: pessoas com deficiência física (759), visual (170) e auditiva (236). Essa proporção levou em conta o cadastro do Instituto Brasileiro dos Direitos das Pessoas com Deficiência (IBDD), organização não-governamental com sede no Rio de Janeiro e atuação nacional na promoção da inclusão social desses segmentos da sociedade. Os dados foram coletados entre os dias 28 de outubro e 17 de novembro de 2010. Os resultados têm margem de erro de 3%.
Na avaliação de 59% dos participantes do levantamento do DATASENADO, o preconceito em relação às pessoas com deficiência está diminuindo. Para 38%, o maior desafio ainda é a inclusão no mercado de trabalho. A pesquisa apurou que 55% dos entrevistados realizam algum trabalho remunerado, sendo que 71% estão empregados em empresas privadas, 15% são funcionários públicos e 15% autônomos. As pessoas com deficiência auditiva são as mais empregadas (67%), seguidas por aquelas com deficiência física (54%) e visual (41%). Para 52%, a legislação existente sobre o mercado de trabalho (Lei de Cotas) torna mais fácil a contratação de quem tem deficiência. A discriminação no ambiente de trabalho, por outro lado, é apontada como uma realidade, frequente ou pelo menos parcial, por 43% dos entrevistados.
Quando o tema é a educação, 51% das pessoas com deficiência entendem que o próprio adolescente deveria escolher a escola onde estudar. Se pudessem escolher, 69% dos entrevistados optariam por uma classe comum em uma escola regular. Mas as diferenças entre tipos de deficiência ficaram muito claras: para 77% das pessoas com deficiência física, a classe comum em escola regular seria melhor; mas a escolha muda quando são pessoas com deficiência auditiva (58%) e visual (54%). As críticas à falta de capacitação dos professores foram feitas por 38% dos respondentes (48% entre deficientes auditivos). As instalações físicas não adaptadas foram apontadas por 33% (40% entre os deficientes físicos), ao passo que 21% dos deficientes visuais queixaram-se de material de ensino inadequado.
No campo da informação, 68% dos entrevistados pelo DATASENADO apontaram a TV como melhor meio para comunicar-se com as pessoas com deficiência, enquanto 77% apontaram a internet como principal meio para a busca de informações. Para 54%, as leis sobre o acesso da pessoa com deficiência à informação ainda são insuficientes.
A questão da mobilidade urbana, por outro lado, apareceu como mais um ponto de grandes queixas, por parte das pessoas com deficiência. No caso da adaptação dos prédios, 64% acham que a minoria dos edifícios públicos está adaptada (66% no caso dos estabelecimentos comerciais). Ruas e calçadas adaptadas também são franca minoria, na avaliação de 52% dos participantes da pesquisa. No caso do transporte público, um empate: 43% acham que ele atende bem a pessoa com deficiência e outros 43% que não.
Quando o tema é lazer, a pessoa com deficiência quer integração, as mesmas atividades de recreação, mas em ambientes adaptados: 35% pedem a adaptação e 31% reivindicam mais opções de lazer. Por falta de recursos de acessibilidade, 64% das pessoas com deficiência física lamentaram não ter condições de praticar esportes (51% no segmento de deficientes visuais), 25% das pessoas com deficiência auditiva disseram não poder ir ao teatro e 23% das pessoas com deficiência visual deixaram de ir ao cinema.
O planejamento da pesquisa "Condições de vida das pessoas com deficiência no Brasil" levou o DataSenado a estudar meios para assegurar plena condição de resposta às pessoas, independente de sua deficiência. Assim, o questionário telefônico foi aplicado para que tem deficiência física ou visual. E um questionário eletrônico foi desenvolvido especialmente para as pessoas com deficiência auditiva. As perguntas escritas foram redigidas a partir de pressupostos lingüísticos específicos para pessoas com deficiência auditiva. E todas essas questões foram também apresentadas por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras), disponibilizadas em vídeo. Esses vídeos foram elaborados pela TV Senado, com apoio da equipe de intérpretes de Libras do Senado Federal.

23 de dez. de 2010

Revista Nova Escola traz dicas de como incluir alunos surdos

Fiquei muito contente ao abrir minha caixa de mensagens hoje e receber, na newsletter da Revista Nova Escola uma lista de links de reportagens da mesma sobre como incluir alunos surdos.
O período de planejamento do ano letivo é importantíssimo para o sucesso de nosso trabalho, como professores, durante o ano, e pensar essas questões desde já pode ajudar nesse planejamento, seja para você que já sabe que terá aluno(s) surdo(s) incluído(s) em sua turma - como eu, por exemplo - ou para quem ainda não pensou nisso, mas sabe que pode acontecer!
O site da Nova Escola traz, então, dicas para várias áreas. Clica nos links e confira:
Se você quer receber em seu e-mail notícias da revista Nova Escola, clique aqui e cadastre-se.

22 de dez. de 2010

Cursos para 2011: Região Sul - Programe-se!

Olá pessoal
Nesta época de final/início de ano, normalmente traçamos nossas metas e projetos para o ano que vai começar. Se nos seus planos está fazer um curso de LIBRAS ou alguma capacitação para educação especial, por exemplo, o Vendo Vozes traz algumas indicações de cursos que já estão com inscrições abertas ou programados, para você poder conferir e decidir qual o melhor.
Para contemplar todos os leitores (ou, pelo menos, a maioria), separei os cursos pelas regiões do país, e vou começar pela região SUL.

SUL 

  • O UNILASALLE (Canoas, RS) está com uma programação de cursos para 2011 bem interessantes. Embora as inscrições só estarão abertas em Fevereiro, no site da extensão  já é possível conferirmos as opções. Destaco os cursos de LIBRAS I  e II com início em Março/Agosto, Capacitação na Área da Educação Especial: Transtornos Globais do Desenvolvimento e Capacitação de Professores em Educação Especial/Deficiência Visual que iniciarão em Maio, Preparação para Instrutores de LIBRAS, que iniciará em Setembro e Ensino de Língua Materna e Literatura (outubro).
  • O IPA (Porto Alegre, RS) também está com inscrições abertas para cursos de LIBRAS em 2011, com início em Março. O Período de inscrição: 15.12.10 à 16.03.11, com valor da Taxa de Inscrição: R$ 20,00 e Valor do Curso: R$ 180,00 (ótimo!!!) Maiores informações pelo site do curso.
  • Indepin (Porto Alegre, RS) também oferecerá curso de LIBRAS a partir de março de 2011. Aos aulas serão aos sábados pela manhã, e as turmas serão bem reduzidas (máximo 12 pessoas por turma). R$ 107,00 por cada módulo de 60h. Acesse a página e confira.
  • Em Santa Catarina, uma das opções para estudar LIBRAS, se você reside em Joinvile, é a Escola Via Brasil, que oferece os níveis básico, intermediário e avançado. As informações sobre o curso podem ser acessadas neste site.
  • Pensando em fazer uma especialização? O Programa de pós-graduação da Faculdade de Educação da UFRGS (Porto Alegre, RS) está com inscrições abertas, até 15/01, para o curso de especialização "Educação especial e processos inclusivos". Interessados podem acessar a página do curso e obter todas as informações.
  • Outra ótima opção em especialização é o curso de Educação Especial oferecido pela Faculdade de Educação da UNISINOS (São Leopoldo, RS). As inscrições para o curso podem ser feitas através do site, até o dia 10/03 de 2010.
  • O Instituto Paranaense de Ensino estará realizando, a partir de Março de 2011, em Maringá (PR), o curso de especialização "LIBRAS: Educação Bilíngue para Surdos", com docentes que são referência na área em todo o país. As aulas ocorrerão duas vezes por mês aos sábados, e você pode obter todas as informações sobre o curso pelo site próprio.
  • E se seu desejo para este ano é se formar como um tradutor/intérprete profissional de LIBRAS, a PUCPR (Paraná) também oferece essa opção, em cursos que começarão em fevereiro/2011, nos turnos tarde ou noite. Para conferir as especificações, clique aqui.
E se você conhece mais opções para cursos semelhantes a estes que ocorrerão em 2011 na região SUL, escreva para nós: blogvendovozes@gmail.com.
Próximo post: cursos EAD.

Abraços a todos!
Vanessa

21 de dez. de 2010

Divulgando: VAGAS na ULBRA

Encaminhando anúncio recebido por e-mail. Sugira esse post caso você conheça alguém que se encaixe nesse perfil!
Abraço
Vanessa!

18 de dez. de 2010

Novo curso: "Ensino de Língua Portuguesa para Surdos: tópicos avançados" (2011/1)

Olá pessoal!
Já estão abertas as inscrições para o próximo curso que vou oferecer na UNISINOS Virtual: Ensino de Língua Portuguesa para Surdos: tópicos avançados. O curso foi pensado como continuação para aqueles que já fizeram o curso "Introdução ao Ensino de LP para surdos", seja na modalidade presencial ou a distância, e pediam por uma continuação do curso, para podermos aprofundar mais nossas discussões sobre o assunto. Também é voltado para aqueles que já possuem esses conhecimentos básicos, e querem, também, fazer esse intercâmbio de leituras e ideias.
Pois bem, esse novo curso vai ser na modalidade a distância, através da Plataforma Moodle, da UNISINOS Virtual, e vai ocorrer entre 07/04/2011e 08/06/2011, com 40 horas de duração. O participante poderá escolher  entre as quintas-feiras à noite OU os sábados pela manhã para participar dos chats do curso, que abordará assuntos como O ensino de LP para surdos em diferentes contextos: ensino fundamental, ensino médio e ensino superior; Ensino de Língua Portuguesa na educação inclusiva; O uso de tecnologias da informação no ensino de LP/S; Sequências didáticas de gêneros textuais no ensino de LP/S, entre outros!
Para saber mais sobre o curso e se inscrever, acesse a página do curso AQUI.

Vamos divulgar???

Abraços a todos, aguardo dúvidas e comentários.
Vanessa.

17 de dez. de 2010

Inclusão

Olá pessoal
Estou com pouco tempo para atualizar o blog, mas já já começam as férias, e aí poderei postar com mais frequência. Bom, gostaria muito que além das temáticas que abordamos, que é a educação de surdos, a língua de sinais e a cultura surda, pudéssemos ampliar nossas conversas para assuntos como a inclusão e acessibilidade, já que estes são indissociáveis da vida do surdo, e quem é preocupado com a integração do surdo na sociedade não pode fechar os olhos para outros excluídos dela, seja devido a suas limitações físicas, de comunicação, financeira, cultural, ou outros motivos, vocês concordam?
Pensando nisso, começo indicando um material do MEC, de 2006, chamado "Experiências educacionais inclusivas" (CLIQUE AQUI PARA BAIXAR) que trazem relatos de experiências de inclusão em várias escolas do Brasil. 
Depois desta indicação, que espero que seja útil para todos, fica a pergunta: a escola brasileira pode ser PARA TODOS? O que vocês acham?
Fonte: http://frasesilustradas.wordpress.com

4 de dez. de 2010

Agenda: Primeira semana de dezembro (2010)

PROGRAME-SE!
  • Na segunda-feira, dia 06/12 ocorre a defesa do TCC em Letras da queridíssima Laura A. Kümmel Frydrych. Título do trabalho: "Transcrição da interpretação para Libras: aspectos enunciativos", e tem a orientação da profª Drª Luiza Milano Surreaux (Letras/UFRGS). A banca examinadora é composta pelo profº Dr. Valdir do Nascimento Flores (Letras/UFRGS) e pela profª. Drª Lodenir Becker Karnopp (Faced/UFRGS). Será às 15h, na sala 205 do prédio administrativo da Letras (no Campus do Vale) - UFRGS - Porto Alegre/RS. Todos estão convidados!!! E parabéns, Laura, boa sorte!
  • Na sexta-feira, 10/12, palestra na Assembléia Legislativa (RS) - ver cartaz abaixo:

Quer divulgar algum evento? Escreva para vanessadagostim@gmail.com

Abraços!

30 de nov. de 2010

Softwares para tratamento de dados em Línguas de Sinais

De volta à publicação dos trabalhos que foram apresentados no CELSUL 2010, hoje quero mostrar o que foi apresentado pela equipe da UFSC sobre softwares para identificação e tradução de línguas de sinais. No congresso, conversei com a Ms. Janine Soares de Oliveira (já havíamos divulgado a dissertação de mestrado dela, a respeito de ed. matemática para surdos aqui), a respeito dos trabalhos, e os achei muito interessantes! 
Janine Soares de Oliveira, com os
pôsteres dos trabalhos
Um dos trabalhos intitula-se "Desenvolvimento de software para Identificação de Sinais na transcrição de vídeos em Libras" e foi apresentado como pôster. Confira o resumo:

Janine Soares de Oliveira (janinemat@gmail.com) – UFSC
Ronice Müller de Quadros – UFSC; Ramon Dutra Miranda – UFSC; Rundesth Sabóia Nobre – UFSC
Desenvolvimento de software para Identificação de Sinais na transcrição de vídeos em Libras
A pesquisa em Aquisição da Língua de Brasileira de Sinais – Libras – requer o tratamento e análise de dados em vídeos. O Grupo de Pesquisa em Aquisição da Língua de Sinais Brasileira da Universidade Federal de Santa Catarina está constituindo um banco de dados com transcrições de vídeos em Libras. Todavia, dadas as especificidades dos dados, observou-se a necessidade de desenvolver um procedimento eficaz para que pesquisadores possam localizar corretamente os sinais. Adotou-se, a padronização nas glosas utilizadas na transcrição, isto é, uma correspondência de um pra um entre sinal e glosa que o identifica em português. O volume de dados revelou ainda a necessidade de criar um sistema de busca específico para estas glosas que identificam os sinais. O software para Identificação de Sinais deverá ser utilizado na composição do corpus da Libras, tendo como objetivos: reunir, organizar e permitir a busca dos sinais e/ou das glosas. A Identificação de Sinais funciona como um sistema de busca que tem como filtros parâmetros da Libras, tais como, configurações de mãos e localização do sinal, além da glosa em português. O sistema, desenvolvido em plataforma php com acesso via web, está em fase de alimentação e por enquanto é acessado somente pelos usuários cadastrados no grupo de pesquisa, mas em breve estará disponível online, sem restrição de acessos para visualização e busca, e os usuários poderão ainda enviar sugestões de sinais com vídeo para os administradores através de ferramenta disponibilizada no próprio sistema.

Software Identificador de Sinais (UFSC)

Não vejo a hora em que o sistema estiver pronto e disponível on-line para todos, não será muito legal? 
Outro trabalho apresentado pela mesma equipe fala do uso de uma ferramenta de anotação multimídia, já conhecida, o ELAN. Veja o resumo do trabalho:

Janine Soares de Oliveira (janinemat@gmail.com) – UFSC
Ronice Müller de Quadros–UFSC; Franz Kafka Porto Domingos–UFSC; Karina Elis Christmann. –UFSC
O software ELAN como ferramenta para transcrição, organização de dados e pesquisa em Aquisição da Língua de Sinais 
Devido aos avanços tecnológicos, pesquisadores da área de linguística têm a possibilidade de reunir e observar um número cada vez maior de dados. Os bancos de dados das línguas orais já se encontram consideravelmente desenvolvidos e em constante expansão, principalmente no que se refere ao registro escrito destas línguas. Com relação às línguas de sinais, em particular, a Língua Brasileira de Sinais – Libras – tem-se como barreiras a carência de materiais e a ausência de ferramentas de busca que atendam às
especificidades da modalidade visual-espacial. Assim, o trabalho do Grupo de Pesquisa em Aquisição da Língua de Sinais Brasileira da Universidade Federal de Santa Catarina está constituindo um banco de dados com transcrições de vídeos em Libras. Esta tarefa é realizada utilizando como ferramenta o software ELAN, uma ferramenta de anotação multimídia desenvolvida pelo Instituto de Psicolinguística Max Planck. O software permite a criação, edição, visualização e busca de anotações através de dados de vídeo e áudio. Além de apresentar o tempo associado aos trechos transcritos permite um número ilimitado de registros, através das trilhas de anotações criadas pelos pesquisadores em função dos objetivos da pesquisa. No caso das línguas de sinais, podem ser visualizados: vídeos em Libras, glosas, traduções das glosas, marcas não-manuais, sons associados aos sinais, contexto, comentários, entre outros. Cada anotação selecionada permite a localização do vídeo e o trecho é reproduzido de maneira sincronizada. Esta ferramenta constitui-se em um grande avanço na investigação da Aquisição da Língua de Sinais.

Eu e Janine no CELSUL


Para quem quiser saber mais sobre o ELAN pode acessar o site do projeto: http://www.lat-mpi.eu/tools/elan/.
Outros softwares citados em trabalhos acadêmicos: ANVIL (Annotation of vídeo and language data)CLAN (Computerized Language Analysis)SIGNSTREAM e TRANSAMA. Em outro post, já havíamos falado um pouco sobre esses softwares, com as devidas referências a alguns trabalhos que o citam.

Obrigada pela atenção, Janine, e parabéns a toda a equipe pelos excelentes trabalhos!