3 de mar. de 2008

Entrevista exclusiva: Karin Strobel

Olá pessoal! Fico feliz em poder contar com pessoas tão legais para melhorar cada vez mais o blog! Dessa vez a entrevistada é Karin Strobel. Formada em Pedagogia, Karin é surda, já atuou como professora de surdos, participou da secretaria de educação do Paraná, faz doutorado na UFSC e, também lá, é tutora do curso LETRAS/LIBRAS.
Nesta entrevista, Karin nos contou sobre sua vida, o livro que está lançando e sua candidatura à presidência da FENEIS, provando que o surdo pode e deve ser autor de sua própria história!




1. Pergunta: Onde você nasceu e como foi sua infância?
Karin:
Nasci em Curitiba -Paraná, a eterna amada ‘terra do pinhão’!
Minha infância foi cheio de duvidas, de aprendizado e de descobertas. Cada pedacinho das várias fases de minha vida é repleto de ‘cair, chorar, enxugar as lágrimas, levantar e continuar caminhando com mais firmeza’.
O que guardo de bom da infância foi ter aprendido a ter perseverança diante de todas as dificuldades e a superação das limitações impostas pela sociedade que me consideravam um ‘deficiente’.
Também, o mais importante para mim foi o amor da minha família, principalmente o de minha mãe, que me apoiou e motivou em todos os momentos na construção de minha identidade surda e de me tornar uma vencedora na vida.
A construção de minha identidade surda foi possível a partir de quando a família aceitou a minha surdez, e isto me fez conhecer a mim mesma com profundidade, afastando meus medos e acreditar no meu potencial de praticar os maiores desafios na vida cotidiana.

2. Pergunta: O que causou a sua surdez?
Karin: Com quatro dias de vida, no hospital, tive um resfriado muito forte e foi prescrito o uso de antibiótico, em dosagem alta, e em conseqüência disso, fiquei surda profunda.

3. Pergunta: Em alguns trabalhos seus, você usa suas próprias experiências como aluna surda. Como foi sua educação? Em que tipo de escola estudou?
Karin:
Na maior parte de minha infância estudei em uma escola para surdos onde usavam método verbotonal, uma metodologia oralista, que foi implantada recentemente na época.
Conseqüentemente, aprendi a falar, mas não sabia me comunicar adequadamente, só ficava repetindo as palavras igual a um papagaio sem entender seus significados, tudo muito mecânico e sem emoções. Idéias minhas, que afloravam cada vez mais em maior número diante de vida ao meu redor, ficavam sufocadas em algumas dezenas de palavras aprendidas e repetidas, tudo muito frio. Eu estava expandindo o meu mundo, e necessitava de uma língua em que possa me identificar e isto era reprimida pelos professores que em vez de fazer isto deveriam encorajar.
Por isto, uso minhas próprias experiências da infância não somente como aluna surda, sim como ‘ser surda’ para lutar pelo povo surdo o direito de nos escolhermos a língua e de construção de identidades sem a imposição ‘normalizadora’ da sociedade que querem que os sujeitos surdos sejam ‘normais’, isto é, que falemos e ouçamos para que sejamos aceitos na vida social.

4. Pergunta: Como foi sua descoberta sobre a surdez e o primeiro contato com a Língua de Sinais?
Karin:
Após a descoberta da minha surdez quando eu tinha 2 anos, gerou diferentes atitudes na minha família. A primeira atitude foi em buscar tratamento médico para receber informações mais detalhadas sobre a ‘deficiência’ e de como lidar comigo.
Muitos especialistas na área de surdez tinham assegurado á minha família que somente o aprendizado da língua oral era o que poderia me ajudar a sair do isolamento. Por isto a minha mãe procurou uma escola de surdos onde eu pudesse aprender a língua oral e isto durou 12 anos.
O meu primeiro contato com a língua de sinais aconteceu na adolescência, na época em que estava revoltada e triste sem saber qual era o meu espaço no mundo, esta fase eu chamo de ‘crise de identidade’.
A minha mãe ficou preocupada com a minha revolta e depois de pesquisar muito ela me levou á comunidade surda onde tive o primeiro contato com a Língua de Sinais e isto me fez abrir as muitas portas para o mundo e permitiu eu construir a minha identidade, não só como surda e sim como a ‘karin’!

5. Pergunta: No nosso país ainda há muitos preconceitos. Você sofreu discriminação por ser mulher e surda?
Karin:
O preconceito existe, embora tentem disfarçá-lo... Em uma sociedade que quando se valoriza demais a audição e a fala, automaticamente estamos sendo preconceituosos contra os que não ouvem e não falam.
Sofri mais discriminação por ser surda do que por ser mulher, vou citar um exemplo da situação que ocorreu comigo: Eu fui prestar uma espécie de prova de seleção em uma instituição para concorrer em uma única vaga da área de surdos (educação), havia duas pessoas concorrendo: eu e mais uma ouvinte.
Obviamente, ela passou e ganhou a vaga. Na época acreditei que ela teve mais pontos na prova e por isto tinha passado porque mereceu. Mas ano mais tarde soube pelas pessoas que trabalham dentro da instituição que ela foi preferida por ser ouvinte, assim economizariam não ter de contatar interprete para mim e outras coisas.
Fiquei muito chateada com a situação, mas em compensação, passei na seleção em outra instituição que foi muito justa e onde estou até hoje, enquanto na outra instituição que me rejeitou anteriormente na oportunidade de uma entrevista justa, a tal ouvinte não conseguiu ir adiante por encontrar dificuldades de atuar na área.
Infelizmente, isto é comum na sociedade que ainda tem a representação negativa acerca de povo surdo, vêem os surdos como incapazes, ou lidam-nos de forma paternal.
Cabe a nos, o povo surdo, lutarmos e mostrar que somos muitos capazes sim!

6. Pergunta: Sobre o aprendizado da LIBRAS por ouvintes, como você pensa que deve ser? Os instrutores atuais de LIBRAS estão preparados?
Karin:
A língua, LIBRAS é uma porta para o mundo dos surdos e para os ouvintes, também, pois os sujeitos surdos necessitam de interpretes, família, amigos e professores que os entendam!
Acredito que, muitos sujeitos surdos, quando bem preparados e com boa formação, são ótimos instrutores e professores de Libras, pois eles além do domínio da língua, habilidades para atuar como um educador, eles também transmitem a cultura surda.
A formação de professores de Libras ficou mais valorizada no Brasil, principalmente graças à metodologia transmitida pela FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos, em parceria com MEC: o “Libras em Contexto”, que aboliu a metodologia tradicional do ensino de língua de sinais e hoje estamos ampliando com o curso de LETRAS/LIBRAS em muitas universidades brasileiras.

7. Pergunta: Na sua opinião, o que o curso LETRAS/LIBRAS que está crescendo cada vez mais muda na história dos surdos no Brasil?
Karin:
Com certeza, é uma vitória para o povo surdo, uma língua da cultura surda sendo valorizada!

8. Pergunta: Muitos trabalhos sobre cultura e história surda acabam resumindo a história dos surdos em “Oralismo – Comunicação total – Bilingüismo”, simplificação que é criticada por muitos especialistas em estudos surdos, como Carlos Skliar. Seu próximo livro aborda esse assunto? Como podemos fugir disso?
Karin:
No meu próximo livro (no momento está sendo editado), que vai a ser lançado em breve aborda este assunto: “A imagem do outro sobre a cultura surda”.
A cultura surda, ao analisarmos a sua história, vê-se que ela foi marcada por muitos estereótipos, seja através da imposição da cultura dominante, ou das representações sociais que narram o povo surdo como seres deficientes.
Tem muitos autores que escrevem bonitos livros sobre oralismo, bilingüismo, comunicação total, ou sobre os sujeitos surdos... Mas eles realmente conhecem-nos? Sabem sobre a cultura surda? Eles sentiram na própria pele como é ser surdo?
Esta é uma reflexão importante a ser feita atualmente, porque estas metodologias citadas não foram criadas pelo povo surdo e sim pelos ouvintes, não digo que seja errado, o que quero dizer é que estas metodologias não seguem a cultura surda... o que o povo surdo almejam realmente é a pedagogia surda.
Para a comunidade ouvinte que está mais próxima de povo surdo - os parentes, amigos, intérpretes, professores de surdos – para os mesmos, reconhecer a existência da cultura surda não é fácil, porque nos seu pensamento habitual acolhem o conceito unitário da cultura e, ao aceitarem a cultura surda, eles têm de mudar as suas visões usuais para reconhecerem a existência de várias culturas, de compreenderem os diferentes espaços culturais obtidos pelos povos diferentes.
Mas não se trata somente de reconhecerem a diferença cultural do povo surdo, e sim, além disso, de perceberem a cultura surda através do reconhecimento de suas diferentes identidades, suas histórias, suas subjetividades, suas línguas, valorização de suas formas de viver e de se relacionar.


9. Pergunta: Fale-nos um pouco mais sobre sua tese de doutorado, o que ela aborda, como surgiu, que resultados você tem encontrado.
Karin:
A minha tese de doutorado aborda algumas reflexões sobre analogia de poderes em relação ao corpo surdo e modos possíveis de abordar em sua subjetividade daqueles que considero ‘personagens’ de minha pesquisa: o ser surdo!
Há narrativas produzidas pelos sujeitos surdos que foram entrevistados durante a pesquisa da minha tese no sentido de identificar as descrições sobre visões históricas diferenciadas que permita construir a historia de surdos no espaço colonial ou como sujeitos surdos na diferença lingüística cultural.
E assim, resgato os discursos dos sujeitos surdos que foram silenciados e diluído nos relatos registrados, demonstrando, ainda que tardiamente, que também foram e continuarão sendo atuantes de sua história.

10. Pergunta: Você é do Paraná e estuda em Santa Catarina. Qual a importância do sul do país nas áreas de educação e políticas públicas para surdos?
Karin:
Sim sou do Paraná e estudo em Santa Catarina, mas para mim o mais importante, não é só o sul e sim o Brasil inteiro, pois todos nós, o povo surdo brasileiro, queremos as mesmas coisas: as políticas públicas para a educação de surdos voltadas para a garantia de acesso do aluno surdo dentro das escolas que faça com que eles ‘aprendam’ de verdade e não sendo ‘robôs’, as lutas pelas escolas de surdos, também pela boa formação dos professores surdos, dos intérpretes e dos professores ouvintes bilíngües, pelas acessibilidades na sociedade, respeito e valorização pela cultura surda e de suas diferentes identidades.

11. Pergunta: Constantemente recebemos denúncias de instituições de ensino, especialmente do ensino superior, que não oferecem condições de acessibilidade a pessoas com surdez, e pensam que apenas abrir as portas para matriculá-los já é suficiente. A quem as famílias destes alunos podem recorrer e o que podem exigir, segundo a lei?
Karin:
encaminhar a denuncia à FENEIS- Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos e para o Ministério Publico / CONADE a solicitação de Providências.
Abaixo os e-mails:

FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos
Rua Major Ávila, 379 - Tijuca Rio de Janeiro - RJ 20511-140
Tel: (21) 2567-4800 / 2567-4880 Fax: (21) 2284-7462
E-mail: diretoriarj@feneis.org.br
link: www.feneis.com.br

CONADE- Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência
Presidente: Alexandre Carvalho Baroni
Vice-Presidente: Denise Granja
Assessora Técnica Responsável: Márcia Regina Mendes Melo
Esplanada dos Ministérios, Bloco T, Anexo II, 2º andar - sala 211
CEP: 70064 900 - BRASILIA – DFFone/Fax : : 0 xx 61 3428-9967Fone: 0 xx 61 3429-3673 e 3429-9219 e 3429-9159E-mail: conade@sedh.gov.br
link: http://www.mj.gov.br/sedh/ct/conade/index.asp

12. Pergunta: Para aqueles que querem desenvolver estudos na área de Estudos Surdos, Línguas de Sinais, Educação de surdos, quais conselhos você daria? Quais áreas são promissoras para a pesquisa atualmente?
Karin:
Todas as áreas são importantes para serem pesquisadas, pois o Brasil é muito grande e temos muitos surdos em muitas situações diferentes. Acredito que devemos respeitar todos os sujeitos surdos, mesmo que estejam em espaços diferentes. No momento, as pesquisas que estão sendo mais destacadas são na área de lingüística e educação, mas têm muitos outros que necessitam de mais aprofundamentos.


13. Pergunta: Que bibliografia básica você indica para quem se interessa pelo tema História Cultural dos Povos Surdos?
Karin:
O que é história cultural dos surdos? Esta pergunta é formulada por muitas pessoas nos dias de hoje. No entanto, não é preciso ser um ‘expert’ em história para perceber que a produção das histórias de surdos no Brasil e no mundo, nos últimos anos, passou por mudanças muito significativas.
É conveniente averiguar, entretanto, que em muitos livros e artigos sobre a história dos surdos, tem registros de quem foram os ‘defensores da comunidade dos surdos’ são raros citados, por exemplo, os sujeitos lideres surdos como: o Ferdinand Berthier, o Laurent Clerc, o Eduard Huet. Mostro abaixo dentre de muitas páginas, as fotos de duas páginas de um livro Francês do ano de 1879, em que muitos professores surdos são citados, muitos nomes que ninguém sabem e/ou não conhecem, que necessitam de mais pesquisas aprofundadas para a construção da história cultural.
Clique para visualizar: [1] [2]

Com o exemplo acima, a raridade de referimentos aos sujeitos surdos líderes na historia de surdos, e de seus atos históricos nas maioria dos registros da história dos surdos. Muitos autores citam atos heróicos de sujeitos ouvintes que tem como caridade em educar os surdos, que lançam metodologias educacionais, esquecendo os registros de movimento ao povo surdo. Em muitas outras ocorrências importantes os sujeitos surdos foram representados sempre acompanhando pacatamente, o ouvinte. Onde estão os atos históricos dos sujeitos surdos compartilhando e liderando as lutas ao lado do povo surdo? São deixados às margens?
A história cultural procura levar através das narrativas, depoimentos, episódios vivenciados e observações de povos surdos, um entrelaçado de acontecimentos e ações, levadas a cabo por associações, federações, escolas e movimentos de surdos que são desconhecidas pela grande maioria.
Os povos surdos olham para trás e percebem muitas realizações deslumbrantes dos pioneiros da cultura surda. A história cultural dos surdos é longa e complexa, existe há muitos de anos e contém inúmeras formas de se comunicar, ou seja, através da língua de sinais, desenhos, expressões faciais, corporais, imagens visuais, artes, movimentos de lutas, criações, pedagogias
Acredito que com isto, teremos em breve mais referencias bibliográficas da história cultural dos surdos!

14. Em seu trabalho você tenta resgatar a história dos surdos que ainda não foi contada. Que motivos dificultaram, ao longo dos anos, que os surdos contassem sua própria história? Essas barreiras já foram superadas?
Karin:
Há escassez de história cultural de surdos, justamente por falta de registros, porque por muitas gerações os povos surdos fazem narrativas não escritas de suas vidas, contam as tradições culturais que integraram em suas comunidades surdas através de língua de sinais. Nos séculos passados não tinha como registrar estas narrativas por não haver tecnologia avançada que hoje temos (as filmagens, fotos, webcam, etc) e a língua de sinais usada por eles que era uma língua ágrafa, como registrá-los no papel?
Isto esta mudando, atualmente já temos muitos pesquisadores da história cultural de surdos, dentre eles estão o Antônio Campos de Abreu, formado em História, o Dioniso Schmitt, a Gisele Rangel e outros, todos eles possuem um imenso acervo histórico cultural sobre o povo surdo.
Hoje já superamos estas barreiras, a língua de sinais pode ser registrada através de filmagens e escritas em sinais, o sistema Sign Writing.
Agora o desafio para o povo surdo é construir uma nova história cultural, com o reconhecimento e o respeito das diferenças, valorização da língua, a emancipação dos sujeitos surdos de todas as formas de opressão ouvintistas e seu livre desenvolvimento espontâneo de identidade cultural!

15. Como funciona o GES- Grupo de Estudos Surdos no qual você faz parte?
Karin:
Alguns pesquisadores, tais como Carlos Skliar, Ronice Quadros, Gladis Perlin e outros chamam de Estudos Surdos um conjunto de teorias pesquisadas no ser surdo, as suas representações como sujeitos culturais, pertencimentos do povo surdo e de se narrar como diferente. Os Estudos Surdos foram iniciados em Universidade Federal de Rio Grande do Sul com a chegada do professor visitante Carlos Skliar no ano de 1996.
E o GES: Grupo de Estudos Surdos foi iniciado pela doutora profª Ronice Quadros na UFSC. Atualmente está em vias de solicitação com os atuais pesquisadores surdos e ouvintes. Este grupo tem um trabalho voltado para os surdos, envolvendo ensino, pesquisa e extensão, com alunos em graduação, mestrandos, doutorandos e comunidade em geral.

16. Pergunta: Quais seus planos para 2008?
Karin: Atualmente na sociedade brasileira, está crescendo o número dos sujeitos ouvintes interessados em aprender a língua de sinais e almejo que com o lançamento do meu livro neste ano de 2008 ilumine e ajude-os na compreensão e na aceitação da cultura surda.
Espero poder presidir a FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos a fim de abrir muitas portas na educação, saúde, acessibilidades (legendas, interpretes, professores bilíngües, etc) associações de surdos, políticas publicas, e muitas outras coisas importantes para as comunidades surdas e para o povo surdo, isto é, aos surdos das zonas rurais, os surdos das zonas urbanas, os surdos índios, as mulheres surdas, os surdos sinalizados, os surdos oralizados, os surdos gays e outros. Estes surdos também se identificam com o povo surdo apesar de não pertencerem às mesmas comunidades surdas.

17. Pergunta: Como os interessados podem entrar em contato com você e com seus trabalhos publicados?
Karin:
os interessados podem entrar em contato comigo através do e-mail kstrobel@uol.com.br
Um jornalista surdo, o Diogo Madeira, fez um site blog para mim, confiram:
http://karinfeneis.blogspot.com/

Mando os sites de alguns de meus artigos:
http://143.106.58.55/revista/viewarticle.php?id=125&layout=abstract

http://www.editora-arara-azul.com.br/estudos2.pdf


18. Por favor, deixe uma mensagem para os leitores do Blog Vendo Vozes.
Karin: Ao povo surdo, sejam perseverantes e nunca desistam dos seus ideais e dos seus sonhos, arregacem as mangas e vão à luta com toda a coragem... Lembrem-se: “Não há vitória sem luta e não há luta sem coragem"
Aos interpretes, professores, amigos e famílias, acreditem nos sujeitos surdos e permitam-lhes serem simplesmente autêntico ‘Surdos’!
Portanto, a história dos surdos não acaba aqui e sim um novo começo!!!

Muito obrigada, Karin, pelo seu tempo e atenção conosco. É uma grande alegria poder divulgar seu trabalho e contar com sua colaboração em nosso Blog Vendo Vozes.


Entrevista concedida em 03/03/2008.
* Para obter essa entrevista em PDF clique aqui!
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E então, o que acharam? Mandem suas opiniões para nós, deixe um recado para a Karin, clicando logo abaixo em "comentários".
Abraços!

29 de fev. de 2008

Boas Notícias!!!

Olá pessoal! Desculpas pela demora de atualização do blog... estou de mudança, então estou um pouco sem tempo, mas para compensar trago ótimas notícias.
A primeira é que a banca da Maria Cristina Pires Pereira, a Cris, foi um sucesso, e ela tirou 10,o na sua dissertação!!! Parabéns, Cris! Ainda mais que a nota foi atribuída por uma banca tão competente!

Outras novidades da Editora Arara-Azul:
  • Lançamento do livro Primeiros sinais em LIBRAS:

Autor : Janine Oliveira, Laramie Rodrigues Ribeiro, Marcus Vinícius Freitas Pinheiro e Toríbio Ramos Malagodi (Tradutores para a Libras)
Ano de Publicação : 2008
Preço : R$ 25,00 + frete
Observações Gerais : CD-ROM interativo bilíngüe Libras/Português para crianças surdas e ouvintes em fase pré-escolar e de alfabetização. Material auxiliar ao "primeiro contato" com a Libras, não se constituindo em um manual de ensino de Libras, ou um dicionário.

Link: http://www.editora-arara-azul.com.br/Catalogo.php

  • E-BOOK GRATUITO DIVULGA PESQUISAS DE LÍNGUAS DE SINAIS DE TODO O MUNDO - http://www.editora-arara-azul.com.br/EstudosSurdos.php

  • LANÇAMENTO DE SITE NO DIA 3 DE MARÇO - 29/02/2008
    No dia 3 de março, a surda Luciane Rangel, a " Borboleta Colorida " convida para a abertura de seu site www.lucianerangel.com" Há mais de 39 anos relato uma história minha, contando meu diário da vida desde nascimento até hoje, ainda continuo contando, Lembrando, relembrando e refletindo sobre minha pessoa, apesar da minha limitação por ser surda, nada me impediu de pára continuar, por causa da barreira de comunicação."
    "Já passei em fase muito difícil, muitas lutas para conquistar as vitórias, porque eu mereço muito, por isso fico muito orgulhosa de ser Surda! Espero que nos possam compartilhar com famílias de surdos, amigos e colegas surdos, profissionais até amigos ouvintes e demais interessados que integrar com surdos."

Espero que lhes seja útil! Grande abraço, em breve mais uma super entrevista!

Bjus

15 de fev. de 2008

"Testes de proficiência lingüística em língua de sinais: as possibilidades para os intérpretes de Libras"

Esse é o título da dissertação de mestrado em Lingüística Aplicada a ser defendida pela mestranda e intérprete Maria Cristina Pereira Pires, a Cris, neste mês na Unisinos.

Maiores informações:


46ª Banca de Dissertação

Aluna : Maria Cristina Pires Pereira

Título : "Testes de proficiência lingüística em língua de sinais: as possibilidades para os intérpretes de Libras"

Data : 28 de fevereiro de 2008

Horário : 13h30Local :

Sala 3A 317 - Ciências da Comunicação

Banca : Profª Drª Ronice Müller de Quadros (UFSC)

Profª Drª Ana Cristina Ostermann (UNISINOS)

Profª Drª Cátia de Azevedo Fronza (Orientadora)


Endereço da UNISINOS: Av. Unisinos, 950 - Bairro Cristo Rei - CEP 93.022-000 São Leopoldo - RS - Brasil - http://www.unisinos.br/


Resumo da dissertação:

Esta dissertação de mestrado investiga testagens de proficiência lingüística em língua de sinais que são aplicadas a pessoas ouvintes, intérpretes de língua de sinais, no início de sua vida profissional. Devido à diversidade de instrumentos, procedimentos e concepções do que deve ser avaliado em intérpretes de língua de sinais (ILS), faz-se necessária uma investigação sobre a testagem de proficiência lingüística e a distinção entre proficiência tradutória e certificação profissional, bem como qual o momento adequado de suas aplicações nas diferentes etapas da formação e exercício profissional dos ILS. O embasamento teórico consta da distinção entre proficiência e fluência lingüísticas; a evolução do conceito de proficiência lingüística; testagem lingüística; e um panorama geral sobre tradução e interpretação de língua de sinais. A testagem lingüística de língua de sinais abordada neste estudo inclui aquelas explicitamente denominadas ‘de proficiência’ e as provas de habilitação ou de seleção que contenham em si elementos que caracterizem uma avaliação de proficiência lingüística de língua de sinais, mesmo que não sejam explicitamente nomeadas como tais. Com esse objetivo, foram analisadas duas seleções para cursos de formação de ILS, aplicadas no Rio Grande do Sul, nos anos de 1997 e 2000; o Exame Nacional de Proficiência em Libras do MEC (Prolibras) de 2006 e o Sign Language Proficiency Interview (SLPI) dos Estados Unidos da América (EUA). Para refletir sobre quais as reais competências que deveriam ser testadas em intérpretes de língua de sinais, do ponto de vista dos avaliadores, foi feita uma simulação de seleção de ILS por potenciais avaliadores de bancas, surdos e ouvintes, que assinalaram os atributos que consideraram relevantes, na sinalização, como marcos de proficiência em Libras adequada ao início da vida profissional de um intérprete de língua de sinais e quais os fatores que desqualificam o desempenho lingüístico dos candidatos. A partir dos dados obtidos, são propostas reflexões sobre as possibilidades de aperfeiçoamento dos testes de língua de sinais aplicados atualmente.

Palavras-chave: Língua de Sinais Brasileira – Libras. Testagem lingüística. Proficiência lingüística. Intérprete de língua de sinais.


****** A presença de intérpretes de LIBRAS neste evento dependerá da solicitação de pessoas surdas, ficando sob responsabilidade da UNISINOS. Para maiores informações:

PPGLA - Programa de Pós-Graduação em Lingüística AplicadaUNISINOS - Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Ciências da Comunicação - Fone: (51) 35908476Fax (51) 35908486 www.unisinos.br/ppg/linguistica/



Boa Sorte, Cris, com certeza será um arraso!!!! Tudo de bom!!!

11 de fev. de 2008

Aprendendo LIBRAS


Muitas pessoas me pedem materias sobre LIBRAS como apostilas, manuais, etc, e, apesar de saber que a melhor maneira de aprender uma língua é interagir com seus usuários, no caso a comunidade surda, reuni três arquivos que poderão ajudar a quem procura materiais sobre a Língua Brasileira de Sinais. Os dividi em 3 níveis, para facilitar a leitura e uso deles:


1. Manual de LIBRAS básico - com alfabeto manual e vocabulário básico (130 sinais). Produzido pela APILMS (Associação de Intérpretes de Mato Grosso do Sul) e por isso, se você é de outra região, alguns sinais podem ser diferentes (mas a maioria é parecida com as variações mais usadas no país). [CLIQUE AQUI para baixá-lo]


2. Aspectos Lingüísticos da LIBRAS - desenvolvido por Karin Strobel e Sueli Fernandes, traz alguns aspectos básicos da LIBRAS, como: variações existentes, estrutura gramatical, pronomes, configuração de mãos, etc. Para quem quer entender um pouco mais da LIBRAS, traz bastante exemplos. 39 páginas. [CLIQUE AQUI para baixá-lo]


3. LIBRAS - Série Atualidades Pedagógicas do MEC - mais complexo, este volume é para os profissionais ou futuros profissionais de educação de surdos, professores, intérpretes, tradutores e instrutores. Traz vários textos de autoras como Lucinda Ferreira Britto, Ronice Quadros, sobre a estrutura lingüística da LIBRAS, unidades mínimas dos sinais, formação do léxico, aquisição de LIBRAS pela criança, sentenças, transcrição da LIBRAS, e vasta bibliografia. 80 páginas. [CLIQUE AQUI para baixá-lo]


Espero que lhes seja útil! Se você quiser compartilhar outros materiais semelhantes para serem disponiblizados aqui escreva para blogvendovozes@gmail.com.


Obrigada!!!

4 de fev. de 2008

De volta

Oi Pessoal
Fiquei allguns dias sem postar porque estava viajando. Agradeço a visita de todos e informo que as sugestões de novas entrevistas foram anotadas, estou pesquisando sobre os possíveis entrevistados para que as entrevistas sejam bem interessantes! A idéia é publicar pelo menos uma nova entrevista por mês, que tal?
Abaixo posto algumas novidades que recebi:

  • LETRAS/LIBRAS 2008

A partir de agosto de 2008 a UFSC oferecerá o Curso de Letras Libras na modalidade Licenciatura (formação de professores de libras) e Bacharelado (formação de tradutores e intérpretes). A partir de março de 2008 as informações sobre o processo seletivo para o Curso deLetra Libras - Licenciatura e Bacharelado serão divulgadas no site: www.libras.ufsc.br Os pólos que irão oferecer os cursos em 2008 são os seguintes: - UFBA - UFC - UNB - CEFET/GO - INES/RJ - UFRGS - UFSC - UFPR - UFMG - UFES - UNICAMP - UEPA - UFPE - UFGD - CEFET/RN.

  • I Congresso Brasileiro de Línguas Estrangeiras na Formação Tecnológica

Nos dias 11 e 12 de abril, será realizado o I Congresso Brasileiro de Línguas Estrangeiras na Formação Tecnológica (CBTecLE) na Faculdade de Tecnologia de Indaiatuba (FATEC-ID). O evento oferece espaço para que a discussão sobre o ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras e a formação tecnológica ocorra por meio da interação entre pesquisadores, professores, alunos e empresários. A inscrição pode ser realizada no site http://www.fatecindaiatuba.edu.br/cbtecle/index.php

Abraços, Vanessa.

25 de jan. de 2008

Entrevista exclusiva: Shirley Vilhalva


É com grande prazer que publico uma entrevista excluiva do Blog Vendo Vozes à Shirley Vilhalva. Ela é surda, formada em Pedagogia, com Pós graduação em Metodologia de Ensino e cursa Mestrado em Lingüística na UFSC onde tem o projeto Índio Surdo. Foi diretora de Escola Estadual de Surdos - CEADA, segunda vice presidente da FENEIS e Conselheira do CONADE. Atualmente, atua como Professora Tutora do Pólo UFSC.

Pergunta: Onde você nasceu e como foi sua infância?

Shirley: Eu nasci em Campo Grande – Mato Grosso do Sul, no meu olhar hoje, digo que, minha infância foi cheia de descobertas e desafios cotidianos, mais uma aventura lingüística do que social. Como criança convivendo com três línguas em casa sem saber quais línguas era me fez apenas ver a diferença através da articulação de quem falava. Posso dizer que tive uma infância disciplinada e com muita dedicação familiar para que pudesse atravessar a trajetória da vida com mais motivação ao encontro com os outros num mundo desconhecido.

Pergunta: O que motivou a sua surdez?

Shirley: Minha surdez é hereditária. Em grau de surdez poderia dizer que minha surdez é neurossensorial, bilateral, severa e profunda. Tenho nove familiares surdos entre primos.

Pergunta: Como foi sua educação? Em que tipo de escola estudou?

Shirley: Minha educação iniciou com professor particular e seguiu por muito tempo numa sistemática de aprendizagem da língua escrita, a minha professora deu ênfase mais na escrita sem cobrança da fala, alguns relatos comentei em meu livro que demorava entender o conceito das coisas. Estudei em escola regular e sempre tive apoio de minha irmã Ângela (hoje ela é mãe de surdo) na sala de aula como se fosse minha intérprete, só que era em leitura de palavras faladas, a conhecida leitura labial. Ela me colocava a par de tudo que estava acontecendo na sala. Hoje comparo com o trabalho do intérprete da Libras.
Relato que mesmo estudando em escola regular, meu sonho sempre foi estudar em escola de surdo, onde eu não seria surda porque estaria com meus pares, os surdos iguais a mim.
Só consegui ir para uma escola de surdo quando fui aceita como estagiária do magistério. Foi uma realização, nasci neste momento e comecei nova vida.

Pergunta: Como foi sua descoberta sobre a surdez e o primeiro contato com a Língua de Sinais?

Shirley: A suspeita de minha surdez foi indicada pela minha tia Carmem que é professora e hoje tem um neto surdo. A descoberta não posso te falar muito, pois estava no “chiqueirinho” e não recordo da situação de como foi o impacto. A busca eterna da cura posso dizer que é desgastante, pois a família sofre em buscando nas igrejas, nas curandeiras, nas benzedeiras, nas promessas, nos médicos, nas vizinhanças e ainda por cima uma choradeira que não acaba mais, quando chegava visita e tinha que explicar que eu não falava e nem ouvia...um tal de coitadinha daqui e dali, coisas que hoje vejo que continuam ainda em outros lares.

Pergunta: Como surgiu a idéia de publicar o livro “Despertar do Silêncio”, e como foi a criação dele?

Shirley: A idéia de publicar o livro foi realmente deixar registrado uma fase de minha vida que estava encerrando. Busquei em meu diário o que gostaria que as pessoas soubessem e mostrei também que já tinha novas metas para seguir. Escrevi o livro quando deixei a direção da escola de surdos em Campo Grande e fui trabalhar como Técnica Pedagógica na Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul. Terminando uma trajetória como diretora de escola de surdos e segui para o Projeto índio Surdo o qual estou buscando contato desde 1991 visitando aldeias indígenas como você conferiu na página 44 do livro no site da editora Arara Azul (http://www.editora-arara-azul.com.br/pdf/livro1.pdf)

Pergunta: Como decidiu se tornar professora?

Shirley: Vem de longa data, pois sempre tive um sonho de ser professora de surdos, sempre quis ser palestrante e também almejava que um dia pudesse ser escritora e pesquisadora, sucessivamente. Digo aos meus alunos e alunas que sou A PROFESSORA, com muito orgulho, pois acredito que o professor e professora são considerado(a)s como um nobre guerreiro que tem mais influência que um político na vida das pessoas que passam pelo menos 200 dias letivos em contato direto. Eu tive excelentes professores que hoje são meus colegas de trabalho e tenho honra de dizer o que cada um me motivou, sim tem as dificuldades, mas são menores quando temos um nobre professor ou professora fazendo o alicerce em nossa vida.

Pergunta: Como foi o ingresso na Universidade? Quais as principais dificuldades que encontrou nesse período?

Shirley: Fiz vários vestibulares, pois não tinha intérpretes na época e nem Letras Libras como temos hoje. Dei muito trabalho para os professores e tivemos que negociar com o grupo de colegas que não era possível muita troca porque dificultava a minha compreensão, tive um único grupo e por incrível que pareça éramos apoio um para o outro. Eu sempre fui copista e na faculdade era assim também, pois não dava tempo de ler a boca do professor e escrever o que ele ditava. Então enquanto a colega ouvia e escrevia eu copiava simultaneamente e somente depois procurava ler para entender o que se referia o assunto em parte. Foi nesta época que iniciei os Cursos de Libras dentro da Faculdade que hoje é a UCBD.

Pergunta: Em sua opinião como professora, qual a importância dos professores surdos nas escolas especiais para surdos?

Shirley: É muito importante, como eu não tinha professor surdo e era a professora dos alunos surdos sentia muita falta, adquiri isso quando fui participar na CBDS e na FENEIS encontrei apoio e incentivo de surdos líderes como Antonio Campos, como falo a língua portuguesa isso às vezes era um entrave na comunicação e aceitação em 1986. Hoje os surdos mais politizados têm aceitado melhor os surdos falantes da língua portuguesa oral.

Pergunta: Sendo do MS, como você decidiu ir para a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina)?

Shirley: Eu tentei mestrado na UFMS e não fui aprovada, escrevi ao MEC quais eram meus direitos por ser a única pessoa surda da seleção e recorrer, o MEC respondeu não tem amparo legal, faça as provas na UFSC que está mais habilitada em atender os mestrando e doutorandos surdos neste momento. Dando esperança que outras universidades abrissem as portas também, como aconteceu na UFBA. Não somente essas universidades abriram as portas, mas estou referindo de minha trajetória.

Pergunta: Como é seu projeto de mestrado em Lingüística Aplicada na UFSC, já existem alguns resultados de sua pesquisa que possam ser compartilhados conosco?

Shirley: Estou trabalhando com direcionamento para o mapeamento das línguas de sinais emergentes das comunidades/reservas indígenas do Mato Grosso do Sul, não é um assunto muito fácil, pois estou conquistando espaço e lideranças para poder ter mais acesso nas escolas indígenas e nas comunidades. O que posso dizer que inicialmente eu tinha uma idéia que você poderá acompanhar através do anexo da revista RVCSD (http://www.editora-arara-azul.com.br/revista/01/compar5.php). Ainda não tenho resultado como gostaria. Tenho vários caminhos a percorrer.

Pergunta: Como surgiu seu interesse pelos surdos indígenas (ou indígenas surdos)?

Shirley: Posso dizer que em 1987 via o Antonio Campos hoje Professor formado em História fazer palestra em Libras e aparecia nas transparências: Onde estão os Índios Surdos?
Nessa época eu não levava a sério, em 1991 veio a oportunidade de conhecer os Xavantes em Mato Grosso junto com outra militante surda e escritora, a Ronise Conceição de Oliveira e em 2002 em uma reunião da Feneis em Belo Horizonte que estávamos tratando sobre implantação o CAS, Antonio Campos apontou e disse: Chegou a sua hora, você está na Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul coloque em prática o Projeto Índio Surdos sem demora. Assim voltei e comecei ir para o interior conquistar as secretarias municipais, já que estas que têm acesso nas comunidades indígenas onde ficam as escolas indígenas e tem carro para nos levar já que às vezes é de difícil acesso. Tudo foi uma negociação. Ir para aldeia de dia e à noite dar palestra para professores sobre Educação de Surdos, Libras, Orientações Familiares em contrapartida, na verdade eu fazia qualquer negócio no sentido de poder ir para as aldeias. No Acre tive apoio da Helena Sperotto do CAS/AC e sua equipe buscando apoio com a Secretaria Estadual de Educação do Acre quanto ao táxi aéreo, carro e barco. Sobre como vamos denominar os índios surdos ou os surdos indígenas ou indígenas surdos, isso só vamos saber depois da Roda de Conversa que teremos como um primeiro encontro de índios surdos em Dourados previsto para este ano. Na verdade Índios têm uma etnia, agora pensando em uma posição de ser surdos, tem alguns colegas que dizem, por exemplo, Surdo + a etnia por exemplo: Surdo Guarani, Surdo Terena, Surdo Kadwéu, Surdo Kaxinawá e outros dizem como você disse acima, como eu disse apenas alguns exemplos. Esse é um comentário que vamos colocar em discusão com as autoridades que são os próprios índios surdos em encontro previsto em Dourados – MS.

Pergunta: Para aqueles que querem desenvolver estudos na área de Estudos Surdos, Línguas de Sinais, Educação de surdos, quais conselhos você daria? Quais áreas são promissoras para a pesquisa atualmente?

Shirley: Minha mensagem é: Todas as áreas são promissoras, desde que veja no ponto de necessidade de quem espera. Digo que os surdos esperam, os ouvintes esperam, os índios esperam, os surdocegos esperam e os demais deficientes esperam, esperam o que? Esperam a educação de qualidade, bom atendimento na saúde, abrangência no mercado de trabalho e de modo geral que haja acessibilidade em todas as áreas. O surdo é um novo surdo depois da Lei 10.436/2002, mais pensante no sentido de estar mais atuante depois do Decreto 5.626/2005, não continue pensando que os surdos continuarão os mesmos que a geração passada, que passaram pelos profissionais ouvintes fora da tecnologia. Começando por aí podemos pensar que o campo promissor hoje é a área da educação de surdos, da tecnologia, a educação a distancia, a lingüística que vem com futuros profissionais que sairão formados pelo Letras Libras. Os profissionais surdos e ouvintes agora poderão dizer, estaremos falando na mesma língua. Isso é se forem professores de Libras, mesmo que a prioridade seja para os profissionais surdos, pois se trata de ensino de uma língua e não de quem ouve mais ou ouve menos, a Libras é visual, não importa os ouvidos. Na minha percepção, aponta para muitos ganhos tanto para os surdos como para os ouvintes, o que será necessário é ter uma boa articulação e interação de ambas as partes. O mesmo que acontece na área indígena, se não houver uma boa negociação política os dois perdem, perdem tempo, perdem vida e fazem muitos esperarem.

Pergunta: Que bibliografia básica você indica para quem se interessa pelo tema?

Shirley: Eu indico para inicío de conversa os links:
Para quem atua com surdos:
Dificuldade de Comunicação e Sinalização – Surdez
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/surdez.pdf

Livros da Editora Arara Azul que são gratuitos e disponíveis na internet:

http://www.editora-arara-azul.com.br/EstudosSurdos.php
http://www.editora-arara-azul.com.br/Livros.php

E ainda para quem quer comparar o desempenho do educador que atuou antes da Lei 10.436/2002 e o Decreto 5626/2005 os livros do INES é uma boa pedida para rir do que já fizemos, não digo que tudo será descartado tem muitas coisas que ainda estão no processo, veja em:
www.ines.org.br – livros digitalizados e para quem atua com surdocegos
Dificuldade de Comunicação e Sinalização – Surdocegueira/Múltipla Deficiência Sensorial
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/surdosegueira.pdf

Obs: caso não consiga pelo link direto coloque na barra.

Pergunta: Quais seus planos pra 2008?

Shirley: Meus planos são visitar mais aldeias e conversar com as lideranças indígenas para autorizarem a atuação do Projeto Índio Surdo em sua escola indígena com objetivo de mapeamento das línguas de sinais emergentes das comunidades/reservas indígenas. Lembrando que temos um trabalho brilhante de Marisa Giroletti com os surdos Kaingang de Xanxerê aqui em Santa Catarina. Boa dica para os novos pesquisadores.

Pergunta: Como os interessados podem entrar em contato com você e com seus trabalhos publicados?

Shirley: Poderão entrar em contato pelos meus e-mails:
Shivi323@hotmail.com e svilhalva@yahoo.com.br

Segue meu último artigo: “Quais são as produções acadêmicas sobre índios surdos no Brasil?
http://www.cfh.ufsc.br/abho4sul/pdf/Shirley%20Vilhalva.pdf 24/01/2008

Pergunta: Por favor, deixe uma mensagem para os leitores do Blog Vendo Vozes.

Shirley: Deixo aqui que retirei de meu livreto de mensagens que me ajudaram no meu dia a dia que ainda não foi publicado estas singelas palavras para o Blog Vendo Vozes:
“Mesmo que você não queira liderar algo, saiba ensinar aquele que deseja. Não tema a concorrência, olhe para o céu e veja se tem um lugarzinho ainda para você no meio das estrelas. Viu quanto espaço você tem? Sucessos!”(Shirley Vilhalva)


Links relacionados:
Currículo Lattes de Shirley Vilhalva
Editora Arara Azul
Para baixar a entrevista em arquivo PDF clique aqui!!!

O que você achou da entrevista? Quem você gostaria que fosse entrevistado por esse blog? Comente no link "comentários" logo abaixo.
Abraços,
Vanessa.

22 de jan. de 2008

Um a cada cinco jovens não escuta bem


Lúcia JardimDireto de Paris

Vídeo-games com volume nas alturas, festas barulhentas toda a semana e, especialmente, iPods que não saem mais dos ouvidos são alguns dos fatores que provocam a surdez precoce e progressiva de um a cada cinco adolescentes ou jovens adultos. O alerta é do engenheiro acústico francês Christian Hugonnet, presidente da Semana do Som, encerrada em Paris na última sexta-feira.
"Não temos pesquisas conclusivas quanto a um número, mas o que é certo é que de 10 a 20% dos jovens já não escutam como deveriam para a sua idade", disse Hugonnet. "É preciso parar imediatamente com o hábito de escutar música alta nos fones de ouvido. Eles ficam próximos demais dos tímpanos, e provocam uma agressão forte e irreversível ao ouvido, que vai ficando cada vez mais preguiçoso, até que pára de trabalhar", explicou.
O especialista chama atenção para o perigo de uma ferramenta que começou na publicidade e se propagou por tudo o que diz respeito à acústica: a compressão do som, feita para que o menor dos ruídos em um comercial ou em uma música seja superior aos barulhos cotidianos, como os de trânsito. A intenção por trás do artifício sonoro é de que a voz que vende o produto, no filme publicitário, seja entendida mesmo quando disputada com os barulhos do dia-a-dia.
O problema é que a técnica se dissipou para outros ramos, inclusive para a música, e por conta disso o ser humano está cada vez menos capaz de perceber as nuances dos sons. A exposição contínua a essa deformação do som original danifica progressivamente o aparelho auditivo, causando a surdez precoce. Hugonnet se preocupa também com o futuro da música ao vivo - cada vez mais em baixa na França, onde hoje apenas 5% da população sabe tocar algum instrumento.
"É incomparavelmente mais saudável para os ouvidos escutar a música real do que as compressões em MP3 no iPod", afirma o engenheiro. "Vocês do Brasil estão muito melhor preparados neste sentido, mesmo que inconscientemente, já que lá tem música ao vivo até na rua", lembrou o francês, acenando para a intenção de promover uma Semana do Som no Brasil, "provavelmente no Rio de Janeiro".
Sons acima de 80 decibéis - equivalente a uma pessoa falando alto ou gritando - já devem causar preocupação, adverte Hugonnet. O tempo de exposição a altos volumes também precisa ser considerado na hora de prevenir problemas de ouvido. Escutar música em fones de ouvido por duas horas a 80 decibéis pode ser tão traumático para o aparelho auditivo quanto ouvir uma hora a 100 decibéis.iPod nos ouvidos
Nem que quisesse, o estudante Quentin (a lei francesa proíbe de publicar o nome completo de adolescentes), 13 anos, não poderia ouvir suas bandas preferidas neste volume em seu iPod. Para protegê-lo, sua mãe programou o aparelho para que a música não seja mais alta que os barulhos da rua.
"Para mim, está bom assim. Acho melhor me cuidar agora para não ter problemas desnecessários depois", explica o adolescente. A amiga dele, Clara, 13 anos, pensa diferente. Sem nenhuma preocupação com a surdez futura, a jovem escuta música altíssima, debocha dos jovens que ouvem som baixo e diz que não pensa em mudar de hábito.
"Provavelmente quando eu tiver uns 30 anos não vou mais querer ouvir iPod, então vou aproveitar bastante agora", argumenta.
O engenheiro Hugonnete, surpreso com o raciocínio da adolescente, alerta para a inutilidade de alguém passar a se preocupar com os níveis de som apenas a partir dos 30 anos de idade. "Será tarde demais. Os danos ao ouvido são irreversíveis. Hoje o jovem fala muito mais alto, às vezes na mesma altura que velhinhas surdas. A explicação para isso é simples: ele já não está mais escutando os sons baixos, e por isso passa a falar alto também."
As previsões para o futuro não são animadoras, conforme o especialista. "Daqui a 30 anos, todo o mundo que mora nas grandes cidades vai falar incrivelmente alto, para os padrões atuais - que já são mais altos que há 10 anos −, e o nosso ouvido não vai mais perceber nuances dos sons. Muita gente não vai nem saber diferenciar o som do piano em relação ao violino."


Redação Terra

17 de jan. de 2008

Textos em escrita de sinais

A página http://rocha.ucpel.tche.br/signwriting/ traz vários textos em escrita de sinais, como livros de literatura infantil, textos sobre ecologia, paz, Hino Nacional, tudo em Signwriting.

Sign Writing é um sistema de escrita visual direta de sinais, desenvolvido pela norte-americana Sutton, que passou a utilizar, em 1970, um sistema que havia criado de notação de coreografias de dança, o Dance Writing, para registrar a LS, a “mais fascinante e refinada das coreografias” (Capovilla & Capovilla, 2004, p. 43). Esse sistema expressa todas as características das línguas de sinais: configuração das mãos, expressões faciais associadas aos sinais, orientação das mãos e do olhar, movimentos, direções, bem como relações gramaticais que são impossíveis de serem captadas através da escrita alfabética (Quadros, 1997).

Também gostaria de agradecer a todos pela marca de 1.000 visitas que o blog atingiu! Uhúuuuu! Obrigada, pessoal!

Maiores informações:
CAPOVILLA, F.G; CAPOVILLA, A.G.S. O desafio da descontinuidade entre a língua de sinais e a escrita alfabética na educação bilíngüe do surdo congênito. In: RODRIGUES, C; TOMICH, L.M. et al. Linguagem e cérebro humano: contribuições multidisciplinares. Porto Alegre: Artes Médicas, 2004. p. 19-51.

15 de jan. de 2008

Entrevista: Lodenir Karnopp

A REVEL- Revista Virtual de Estudos da Linguagem disponibiliza uma entrevista com a Dra. Lodenir Karnopp sobre aquisição de língua de sinais. Lodenir é autora de diversos livros de literatura adaptados para a comunidade surda, como Cinderela Surda, Rapunzel Surda, O Patinho Surdo, entre outros, pela Editora da Ulbra. Também é co-autora do livro Língua de sinais brasileira: estudos lingüísticos, juntamente com a Dra. Ronice Quadros.
Na entrevista, Lodenir fala sobre vários aspectos da aquisição de LS e dá uma lista de bibliografia especializada sobre o assunto.
Imperdível!!!

Para acessar a entrevista, clique aqui!!!

A idéia do blog é realizar e disponibilizar outras entrevistas com estudiosos da área. Quem você gostaria que fosse entrevistado?
Entre em contato conosco e dê sua dica: vanessadagostim@gmail.com
Abraços a todos!

9 de jan. de 2008

Matéria: O fim do isolamento dos índios surdos

É com grande alegria que parabenizo a Revista Nova Escola e aos entrevistados da reportagem: "O fim do isolamento dos índios surdos", da Edição de dezembro de 2007 da Revista Nova Escola (editora Abril). Pela primeira vez uma revista tão conceituada de Educação faz uma matéria tão completa e de qualidade sobre um assunto tão raramente abordado e sempre escanteado pelos nossos governantes como esse, a minoria da minoria: os índios surdos brasileiros.
Parabenizo também a Shirley Vilhalva, já citada em outras postagens, por realizar esse trabalho tão difícil e ao mesmo tempo tão necessário.

Por isso não deixem de ler a revista ou acessem a matéria pelo site: http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0208/aberto/mt_261418.shtml

Para baixar diretamente a matéria em PDF em seu computador: http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/pdf/0208/inclusao.pdf


Mais uma vez parabéns! Espero a próxima edição da revista para ler os comentários!

Lançado primeiro dicionário digital cristão católico de LIBRAS



Já está na internet o primeiro dicionário digital de língua de sinais do Brasil. Desenvolvido por Rogério Gonçalves dos Santos, coordenador da pastoral dos surdos da Paróquia São José Operário, na Vila Paiva, em São José dos Campos, São Paulo, o projeto conta com imagens em vídeo da liturgia católica. Para Rogério, a proposta é criar uma ferramenta eletrônica de consulta informatizada dos sinais em Libras voltada para o contexto cristão. "Queremos disponibilizar em meio digital um conjunto de palavras, nomes, expressões e orações relacionando-os com seus correspondentes em Libras para ser utilizado como referência tanto para intérpretes quanto para leigos ou religiosos ouvintes ou surdos", afirma. "É uma ferramenta inovadora no Brasil e talvez no mundo, onde a Pastoral do Surdo poderá avançar ainda mais em direção ao seu objetivo principal, a inclusão total dos deficientes auditivos na caminhada libertadora da Igreja Católica", completa o coordenador.O lançamento oficial será apenas no dia 02 de fevereiro de 2008, na Câmara Municipal de São José dos Campos, mas o dicionário já pode ser acessado pelo site http://www.surdosonline.com.br/.

Vários tipos de busca podem ser feitos no dicionário, mas vale lembrar que a LIBRAS possui variações ao longo de todo território nacional, e o dicionário foi feito a partir das variações utilizadas em São Paulo.

8 de jan. de 2008

Vaga para professor surdo

ATENÇÃO

A UFRGS está selecionando professores substitutos em diversas áreas. Uma delas é para professor preferencialmente surdo, confira os requisitos:

Educação Especial/ Educação Bilíngüe para Surdos (40h) - Graduação ou Pós-Graduação e experiência como professor preferencialmente surdo, usuário da LIBRAS, com certificado do Exame Nacional de Proficiência em Libras e Experiência na Área de Ensino de LIBRAS
Entrevista, Análise de Currículo, Prova Escrita e Prova Didática.

A vaga é para o departamento de estudos especializados da faculdade de Educação.
Av. Paulo Gama, 110 prédio 12201 sala 906 – Fone: 3308-3099, em Porto Alegre.
As inscrições vão de 07 a 09 de janeiro de 2008. O edital está no site: http://www.prograd.ufrgs.br/index.p4?substituto

Boa sorte!

7 de jan. de 2008

A Ilha de Matha´s Vineyard


Tomei conhecimento pela primeira vez sobre a ilha de Marthas Vineyard quando li o livro "Vendo Vozes" de Oliver Sacks. O autor conta que
foi até a ilha e ficou observando os moradores da ilha, e percebeu as marcas da forte comunidade surda que havia no local. Os nativos ouvintes mais velhos
ainda sinalizam, quando querem contar algum segredo ou alguma piada só entre eles.
A partir de então fiquei muito curiosa sobre a ilha, mas há pouca coisa em português sobre ela. Encontrei então um artigo em espanhol,
traduzido de um artigo em inglês e me aventurei a passá-lo para o português.
Hoje, a ilha é conhecida por sua beleza e muito visitada por turistas.

(no mapa, a ilha de Martha está na cor lilás)

Foto da ilha:


A Ilha Martha Vineyard (ou A Ilha dos vinhedos de Marta)

Texto traduzido do espanhol para português por Vanessa Dagostim.
Texto Traduzido ao espanhol da fonte:
http://deafness.about.com/cs/featurearticles/a/marthasvineyard.htmArtigo com direitos reservados , solicitamos contatar Jamie Berke para seu uso.

Onde a utopia surda existiu
A ilha de Martha Vineyard se encontra diante a costa de Massachusetts.Os primeiros colonizadores desta ilha levaram consigo o gene da surdez para lá (o primeiro surdo da ilha foi Jonatán Lambert, 1694). Resultados dos casamentos entre os colonizadores e ilheiros, começaram a nascer gerações e gerações de pessoas com surdez. Isto chegou a tal ponto, que a cada quatro crianças nascidas, uma era surda! Foi assim que havia tantas pessoas surdas no povoado de Martha Vineyard, mas a maioria vivia no povoado de Chilmark; os moradores deste lugar desenvolveram a língua de sinais MVSL, a língua de sinais de Martha Vineyard. Assim foi como a MVSL passou a formar, enriquecer e misturar-se com a língua de sinais americana - ASL.

Um lugar onde existiu a maior população surda

Os censos realizados durante o século 19 mostraram o grau de surdez existente na ilha. Por exemplo, em 1817, duas famílias tinham membros surdos, com um total de 7 surdos. Alguns anos depois, antes de 1827, já havia 11 surdos na mesma família. O censo de 1850 de Chilmark identificou 17 surdos entre 141 casas entrevistadas, nos povoados de Hammett, de Lambert, de Luce, de Mayhew, de Tilton, e as famílias do oeste. Em 1855, eram 21 com o povoado de Tisbury, próximo à ilha. O censo de 1880 de Chilmark apontava 19 surdos em 159 casas. As novas famílias surdas no censo de 1880 incluíram os nobres da ilha e o povoado de Smiths. Para pôr estes dados na perspectiva, comparada com o continente (ESTADOS UNIDOS) onde existia uma proporção de 1 pessoa surda para cada 6000 casas, no povoado de Martha Vineyard era muito alta a proporção, com uma média de uma pessoa surda para casa 155 casas (1 em 25 em Chilmark, e 1 em 4 na cidade de Chilmark de Squibnocket).

Alta aceitação da língua de sinais
A língua de sinais era tão aceita na ilha de Martha Vineyard, que um jornal se espantou em 1895 da forma em que o idioma era falado e sinalizado ao mesmo tempo e foi tão espontâneo, livremente usado e facilmente aceito pelos moradores surdos e ouvintes. As pessoas que se mudavam para Chilmark tinham que aprender língua de sinais para viver na comunidade. A surdez era tão comum que alguns moradores ouvintes pensavam realmente que era uma doença contagiosa. Porém, a surdez nunca foi considerada uma desvantagem dentro dessa comunidade.

Declinação gradual da população surda

Os casamentos na ilha continuaram e a população surda de Chilmark e do resto da ilha continuou crescendo. Isto se interrompeu quando as crianças surdas cresceram e começaram a receber educação no continente. E foi assim como aos poucos as crianças começaram a freqüentar escolas fora da ilha, e começou a decrescer a população surda, já que voltavam à ilha com seus novos companheiros que haviam conhecido no continente, e outra parte da população surda da ilha ficava no continente. Assim foi como nos anos 1950 faleceram as ultimas pessoas surdas da ilha.

Livros e outros recursos sobre a Ilha
A história da sociedade surda na ilha de Martha Vineyard fascinou a eruditos e deu lugar à publicação do livro: “Onde todos falavam língua de sinais: Surdez hereditária em Martha Vineyard”. Este livro remonta a origem da surdez na ilha a uma área do condado de Kent de Gran Bretanha chamado o Weald. Além disso, outros artigos estão disponíveis (em inglês). Apareceu na metade dos anos 90 um documento de pesquisa sem data de 15 páginas de Roberto Mather e Linda McIntosh na Universidad de Tufts, "Os Surdos de Martha Vineyard." A bibliografía cita dois artigos de 1981 do Duke's County Intoligencer, respectivamente intitulado "A surdez hereditária das ilhas: uma lição para a compreensão humana ", e "Crianças surdas: cidadãos valiosos." Também foi incluída na bibliografia um artigo de Boston de 1895, publicado num Domingo: "A trilha dos meninos surdos e mudos da aldeia de Squibnocket." Um artigo da Primavera de 2001 de seis páginas, "Uma cultura silenciosa com uma voz forte," na revista Bostonia, dos alunos da universidade de Boston. O artigo menciona brevemente os esforços de um aluno (Joan Poole Nash, agora professor de educação para surdos) para registrar em uma fita de vídeo o uso da MVSL (Língua de sinais de Marta Vineyard) por seus tataravôs. Em Março de 1999, a revista Yankee publicou o artigo, "A Ilha que falava com as mãos".

© Direitos reservados de tradução Espanhol – Português – Vanessa de Oliveira Dagostim – Janeiro de 2008.
© Direitos reservados de tradução Espanhol Blanca Camucet Ortiz 2000-2007.© Direitos reservados de artigo original em inglês 1997-2007 Autor Jamie Berke.

Em inglês (original) : http://deafness.about.com/cs/featurearticles/a/marthasvineyard.htm

Em espanhol: http://www.camucet.cl/DOCS/ARTICULOS/utopiasorda.html

Em português: http://blogvendovozes.blogspot.com

Para baixar o arquivo em PDF clique aqui.


6 de jan. de 2008

Revistas e periódicos

Uma maneira muito rica de pesquisa e divulgação científica de estudos na área da Surdez, Educação e Língua de Sinais é através de revistas e periódicos acadêmicos, que relatam pesquisas desenvolvidas, divulgam resultados e métodos, inserindo os estudos surdos em um campo mais alto do conhecimento. Estas revistas também inserem no meio acadêmio discussões que antes não eram feitas, sobre oralização, ensino de línguas a surdos, e questionam como tantos conceitos e práticas educativas podem ser aplicadas à educação para surdos.
Por isso, sugiro algumas revistas para serem lidas, pesquisadas e quem sabe para publicarmos nossas pesquisas e artigos.

Se você quiser divulgar outras revistas e periódicos neste blog, poste um comentário ou envie um e-mail para: vanessadagostim@gmail.com.

4 de jan. de 2008

Novo Layout

Ano novo, layout novo! Espero que tenham gostado desse novo layout e que ele faça sucesso!
Bom, aproveito para falar de novos links da lista dos sites:
  • Sourds (www.sourds.net) - página francesa sobre surdez, com muitos recursos e informações interessantes. Recomendo a lista de livros sobre surdez e a lista dos surdos mais famosos do mundo, bem legal! Em francês.
  • Manos que hablan (www.manosquehablan.com.ar), site argentino sobre surdez e língua de sinais. Também com ótimos recursos e materiais, mas em espanhol.
  • Revista Intramuros - (http://www.umce.cl/revistas/intramuros/intramuros_n11_a04.html) Revista sobre educação, em espanhol. O volume 11 traz uma matéria bem interessante sobre educação de crianças surdas.

Visitem!!!

29 de dez. de 2007

Feliz 2008!

Queridas amigas e amigos,

Que neste ano que se iniciará o Senhor seja o centro na vida de cada um de vocês, que ele seja torre forte, porto seguro, caminho e destino. Enfim, que ele seja TUDO, pois toda a dádiva e todo dom perfeito vem dele!
Que não o louvemos somente pelo que ele nos dá, mas por quem ele é!
Abençoado 2008 a todos.
Abração da amiga,
Vanessa Dagostim.






É o Senhor Deus quem nos protege, nos nutre e nos ama, desde o ventre de nossa mãe!

Imagens: http://www.annegeddes.com/

Há diferença entre a "leitura silenciosa" entre surdos e ouvintes?

Em um artigo publicado na Revista Estudos de Psicologia, de 2005, a dupla Capovilla e Capovilla (já conhecidos pela Enciclopédia Trilíngüe da LIBRAS) e uma equipe de mestrandos fala sobre um estudo que comparou os processos de leitura entre surdos e ouvintes. Os termos do artigo são bem especializados (ou seja, um pouco difíceis pra quem não é da área - Psicologia), mas com dedicação se pode aprender muito, além da extensa bibliografia.
Por isso, o disponibilizo aqui. (Clique aqui)

Espero que seja útil a alguém.
Estão conseguindo fazer o download?
Abraços,
Vanessa.

26 de dez. de 2007

Campanha Legenda Nacional

Você conhece a campanha de Legendas em cinema nacional? Com o slogan "Legenda para quem não ouve, mas se emociona", a campanha foi criada por Marcelo de Carvalho Pedrosa, um surdo de Recife, em 2004, e vem ganhando muitos adeptos desde então.
A idéia é fazer valer um projeto de lei já existente que torna obrigatória a presença de legendas em produções nacionais, uma grande conquista da comunidade surda a favor da inclusão!
O site da campanha é http://www.legendanacional.com.br/, e lá você pode obter mais informações sobre ela, adquirir produtos para divulgar a campanha, baixar arquivos, banners e selinhos como esse que existe no nosso blog. Também é possível ver fotos de pessoas famosas que aderiram à campanha.

Conheça e divulgue essa idéia!


Uma amostra do site da campanha:









Postagens e arquivos postados

Olá pessoal!
Gostaria de agradecer a visita de cada um, as dicas, a colaboração e desejar a todos um Feliz e abençoado ano de 2008!

Bom, alguns arquivos do blog estavam com alguns problemas para serem baixados, mas já estou resolvendo e publicando novamente as postagens com arquivos para baixar. Talvez algum arquivo das primeiras postagens ainda não esteja disponível, pois comecei a refazer os mais recentes, porém, em breve todos estarão prontos. Conto com a colaboração e mensagens de vocês para que o blog seja realmente útil ao maior número de pessoas interessadas com o tema SURDEZ e Educação.

Confiram os sites relacionados, pois sempre acrescento algum link novo. Também peço que comentem os posts, ou deixem recadinhos na caixa laranja e o Livro de visitas. Também há uma enquete que pode ser votada!

Um grande abraço a todos,
Vanessa.

21 de dez. de 2007

Inauguração da Primeira escola especial para surdos Municipal de Porto Alegre

Repassando a notícia. Cabe salientar que Porto Alegre já conta com escolas para surdos privadas e estaduais. Essa será a primeira municipal.

Fogaça inaugura primeira escola de surdos da Capital

A partir do próximo ano letivo, Porto Alegre contará com a primeira escola voltada à educação de surdos. Esta manhã, 20, o prefeito José Fogaça inaugurou a Escola Municipal de Ensino Fundamental de Surdos Bilíngüe Salomão Watnick, localizada na Rua Mariante, 550, Bairro Rio Branco. Antiga reivindicação da comunidade surda da Capital, a escola foi conquistada no Orçamento Participativo em 2000 e garantida pela prefeitura em 2005. "É uma grande conquista dos próprios surdos. A escola representa uma nova era na história da educação em Porto Alegre. Vamos fazer disso uma bela tradição e um exemplo de respeito às necessidades especiais e às reivindicações de setores que constituem minoria", declarou o prefeito.

Além do atendimento aos alunos, a escola irá oferecer um grupo de estudos da Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) para familiares e responsáveis. "É a realização de um sonho", disse Leida Souza, mãe das gêmeas Antônia e Gabriela, de sete anos. Desde março, Gabriela participa das turmas de apoio pedagógico em salas adaptadas na sede da Smed. Com a nova escola, a orientação poderá ser estendida à família, facilitando a comunicação entre as duas irmãs. Inicialmente, a escola atenderá duas turmas de alfabetização, totalizando 20 alunos a partir de cinco anos, em espaço provisório adaptado pela Secretaria Municipal da Educação (Smed). A escola conta com acessibilidade por rampas e banheiros adaptados, sinalização visual adequada aos alunos, salas multifuncional, duas salas de aula, sala de professores, secretaria, refeitório e praça de lazer.
Conforme a titular da Smed, secretária Marilú Medeiros, a escola conta com R$ 140 mil em recursos do orçamento destinado à educação especial. A sede definitiva será construída em área da prefeitura, no Bairro Partenon.
Inclusão - As aulas serão ministradas por professores concursados da rede municipal de ensino habilitados em educação de surdos. Aberta a toda comunidade de surdos da Capital, a escola funcionará das 13h30 às 17h30 e trabalhará por projetos elaborados conforme a necessidade dos alunos.
Vagas Com atendimento a 12 alunos no espaço de apoio pedagógico de surdos na sede da Smed, a rede oferece 130 vagas para alunos jovens e adultos em turmas de surdos no Centro Municipal de Educação dos Trabalhadores Paulo Freire, além de bolsas de estudo para 30 alunos do Ensino Fundamental na Escola Especial Frei Pacífico. Infomações pelo telefone (51) 3289-1852.
Endereço: Escola Municipal de Ensino Fundamental de Surdos - Escola Bilíngüe End: Rua Mariante, 550

Especialização em Educação para Surdos - ULBRA (CANOAS, RS)

Divulgando...

  • Objetivos
    Propiciar competências para a elaboração de projetos e estratégias de intervenção no contexto educacional e familiar;
    Oferecer oportunidades de aperfeiçoamento a pessoas graduadas de diversas áreas com vistas a uma compreensão abrangente dos processos da educação do aluno surdo;

  • Público-alvo
  • Profissionais graduados na área da educação, fonoaudiólogos, psicólogos e demais profissionais graduados interessados.

Componentes curriculares e outras informações vocês podem encontrar no site: http://www.ulbra.br/posgraduacao/caneducsurdos081.htm

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19 de dez. de 2007

Curso de Doutorado aprovado na UNISINOS

Apesar de não ser um tema diretamente ligado com o assunto do blog, ele pode ser uma sementinha! O Programa de Pós-graduação em Lingüística Aplicada da UNISINOS, (onde estudam algumas mestrandas com trabalhos voltados para Educação para Surdos e Língua de Sinais, como eu) tem uma boa notícia, por isso publico aqui uma carta da coordenadora do PPGLA:


Prezados alunos e ex-alunos,
com grande prazer, participamos que nosso Doutorado em Lingüística Aplicada foi credenciado pela CAPES.Essa conquista do doutorado é fruto de esforço coletivo e, portanto, é também uma conquista de todos vocês que passam ou passaram por nós.
A dedicação, o interesse e a produção de vocês refletem-se agora na possibilidade de continuar, num nível mais alto, nossos estudos pós-graduados.
As matrículas para o Doutorado estarão abertas a partir de 14/01/2008 e a seleção ocorrerá em 24 a 26/03/2008.
Contamos com vocês para esta divulgação.
Grande abraço e um ótimo 2008 para todos nós.

Profª Drª Ana Maria de Mattos GuimarãesCoordenadora do Programa de Pós Graduação em Lingüística AplicadaUNISINOS


Eu também parabenizo a todos pela conquista.
Maiores informações no site: http://www.unisinos.br/ppg/linguistica/

13 de dez. de 2007

Ensino Superior para Surdos

Conforme solicitação, publico aqui um artigo de Adriana Thoma (Doutora e Mestre em Educação pela UFRGS. Especialista e Graduada em Educação Especial –Habilitação Audiocomunicação pela UFSM) sobre a inclusão de alunos surdos no Ensino Superior.

Leia um trecho do artigo:

"Esse trabalho, assim, apresenta uma pesquisa sobre a inclusão de alunos com
distintas demandas (necessidades especiais) de acessibilidade no ensino superior,
realizada em 2004 e 2005 nas universidades do COMUNG (Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas): UNISC, UCS, URI, UPF, UNIJUI, UCPel, URCAMP, FEEVALLE, UNIVATES, UNICRUZ.
O objetivo de tal pesquisa foi mapear os acadêmicos em situação de inclusão,
bem como analisar e problematizar as representações e discursos sobre os sujeitos
incluídos, seus direitos, suas demandas e sua presença nessas instituições. Trata-se,
portanto, de um estudo qualitativo, mas que também faz uso de estratégias quantitativas,
a fim de oferecer um panorama da situação dessas IESs quanto ao número de
acadêmicos com necessidades especiais ingressantes, as estratégias utilizadas para
garantir sua efetiva participação e acesso ao ensino superior – do processo seletivo à
permanência e conclusão acadêmica.
A perspectiva de análise do estudo se encontra nos Estudos Culturais e em
Michel Foucault. Dos Estudos Culturais tomo emprestados os entendimentos de cultura
e representação e do pensamento de Michel Foucault as noções de discurso, poder e
resistência. Com isso, as análises foram feitas operando nos materiais com o
entendimento de que os sujeitos são produzidos pelo discurso e tomando a cultura como
central à constituição de nossas representações sobre os outros e sobre nós mesmos."
Sugira novos assuntos em nosso blog, nos comentários, livro de visitas, no box amarelo ou escrevendo para: vanessadagostim@gmail.com
Abraço!

Ensino de Língua Portuguesa para Surdos - MEC


Em 2004 o MEC e a Secretaria de Educação Especial lançaram dois volumes da Obra "O Ensino de Língua Portuguesa para Surdos: caminhos para a prática pedagógica".

O primeiro volume traz perspectivas teóricas da Língua Portuguesa e da Língua de Sinais, história, educação. O segundo volume traz idéias de oficinas para essa disciplina.

Bem interessante, embora não tão profundo, mas com ricas referências e um bom começo para quem quer se especializar ou saber mais sobre essa área.

Disponibilizo aqui para aqueles que querem baixar, em PDF.



Abraços!!!

12 de dez. de 2007

Cidade para Surdos


Americanos planejam a primeira 'cidade para surdos', diz NYT

Os Estados Unidos podem ter a primeira "cidade para surdos" do mundo, revela nesta segunda-feira uma reportagem no New York Times.
O deficiente auditivo Marvin Miller já conseguiu apoio de cerca de 100 famílias para fundar um vilarejo no Estado da Dakota do Sul que terá a linguagem dos sinais como principal idioma.
A cidade deve se chamar Laurent e abrigar cerca de 2,5 mil pessoas. "Os professores vão ensinar por meio de sinais, os debates na Câmara Municipal serão na linguagem de sinais e os funcionários de restaurantes terão de saber atender com sinais", diz o jornal.
Os idealizadores do projeto, arquitetos e futuros moradores de vários Estados americanos e de outros países se reúnem nesta semana na Dakota do Sul para discutir o projeto.
A iniciativa, porém, é polêmica. "Para alguns, como Miller, sua mulher e seus quatro filhos, que também são surdos, isso reflete o desejo mais simples: morar num lugar onde fazem parte totalmente da vida cotidiana", diz o Times.
"Outros, principalmente os defensores das tecnologias que ajudam os surdos a utilizar a linguagem falada, observam que uma cidade como essa poderia apenas isolar e excluir os surdos mais do que nunca."
Se sair do papel, entretanto, a "cidade dos surdos" deverá ter também moradores sem deficiência auditiva, sobretudo parentes de surdos.




Agradeço à Maria Cristina por ter me enviado esta notícia.


E você, o que pensa sobre isso?

IPA tem intérprete

Divulgando...

A Rede Metodista de Educação do Sul conta com intérpretes de língua de sinais (ILS) para acadêmicos surdos.
Divulguem!
http://www.metodistadosul.edu.br/vestibular/

9 de dez. de 2007

Extensão e Evento

Agradeço à Maria Cristina pelas informações de mais eventos e cursos na área!


Em Março - Capacitação para Instrutores de LIBRAS
Em Abril - LIBRAS Língua Brasileira de Sinais – Nível ILIBRAS Língua Brasileira de Sinais – Nível II-LIBRAS Língua Brasileira de Sinais – Nível III

Se você quer divulgar algum curso ou evento neste blog, escreva para: vanessadagostim@gmail.com.

Mais cursos na área

Olá Pessoal
Primeiramente quero agradecer a todas as visitas, recadinhos no Livro de visitas, no Box de recados e nos comentários! Está sendo muito legal escrever neste blog e poder divulgar e disseminar informações que possibilitem mais qualificação aos familiares e profissionais da área da surdez e assim uma melhor qualidade de vida a todos!!!!
Sigo, então, divulgando mais dois cursos na área, desta vez em Santa Catarina!


Maiores informações: www.unesc.rct-sc.br

4 de dez. de 2007

Idéias para ensino de Língua Portuguesa para Surdos




Em 2006, o MEC lançou "Idéias para o ensino de Língua Portuguesa para Surdos", com o objetivo de fornecer idéias teóricas e práticas sobre essa disciplina, trazendo várias experiências de outros educadores e escolas com alunos surdos.
Disponibilizo aqui para quem tem interesse pelo assunto.

Baixar aqui

Passeata de surdos em São Paulo

Informação do portal G1

Deficientes auditivos protestam contra política de inclusão do MEC

Federação dos Surdos diz que governo pretende fechar escolas especiais.
Ministério da Educação afirma que a inclusão deve ser feita na escola comum.
Simone Harnik Do G1, em São Paulo
Deficientes auditivos e intérpretes protestaram na tarde desta quinta-feira (29) contra a Política Nacional de Educação Especial, do Ministério da Educação (MEC). Cerca de 700 pessoas, segundo a PM, e de mil, segundo os organizadores, ocuparam uma faixa da Avenida Paulista, saindo do Museu de Arte de São Paulo (Masp), em direção ao Paraíso.

Saiba mais

De acordo com Neivaldo Augusto Zovico, diretor regional da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis), o Governo federal pretende fechar escolas especiais e incluir os deficientes auditivos em escolas comuns, o que seria prejudicial para o aprendizado. “A escola não vai respeitar a necessidade do surdo. É necessário uma escola com língua de sinais [Língua Brasileira de Sinais (Libras)].”

Em junho, o MEC publicou uma portaria que modifica o enfoque da educação especial. Ela afirma que a educação especial não pode substituir a educação regular e institui um grupo de trabalho para “rever e sistematizar a Política Nacional de Educação Especial”. Nesse grupo, segundo os manifestantes, não foi incluído nenhum surdo.

Para Zovico, que é deficiente auditivo, a inclusão na escola comum só poderia ocorrer a partir da 8ª série, quando o estudante já domina Libras. “As crianças, na escola comum, serão prejudicadas, porque não vão conseguir entender o que o professor fala. E vai ocorrer evasão dos estudantes que não entendem”, afirmou.

Joel Barbosa Júnior foi quem interpretou o protesto de Zovico. “O número de surdos nas faculdades tem aumentado. Se o jovem for incluído na escola comum, não vai ter desenvolvimento para chegar à universidade”, disse.

Para o governo
No MEC, quem trata das políticas de inclusão é a Secretaria de Educação Especial. A assessora técnica Marlene Gotti afirmou que, pela inclusão, se pretende garantir o direito de estudar em qualquer espaço e não apenas depender de escolas especiais em determinada localidade. “Ainda não há intérpretes em todas as escolas. Mas a Lei de Libras é de 2002. Estamos formando professores surdos para isso”, disse.

Segundo Marlene, o protesto contra a política atual ocorre porque os deficientes auditivos que estudaram em escolas comuns enfrentaram problemas no passado. “Eles estão brigando contra o passado que tiveram. Estamos lutando pelo futuro da inclusão. Os manifestantes não estão vendo o lado da administração pública geral.”

Ela explica ainda que, no passado, a educação de pessoas com deficiência era feita em locais separados e que os estudantes, geralmente, não apresentavam progresso acadêmico. Além disso, enfatiza que, para estudar em escolas especiais, muitos jovens têm de viajar distâncias grandes para chegar à instituição – o que seria resolvido se todas as escolas passassem a incluir esses alunos.

“A política proposta diz apenas que não se deve criar mais escolas especiais. Mas não falou em fechar as que existem. Essas escolas, poderiam se tornar centros de atendimento educacional especializado”, diz.

Fotos da passeata você pode encontrar no link: Moacyr Andrade - Sistemas de Informa�o: Passeata

Ótima semana para vocês!!!